Para a derrota de hoje pesaram, a meu ver, muitos fatores, tendo o João e a sua equipa técnica responsabilidade direta em alguns deles, mas não em todos. Começando pelo planeamento que foi feito em torno do major inglês, a equipa técnica do português decidiu que este deveria disputar dois torneios nas três semanas que separaram Roland Garros de Wimbledon. A maioria dos jogadores opta por se manter por perto, disputando os torneios que se disputam sob relva em solo alemão, holandês ou britânico.
O atleta natural de Guimarães optou por jogar o ATP500 de Halle, Alemanha, tendo sido derrotado pelo homem da casa Philipp Kohlschreiber e depois disso tomou a arriscada (e a meu ver errada) decisão de ir disputar um torneio que surgiu este ano no calendário ATP pela primeira vez e que se disputa a sensivelmente 3500 km do local onde jogou hoje, em Antália, Turquia, obrigando o português a percorrer mais de 6000 km numa semana e muitas mais horas de viagens do que aquelas que seriam exigidas caso João disputasse o torneio que se disputava em simultâneo em Eastbourne, Inglaterra a cerca 90km de Londres. Uma decisão difícil de compreender até porque o torneio turco era aquele que menor recompensa financeira oferecia aos atletas que o disputassem e o resultado foi uma derrota esclarecedora na ronda inaugural frente ao moldavo Radu Albot (Albot d. Sousa 7/6 (2); 6/2).

Regressado a Londres, João Sousa teve pela frente o “Rasta-man” do circuito, o jamaico-alemão Dustin Brown que é sempre recebido em grande alvoroço quando chega a época de relva – a sua superfície predileta – devido aos seus volleys em mergulho juntos à rede, drop shots e tantos outros “números” que Brown executa como ninguém, deixando o estádio a aplaudir de pé e a seu favor. Porém, tudo o que se passou hoje no encontro entre João Sousa e Dustin Brown foi um ténis desinspirado e falhão parte a parte. O português até entrou melhor, e, mantendo o break que fez quando Brown servia a 1-3, levou de vencida o primeiro set por por 6-3. O encontro poderia porventura ter sido decidido na segunda partida, que foi equilibrada e desembocou num tie-break que o português perdeu com uma direita falhada quando servia com 5-6. Nesse momento, com um set para cada lado, viu-se um Dustin Brown mais disponível em termos físicos, o que o levou a falhar menos e assim, ver o terceiro e quarto sets caírem para o seu lado ambos pelo parcial de 6-4.
Fica para a história mais uma participação no quadro principal de Wimbledon apesar de terminar cedo o que já era, infelizmente, previsível nesta edição da prova britânica. João fará agora uma pausa para regressar nos torneios que antecedem o US Open, o último Grand Slam da temporada.
Foto de Capa: Facebook Oficial de João Sousa
artigo revisto por: Ana Ferreira