A Next Gen tem três grandes problemas: Roger Federer, Rafael Nadal e Novak Djokovic

    A NEXT GEN E OS GRAND SLAMS NÃO COMBINAM

    Roger Federer conquistou o seu primeiro título do Grand Slam com 22 anos (Wimbledon, em 2003); Rafael Nadal com 19 (Rolland Garros, em 2005) e Novak Djokovic com 20 (Australian Open, em 2008). Até ao momento, e no que diz respeito às figuras de maior destaque da Next Gen, nenhum deles conseguiu conquistar nenhum major. O mais novo é Tsitsipas com 21 anos, mas Zverev e Medvedev já têm 22 e 23, respetivamente. Temos ainda Felix Auger-Aliassim. O canadiano tem apenas 19 anos e é já número 21 do ranking. Será que se irá conseguir impor em torneios do Grand Slam mais cedo do que todos os outros?

    Por esta altura, o leitor já terá percebido que tenho um certo gosto por números. Vamos então voltar a servir-nos deles para retirar mais algumas conclusões.

    Se excluirmos os quatro majors e o ATP Finals, o calendário de 2019 conta com um total de 61 torneios (39 ATP 250, 13 ATP 500 e 9 ATP Masters 1000). Até ao momento, já se realizaram 48. 14 foi o número de vezes em que o vencedor desses mesmos torneios foi algum dos jogadores que referi no início do artigo. A percentagem de sucesso é até ao momento de 29,1%. Um grau de sucesso relativamente elevado.

    Alex de Minaur (ATP 250 de Sydney e Atlanta), Daniil Medvedev (ATP 250 de Sofia e ATP Masters 1000 de Cincinnati), Stefanos Tsitsipas (ATP 250 de Marselha e do Estoril), Cristian Garin (ATP 250 de Houston e de Munique) e Matteo Berrettini (ATP 250 de Budapeste e de Estugarda) levantaram o trofeu por duas vezes. Reilly Opelka (ATP 250 de Nova Iorque); Alexander Zverev (ATP 250 de Genebra); Taylor Fritz (ATP 250 de Eastbourne) e Hubert Hurkacz (ATP 250 Winston-Salem) saborearam o sabor da vitória por uma vez.

    Podemos também constatar que apenas uma dessas conquistas não se deu em torneios da categoria ATP 250. A exceção é Daniil Medvedev quando recentemente conquistou o Masters 1000 de Cincinnati.

    E é precisamente esta estatística que me parece essencial e que me permite retirar a principal conclusão de todo este artigo. Como sabemos, os jogadores de topo mundial jogam muito poucos torneios da categoria ATP 250 ou até mesmo ATP 500. Na presente temporada, Rafael Nadal e Roger Federer não jogaram qualquer torneio ATP 250. Novak Djokovic jogou apenas um e foi logo o primeiro torneio da temporada.

    Desta forma, é natural que os jogadores mais jovens vão ganhando experiência e acumulem títulos nos torneios de menor importância. As boas posições que ocupam no ranking refletem isso mesmo. A ausência dos BIG 3 nesses torneios assim o permite. No entanto, chegada à hora das competições mais importantes (entenda-se Masters 1000 e Grand Slams) e a conversa é outra.

    A presença da Daniil Medvedev e Matteo Berrettini nas meias-finais do US Open 2019 é exceção que confirma a regra
    Fonte: ATP Tour

    A OPINIÃO DOS ESPECIALISTAS

    Fui tentar perceber qual a opinião de alguns especialistas relativamente a esta matéria. Frederico Gil, provavelmente o melhor jogador de todos os tempos do ténis português logo a seguir a João Sousa, é da opinião que a experiência faz a diferença nos momentos decisivos: “muitas vezes o facto de os Big3 já terem estado inúmeras vezes naquele tipo de momentos é decisivo quando se confrontam com os mais jovens”. Por outro lado, José Morgado, jornalista do jornal Record e comentador de ténis do canal Sporttv, aponta que “a razão principal é, essencialmente, a qualidade dos três jogadores (Federer, Nadal e Djokovic) que têm dominado o ténis. Não haverá igual a eles e vamos perceber isso quando eles se retirarem”. Gaspar Ribeiro Lança, fundador do Raquetc, considera que o insucesso é relativo visto que alguns destes jogadores já alcançaram resultados bastante interessantes em torneios importantes.

    No entanto, é também da opinião que muito desse tal insucesso tem “responsabilidade dos bi3, que continuam a deixar pouco ou nenhum espaço aos restantes e a quebrar barreiras que há uns anos nos pareciam impossíveis. Mas a calendarização também me parece ser um fator extremamente importante, porque olhamos para as grandes caras da Next Gen e vemos que jogam quase semana sim, semana sim. Mesmo ganhando, isso desgasta — e muito, sobretudo tendo em conta que depois precisam de estar preparados para sete encontros à melhor de cinco sets”. Miguel Dias, jornalista do Observador, afirma que a gestão de calendário que jogadores como Federer, Nadal ou Djokovic fazem ajuda a explicar o maior sucesso em momentos importantes. Miguel Dias afirma que parece existir “ainda algum respeitinho” quando estes jovens jogadores defrontam um dos membros dos Big3.

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    Do ciclismo ao futebol, passando pelo futsal ou o andebol, quase todos os desportos apaixonam o Duarte. Mas a sua especialidade é o ténis, modalidade que praticou durante 9 anos.                                                                                                                                                 O Duarte escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.