Uma aguardada renovação no ténis gaulês

    QUINZE DIAS DE FRUSTRAÇÃO

    Sempre que se aproxima o segundo Grand Slam da temporada, com a nata do ténis a rumar à cidade luz para aí disputar o maior torneio do mundo sob terra batida, surge a ambição de almejar repetir o que Yannick Noah, logrou alcançar já há mais de duas décadas. Este ano não fugia à regra, e mesmo sem grandes resultados registados essa “chama” voltava a reacender-se. Gael Monfils (16.º) era a grande hipótese, ainda que bastante remota de alcançar o tão badalado sucesso! Já olhando para o quadro feminino, realisticamente, não se via ninguém capaz sequer de atingir a segunda semana do evento.

    Essas previsões seriam mesmo cumpridas, visto que as melhores representantes do país organizador soçobrariam prematuramente, deixando um enorme amargo de boca a todos, ainda que poucos, espectadores aos quais era permitido assistir “in loco” à competição.

    Em contraste com os tempos em que nomes como Marion Bartoli, antiga campeã na relva de Wimbledon ou a talentosíssima Amélie Mauresmo que marcavam constantemente presença nas fases adiantadas das provas mais prestigiadas ocupando postos cimeiros na tabela WTA, são agora apenas três as jogadoras do país que figuram nas 100 primeiras a nível mundial, Kristina Mladenovic, Caroline Garcia e Alizé Cornet.

    A primeira já apresentou melhor nível de jogo do que aquele que rubrica atualmente, tendo assinado já uma meia final no pó de tijolo parisiense, sagrando-se igualmente vencedora de títulos de Grand Slam na variante de pares.

    Já Garcia, que mudar-se-á agora, ainda que não totalmente, para a base de treinos de Rafael Nadal em Maiorca, está numa fase claramente decadente, com essa “quebra” a fazê-la resvalar para fora do Top 70 mundial.

    A última parece bem longe do que prometera há alguns anos, quando conseguiu chegar aos quartos de final na catedral parisiense. Diga-se ainda, que a mais bem cotada, apesar de bastante aquém do que já apresentou no passado, é Kiki Mladenovic, antiga cara metade do austríaco Dominic Thiem, relegada para o posto 59 da tabela na sua mais recente atualização.

    Merecedor de destaque, a fraquíssima prestação das atletas locais na vertente de pares, um território no qual se esperava que fossem bem mais efetivas, visto atuarem entre muros. Contudo, essa representação terminaria na antepenúltima etapa.

    Quanto à maior esperança de França em conseguir um bom torneio, cairia logo na segunda ronda perante o sueco Mikael Ymer, fora do Top 90 mundial. No duelo “Le Monf” acabaria por ceder em quatro partidas, ficando latente não só a forma precária pela qual passa bem como o peso da sua idade, já mais de 30 anos, que em conjunto com a falta de competição este ano durante a temporada realizada neste piso foram fatores que conduziram à sua prematura saída de cena.

    Nomes como Ugo Humbert, colocado na base do Top 30, Corentin Moutet, que no Clube de ténis do Estoril “tombou” Dénis Shapovalov ou Richard Gasquet, que não ofereceu grande resistência ao espanhol Rafael Nadal na segunda eliminatória, estiveram a anos-luz do que podem e sabem fazer!

    Esta será decerto matéria a ser trabalhada e merecedora de uma reflexão bastante profunda por parte do recém eleito presidente da Federação de Ténis Francesa, Gilles Morretton, ex praticante, que sucede no cargo ao tecnocrata Bernard Giudicelli, o senhor que terminou com o formato inicial da Taça Davis.

    A única variante que se salvou deste naufrágio que foi a participação francesa, no que à competição de elites diz respeito, foram mesmo os pares masculino, em que a dupla formada por Nicolas Mahut e Pierre-Hugues Herbert chegou ao encontro de atribuição do título da variante, saindo derrotada ao cabo de três sets pelos cazaques Alexander Bublik e Andrey Golubev.

    Destaque-se que Mahut ficou célebre do grande público por ter participado no duelo mais longo de sempre da história da modalidade diante do norte-americano John Isner, que se arrastou por três dias e que só terminou com um 70-68 na quinta partida favorável ao americano sob a relva de Wimbledon.

    Já a competição de juniores apresentou um perfil bem distinto para a nação caseira: nas raparigas, quatro intervenientes pisaram os quartos de final, com uma delas a progredir cedendo na fase seguinte. Olhando a prestação dos seus compatriotas, o título sorriu à casa, com três elementos da nova geração do país a marcarem presença nas meias finais, sendo que se vivenciou no court Filipe Chatrier, que, entretanto, e fruto do desconfinamento vivido na zona de Paris, pôde albergar cerca de 5.000 espectadores que vibraram com uma final totalmente francesa.

    A ver vamos se estes pergaminhos obtidos pelos juniores franceses refletem que pode estar na calha uma nova vaga de mosqueteiros/as capazes de render condignamente os ainda no ativo!

    Essas e outras questões padecem de uma confirmação a surgir, ou não, brevemente!

    Artigo revisto por Joana Mendes

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    Diogo Rodrigues
    Diogo Rodrigueshttp://www.bolanarede.pt
    O Diogo é licenciado em Ciências da Comunicação pela Universidade Lusófona do Porto. É desde cedo que descobre a sua vocação para opinar e relatar tudo o que se relaciona com o mundo do desporto. Foram muitas horas a ouvir as emissões desportivas na rádio e serões em família a comentar os últimos acontecimentos/eventos desportivos. Sonha poder um dia realizar comentário desportivo e ser uma lufada de ar fresco no jornalismo. Proatividade, curiosidade e espírito crítico são caraterísticas que o definem pessoal e profissionalmente.