Na Rod Laver Arena, viveram-se quase todas as emoções típicas das grandes ocasiões: euforia, tristeza, fúria, resignação. Num grande encontro de ténis, defrontaram-se, no court, um tenista a fazer a partida da sua vida e um amorfo ex-número 1 mundial. Após 4h48m de jogo, o primeiro acabou por sair vencedor, pelos parciais de 7-6(8), 5-7, 2-6, 7-6(5) e 6-4.
O encontro foi marcado, acima de tudo, pelo equilíbrio, em quase todos os momentos. Logo no (longuíssimo!) primeiro set, com 1h25m de duração, Istomin adiantou-se frente a Djokovic; apesar do já referido equilíbrio, o tenista uzbeque destacou-se pela sua maturidade tática, conseguindo contrariar, em muitas ocasiões, o jogo do sérvio. O segundo set não foi muito diferente, mas desta vez com Djokovic a fazer prevalecer os seus superiores recursos técnicos.

Após um terceiro set em que Nole parecia lançar-se em definitivo para a expectável vitória, Istomin reergueu-se e, no quarto parcial, chegou a estar a vencer por 4-1. Apesar de ter acabado por perder a vantagem, o uzbeque conseguiu vencer o set no tie-break. Na quinta e última partida, Djokovic continuou a apresentar-se mais errático do que é habitual (acumulou um total de 72 erros não forçados e 9 duplas faltas ao longo do encontro!) e Istomin, que nos cinco encontros anteriores nunca havia vencido mais do que um set ao tenista sérvio, acabou por carimbar a sua passagem para a 3ª ronda do Australian Open.
Com esta vitória, Denis Istomin, tenista que recebeu um wild-card para estar presente no Australian Open, foi o protagonista da maior derrota de sempre de Novak Djokovic em torneios do Grand Slam, e logo num torneio no qual o sérvio, desde 2011, apenas havia sido derrotado numa ocasião, por Stan Wawrinka. Na próxima ronda, o tenista uzbeque irá enfrentar o espanhol Pablo Carreño Busta, atual número 31 do ranking ATP.
Para Novak Djokovic, esta derrota, provavelmente a mais surpreendente da sua carreira, simboliza a prorrogação de um período de resultados mais negativos para o sérvio que, após a recente conquista do torneio de Doha, frente a Andy Murray, parecia já ter terminado. Por outro lado, este parece tratar-se do melhor presente que o tenista escocês poderia ter recebido rumo à (agora mais) provável conquista do quarto torneio do Grand Slam da sua carreira.
Foto de capa: Australian Open
Artigo revisto por: Francisca Carvalho