Mundial de Snooker 2021 | Capítulo 4: As meias-finais

A PRIMEIRA MEIA-FINAL

Stuart Bingham (15-17) Mark Selby: Bingham soube nadar com o Tubarão, mas não o conseguiu matar

Mas. Que. Batalha. Neste embate, houve de tudo um pouco: jogos de domínio de uma das partes, jogos plenos de equilíbrio decididos na bola preta, bolas longas pejadas de técnica, bolas curtas recheadas de sorte, bolas embolsadas em jogadas de combinação de múltiplas vermelhas, reagrupamentos (sim, plural) das bolas vermelhas, reações para a história, centenárias do mesmo valor, do mesmo jogador e em sequência e… uma quinta sessão, que veio a ser de um frame apenas.

Num encontro que teve tanto de arrastado e moroso, pelas várias batalhas táticas travadas, como de absolutamente espetacular e entusiasmante, Mark Selby foi mais forte que o “Ball-run” e segue para a final depois de eliminar Kurt Maflin, Mark Allen, Mark Williams e Stuart Bingham. “The Shark” passou, assim, por um campeão e por um tricampeão mundial.

Mark Selby havia concedido apenas onze frames nas três rondas anteriores, mas viu Bingham “roubar-lhe” 15 jogos. O “Jester from Leicester”, que começou o torneio no quarto lugar do ranking mundial, mas que já garantiu a subida ao segundo posto, terá capacidade para levantar o tão desejado troféu pela quarta vez na sua ilustre carreira?

Primeira Sessão

Stuart Bingham partiu na frente da contenda, amealhando o primeiro jogo por 71-7, fazendo inclusive uma entrada de 60 pontos. Segundo e terceiro frames completamente diferentes: bastante divididos, com Selby a levar a melhor por 58-56 e por 67-36. A vitória no quarto frame por 77-4 deixou o “Shark” confortável no marcador e na partida.

Bingham viria a responder no reatar da sessão, com três jogos vitoriosos em sequência (faz uma entrada de 92 pontos no quinto frame). Selby somou apenas sete pontos nestes três jogos, mas acabou por fazer pender para o seu lado o oitavo e último frame da sessão, por 73-42. Nota dominante na primeira sessão: o equilíbrio. Foi com um empate a oito que abandonámos a primeira de quatro (aliás, cinco) partes do encontro.

Segunda Sessão

A segunda sessão começou como havia terminado a primeira. Bingham embolsou uma vermelha, mas não foi capaz de dar sequência. Mark Selby acabou por fazer 52 pontos numa entrada apenas, que se revelaram insuficientes, após o break de 62 de Stuart Bingham. Estava de novo na frente o campeão mundial de 2015.

Respondeu como o campeão que é Mark Selby, com 84 pontos em mais de uma entrada; respondeu como o campeão que também é Stuart Bingham, com 83 pontos numa entrada só. O “Ball-run” de novo na dianteira, por pouco tempo. O “Shark” conquistou três frames consecutivos – com o intervalo da sessão pelo meio –, vencendo os dois últimos com entradas de 134 em ambos.

O que fez Bingham? Um break de 127 (para um total de 135 pontos) no frame imediatamente a seguir. Todavia, as saudades daqueles jogos “apertadinhos” apertavam e o último da sessão trouxe nova batalha dura, que Mark voltou a vencer, desta feita por 68-51. Sessão dois encerrada com um 9-7 favorável ao “Jester from Leicester”.

Terceira Sessão

A terceira sessão desvendou-nos um Bingham de qualidade inegável. Entradas de 131 e 96 – esta numa tentativa de tacada máxima, travada pela que seria a 13ª bola vermelha embolsada – deram-lhe o empate a nove. 19º frame… Histórico, emblemático, memorável. Com uma hora de frame, Selby liderava por três pontos, após uma entrada de 52 pontos (52-49). Bingham, na mesa, tinha uma bola rosa para o canto da amarela de relativo grau de dificuldade, mas de todo embolsável.

