

O segredo mais bem guardado do Draft de 2026 da NFL pode estar na Nova Inglaterra. Joe Fagnano, Quarterback da Universidade de Connecticut, que ainda vai estando longe das primeiras escolhas das simulações, pode acabar por ser uma das melhores decisões que uma equipa fará na próxima primavera.
O líder do ataque dos Huskies passou, em 12 jogos, para 3441 jardas (68,9% de passes completos) e produziu 28 touchdowns com somente 1 intercepção, somando mais três idas à endzone pelo chão. Para exemplificar o quão impressionantes foram as suas prestações, veja-se este dado: na última década é um de apenas dois Quarterbacks a passar para mais de 250 jardas e três touchdowns sem qualquer intercepção em cinco jogos consecutivos. O outro é Joe Burrow.
O que mais impressiona olhando para o seu jogo é a sua precisão no passe, com uma excelente temporização acompanhada de muito boa colocação da bola, particularmente notável nos passes em profundidade. O único apontamento é que, por vezes, quando os seus Receivers estão bastante abertos é excessivamente cauteloso e acaba por colocar a bola um pouco atrás deles.
Nota-se ainda uma boa capacidade de lidar com o jogo situacional, gerindo cada momento da partida, respondendo positivamente quando sob pressão e apresentando bons indicadores quando chega à redzone. Tem, contudo, margem para melhorar no jogo rápido.
Outro ponto que chama bastante à atenção é a sua capacidade de proteger a bola. As estatísticas não mentem neste ponto, são muito poucas intercepções ao longo de toda a carreira. Ou seja, nos melhores e nos piores momentos da sua carreira universitária, esta foi a maior constante, Fagnano não dá a bola ao adversário.
Adicionalmente, também não se dá mal pelo chão. Apesar de estar longe de ser uma ameaça dupla e de lhe faltar velocidade de ponta na corrida, demonstra boa mobilidade e capacidade de evadir os adversários.
Porém, há dois fatores que colocam mais dúvidas sobre a sua capacidade de reproduzir este sucesso nos profissionais, a sua idade e os adversários enfrentados.
Com sete anos de elegibilidade, Joe Fagnano termina o seu percurso universitário com uma idade bem mais avançada que a maioria das outras opções disponíveis para as equipas escolherem. E, esta última época foi de longe a sua melhor, o que poderá ser justificado pela sua maior maturidade face aos adversários. Por outro lado, alguns jogadores simplesmente demoram mais tempo a encontrar-se, mas depois já não se voltam a perder, pelo que este não é necessariamente um fator desqualificador na avaliação do jogador.
Adicionalmente, a UConn não tem um calendário no qual se depare com as melhores equipas do futebol universitário, ou seja, os adversários até aqui encontrados por Fagnano estão num nível demasiado abaixo do que encontrará na NFL. E, realmente, o seu pior jogo desta temporada foi contra Syracuse, uma das equipas mais capazes que enfrentou. Esta é, de longe, a maior razão para ter dúvidas sobre Fagnano e que baixa significativamente o seu capital.
Tudo isto se conjuga para que haja algumas dúvidas sobre qual o seu lugar no draft, parecendo realista quer que acabe selecionado no segundo dia como no terceiro ou até que acabe sem ser escolhido. Ora, compreendendo alguma imprevisibilidade na sua transição para a Liga, Fagnano terá condições para ser, pelo menos, um suplente capaz. Mas, há potencial para poder conquistar a titularidade. Por isso, acredito que o seu valor é o de uma terceira ou quarta ronda. Por fim, vê-se no seu jogo muito do que Jordan Love faz aos domingos, o que faz do líder do ataque dos Packers a sua comparação entre os profissionais.

