O desporto é um espetáculo e nos Estados Unidos isso é levado a outro patamar. Os americanos orgulham-se em tornar grandes eventos, maiores. Veja-se a NFL, onde todos os jogos são tratados como se de uma final da Liga dos Campeões se tratasse.
Tive a oportunidade de assistir ao jogo entre Cincinnati Bengals e LA Rams, que se realizou no passado domingo no Estádio de Wembley, e fiquei verdadeiramente perplexo com a dimensão que um simples jogo da fase regular toma.
Aquando da apresentação, os jogadores entram dentro de campo vindos de um túnel. Fumo e fogo não faltam e assim se percebe: esta é a equipa da casa. 50 pessoas correm através de um corredor formado pelas cheerleaders motivando-se a si próprios e, acima de tudo, aos adeptos.
Antes do apito inicial, as duas equipas alinham nas margens do campo e uma bandeira dos Estados Unidos é levantada enquanto o hino é cantado por uma membro das forças armadas americanas. Como a partida se realiza em Inglaterra o mesmo é feito com a bandeira do Reino Unido enquanto o “God Save the Queen” ecoa pelo estádio ao ser cantado ao vivo.
Depois é hora da partida começar. O árbitro principal chama os capitães de ambas as equipas ao centro do terreno para a moeda ao ar que irá determinar bola ou campo. Sempre de microfone ligado, a conversa entre jogadores e árbitro é reproduzida nos dois ecrãs gigantes existentes de modo a que cada um dos quase 90.000 adeptos presentes possa ver e ouvir o que se passa.
O árbitro apita, o jogo começa, e aí o verdadeiro espetáculo tem início. Enquanto que no relvado ambas as equipas lutam pela vitória, fora dele existe uma luta contra a monotonia.
ICYMI – All the first half touchdowns at @wembleystadium!
📹Sideline view!
🏈: @Bengals 10 – 24 @RamsNFL 🇬🇧
📺📲: @SkySports / NFL GamePass / BBC Two#NFLUK pic.twitter.com/wikxCrezK1— NFL UK (@NFLUK) October 27, 2019
Pausa no jogo? Ouve-se de imediato o speaker a pedir que o público faça barulho, acompanhado por um vídeo que passa nos ecrãs com as palavras “TURN UP” escritas. Terceiro down na defesa? Lá vem de novo o speaker pedir palmas e assobios enquanto as cheerleaders abanam as mãos para motivar os adeptos.
Isto acontece durante três horas seguidas. Sem falhas ou percalços, cada momento em que a bola não está em jogo, a animação de uma forma ou outra está garantida.
Na NFL, tudo é feito de forma a que o espetador esteja entretido e imerso na ação. Cada decisão do árbitro é explicada ao microfone de forma a que todo o estádio ouça e, ao contrário do que se vê no futebol, as repetições dos lances capitais vão sendo passadas nos ecrãs de modo a que tudo seja visível e transparente.
O desporto torna-se mais do que a ação em si, transforma-se num espetáculo com música, fogo, fumo, passatempos, tudo para que o consumidor final esteja feliz. E assim, independentemente do resultado ou da exibição, o preço do bilhete vale sempre a pena.
Foto de Capa: Leonardo Costa Bordonhos/Bola na Rede
Artigo revisto por Diogo Teixeira