Bingham embolsou-a… no canto da bola verde. A rosa dobrou os cantos do bolso esquerdo superior da mesa e, num percurso em que beijou mais três tabelas, dirigiu-se para o buraco superior direito. Bingham fazia 55 pontos, mas perdia a colocação para a decisiva bola preta. Escolheu defender e, mérito lhe seja atribuído, venceu o duelo com uma bola preta fantástica, embolsada… no canto superior esquerdo. Foram 63 minutos de frame, marca recorde no atual Campeonato do Mundo.

Stuart vencia assim o terceiro jogo consecutivo, venceria na ressaca o quarto frame da primeira parte da sessão e, no regresso após intervalo, venceria o quinto jogo em sequência e chegava ao 12-9. Selby conseguiu evitar a dilatação do resultado, vencendo os frames 22 e 23, com entradas de 62 e 51.

O último jogo da sessão decidiria se abraçaríamos a derradeira sessão com uma igualdade a doze ou com um 13-11 a favor de Bingham. Este último, com um break de 63 e um total de 74 pontos, superou Selby, que somente chegou aos 22 pontos. O homem que ao longo do torneio foi magnetizando favoritismo via-se em desvantagem ao cabo de três sessões.

Quarta Sessão

A fortuna que havia assistido Bingham no 19º frame retornou ao Teatro dos Sonhos para auxiliar Mark Selby no 26º. O jogo de abertura da quarta sessão (25º frame) havia visto Selby levar a melhor por 69-41 e reduzir para 13-12. Seguiu-se, então, o jogo 26, que viu o “Ball-run” permitir que o “Shark” tentasse uma bola vermelha longa para abrir as hostilidades. Selby fez pontaria ao buraco inferior direito, a bola, mais uma vez, dobrou os cantos, foi beijar outras duas tabelas e precipitou-se… para o buraco correto (ainda tocando ambos os lados da abertura do bolso).

A colocação da bola branca, contudo, não foi a desejada e a entrada do “Jester” ficou por aí. Selby haveria de retornar para, com uma tacada de 125 pontos, selar o empate a 13. Do outro lado, já percebemos, estava um verdadeiro campeão, que respondeu com uma entrada de 100 pontos, recuperando a dianteira do marcador.

Mark restabeleceria o empate, seguindo-se o intervalo. No regresso, os dois gladiadores travaram mais uma batalha fantástica, que o tricampeão mundial levou de vencida – de novo, um dos fatores que fez pender a contenda a favor de Selby. 76 pontos chegaram para bater a tacada de 51 de Bingham e para colocar Mark a vencer por 15-14. O “Shark” faria o 16-14 com um break de 132 pontos.

Jogar-se-ia o 31º frame, mas não se jogariam mais. A tarde já ia longa e Murphy e Wilson tinham encontro marcado às 19 horas. Selby estava a um jogo da final e teve-a na ponta do taco ali e então: fez 44 pontos. Cometeu um erro; Stuart aproveitou – fez 85 pontos de uma assentada e obrigou a uma mini-sessão após o término da outra meia-final.

Quarta sessão e meia

16-15. Haviam sido disputados 31 dos 33 frames possíveis. Selby precisava de vencer um para atingir a final, Bingham para forçar a “negra”. A tensão era palpável e os erros visíveis. O mais grosseiro foi de Stuart Bingham, quando este levava 54 pontos de entrada e 59 de total. Mark Selby alcançaria os 81, que seriam suficientes para confirmar o 17-15 que tantas alegrias lhe deu no passado.

Márcio Francisco Paiva
Márcio Francisco Paivahttp://www.bolanarede.pt
O desporto bem praticado fascina-o, o jornalismo bem feito extasia-o. É apaixonado (ou doente, se quiserem, é quase igual – um apaixonado apenas comete mais loucuras) pelo SL Benfica e por tudo o que envolve o clube: modalidades, futebol de formação, futebol sénior. Por ser fascinado por desporto bem praticado, segue com especial atenção a NBA, a Premier League, os majors de Snooker, os Grand Slams de ténis, o campeonato espanhol de futsal e diversas competições europeias e mundiais de futebol e futsal. Quando está aborrecido, vê qualquer desporto. Quando está mesmo, mesmo aborrecido, pratica desporto. Sozinho. E perde.

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