

É época festiva de Natal e Ano Novo, sabe bem sentar no sofá, aquecer o corpo com umas mantas e a mente com alguma arte. E, claro, se isso incluir dar aso à nossa paixão por desporto, ainda melhor. Ora, como no Bola na Rede não queremos que te falte nada, trazemos-te este espaço com sugestões para te entreteres nesta época festiva. Seja a ver um filme ou a ler um livro, marca presença o desporto para dar outro gosto à quadra.
The Pride of the Yankees (1942)
Este filme transforma Lou Gehrig no arquétipo do atleta digno, trabalhador e silenciosamente heroico. É um retrato profundamente humanista, onde o desporto serve sobretudo para falar de caráter, humildade e aceitação da fragilidade humana. A famosa despedida de Gehrig não é apenas um momento histórico, mas um dos discursos mais comoventes do cinema desportivo. Pode soar clássico demais hoje, mas a sua força emocional continua intacta.
The Babe (1992)
Aqui, Babe Ruth surge menos como herói imaculado e mais como fenómeno humano contraditório: genial em campo, caótico fora dele. O filme aborda precisamente por mostrar o peso da fama precoce, dos excessos e da dificuldade em crescer longe do mito. Não é uma obra-prima cinematográfica, mas é eficaz na tentativa de separar o jogador do ícone. No fim, fica a ideia de que o talento bruto não imuniza ninguém contra a autodestruição.
The Armstrong Lie (2013)
Este documentário é fascinante porque começa como uma celebração do regresso em grande de Lance Armstrong após ultrapassar uma doença oncológica, e acaba como uma autópsia moral de uma das maiores farsas do desporto. Mais do que dopagem, expõe um sistema de mentira sustentado por poder, intimidação e culto da vitória a qualquer custo. Armstrong surge menos como vítima e mais como arquiteto ativo do engano. O filme deixa uma sensação desconfortável: não de queda de um herói, mas da revelação de que talvez o herói nunca tenha existido. Essencial para quem se interessa pela ética no desporto
Beyond: An African Surf Documentary (2017)
Do ponto de vista cinematográfico, este documentário tinha por onde melhorar, com uma melhor narrativa, um melhor enquadramento das entrevistas e até um maior sentido de urgência no tema. Mas, apesar de tudo isso, vale pela sua singularidade. Um tema tão pouco explorado e uma comunidade tão isolada de representação encontram aqui uma forma de se fazerem ouvir pelo mundo inteiro. Para mais, o pendor de tranquilidade do filme torna-o uma boa companhia para um serão mais calmo.
Chad Powers (2025)
Um dos atores do momento, Glen Powell, veste a pele de um Quarterback universitário caído em desgraça que inventa uma nova personagem para si mesmo de forma a procurar uma última oportunidade de sucesso.
Não é uma obra de ficção ímpar, mas esta série de comédia (já renovada para uma segunda temporada) entretém bastante, juntando em boa medida as particularidades e paixões do futebol universitário com as relações humanas daqueles que compõem uma equipa desportiva.
Land of Second Chances (2014)
No ano que agora finda, os Campeonatos do Mundo de Ciclismo de estrada disputaram-se pela primeira vez em África. É mais um passo importante no desenvolvimento do desporto das duas rodas no continente e um forte marco a suceder ao triunfo de Biniam Girmay na camisola verde no Tour em 2024.
Porém, o caminho não tem sido fácil. O livro que aqui se recomenda, da autoria de Tim Lewis, retrata bem os altos e baixos de quem tenta criar uma tradição desportiva quase do zero. Com uma escrita cativante, conta a história de como o país que hoje é uma referência do Ciclismo no continente passou da irrelevância à estreia olímpica representado por Adrien Niyonshuti.
Heart and Soul (2007)
Trevor Brennan teve uma carreira intensa no rugby, que terminou com uma interdição para a vida (mais tarde reduzida após recurso). Dos conflitos, das mudanças e das injustiças de um jogador temperamental com o qual se podia sempre contar dentro de campo, mesmo que o mesmo não se aplicasse fora dele, sai uma história impressionante de um homem que aproveitou a sua oportunidade no desporto que ama e viveu a vida ao máximo.
Com Gerry Thornley, Brennan descreve e reflete sobre os seus anos de competição de uma forma imperdível.
Coach Carter (2005)
Um clássico que nunca passa de moda. Um treinador fora do comum que se tornou conhecido pela sua forma de liderar, onde o sucesso ia para além do jogo. O treinador Carter apoiou jovens jogadores do ensino secundário a tornarem-se bons alunos.
Cada aluno que participasse assinou um contrato com regras rígidas, mas que mudariam o rumo
da vida de cada um. O filme é baseado numa história verídica de luta e superação, onde o
basquetebol e o treinador tornam-se nas ferramentas mais importantes para estes jovens.
Borg Vs. McEnroe (2017)
Björn Borg e John McEnroe tornaram-se os tenistas com uma das rivalidades mais lendárias conhecidas. A vontade de vencer de ambos fez com que em 1980, Wimbledon fosse o palco de uma final intensa.
Mais do que a rivalidade, esta história ultrapassa o ténis e mergulha na preparação de ambos os atletas. A pressão, personalidades diferentes e a luta contra os seus próprios pensamentos dominam. Um duelo dentro e fora de Wimbledon e que envolve a defesa do título de Björn Borg.
Ford Vs. Ferrari (2019)
Com indicações aos Óscares e uma corrida de automóveis em volta de um sonho, este filme volta a 1966 para as 24 horas de Le Mans, no ano em que a Ford desafiou todos, inclusive a si, ao construírem um carro capaz o suficiente de desafiar a poderosa Ferrari.
O designer Carroll Shelby e o piloto Ken Miles unem-se para uma jornada de luta, ambição e perseverança que se sobrepõem à pressão e ao medo. Mais do que uma competição, é uma história verídica sobre lutar pelos objetivos e não desistir deles.
Artigo redigido por José Baptista, Mariana Araújo Ferreira e Pedro Filipe Silva

