Amarelo: ‘é só um aviso’

cab Volei

Quando ouvimos “amarelo” no desporto e usando, como exemplo, o futebol, é sim considerado um “aviso”, mas o destino do jogador já está neste momento muito mais instável, colocando-o numa “corda bamba” no papel das infrações: mais um amarelo significa também uma expulsão, que advém do cartão vermelho que é imediatamente mostrado.

Ora, no caso do voleibol, o cartão amarelo até hoje era considerado «penalização» – na medida em que significava a perca de um ponto para a equipa cujo cartão fora atribuído a determinado jogador e a consequente perca do direito a servir.

Na mais recente alteração das regras do voleibol internacional – as quais já estão em vigor na competição nacional, regional e local – o amarelo passou a funcionar como uma simples advertência ou, dito por forma mais simples, um “aviso”.

Nas regras antigas isto seria uma penalização. Agora é só uma advertência que não afeta o resultado do jogo. (Melhor do Volei - Brasil)
Nas regras antigas isto seria uma penalização. Agora é só uma advertência que não afeta o resultado do jogo.
Fonte: melhordovolei.com.br

Se imaginarmos uma hierarquia, no voleibol das regras antigas tínhamos amarelo, vermelho e os dois em simultâneo (mostrados sempre com a mesma mão): penalização, expulsão (saída da área de jogo durante apenas durante o set e permanência na área de penalização) e desqualificação (abandono total da área de jogo e para a sua total duração), respetivamente.

Ora, numa tentativa de controlar as sanções a cometer (espelhando o caso das maiores competições nacionais – 1ª Divisão – não é usual haver comportamentos grosseiros, ofensivos ou mesmo agressivos), em vez do habitual aviso verbal que se fazia, o cartão amarelo passa a ter esse valor. Temos neste caso um vermelho que passa a ser penalização e os dois cartões em simultâneo na mesma mão são a expulsão – basicamente é um lugar abaixo na hierarquia que referi. O caso da desqualificação – e como as novas regras não apresentam novos cartões – passa a ser também os dois cartões mas um em cada mão, mostrados simultaneamente, claro.

Sou árbitro. A minha visão bem direta desta alteração é a de que neste momento, e maioritariamente nos escalões de formação e em competições de cariz mais amador (onde é mais importante cumprir regras de sancionamento e fomentar a cultura do “fair play”), muito mais dificilmente haverá sanções de cariz de penalização (antigo amarelo). Os árbitros continuarão a fazer constantes advertências verbais sem ter noção de que, por vezes, quando “a conversa já é muita”, o cartão amarelo “avisa”, e não posso discordar disto – mas é um aviso já “sério” e que obriga o interveniente a tomar precauções para que da próxima não aconteça uma penalização (vermelho); e aqui a equipa toda será afetada.

De uma forma geral, estando no papel do jogador ou outro membro da equipa técnica, a mentalidade será: “bem, posso refilar porque o árbitro ainda há de me avisar uma vez ou outra vez, e só depois me mostra um ‘amarelinho que não conta para nada’, e depois… Aparece o vermelho!”.

A questão principal e que conclui a minha reflexão desta semana é que tanto a equipa de arbitragem como quem está em campo ou no banco tem de ter noção dos comportamentos que tem e das penalizações que advêm desses comportamentos – se estes não coincidirem com a conduta correta a ter segundo a regulamentação imposta.

A nova alteração impõe que o árbitro tenha de tomar um papel mais decisivo e momentâneo na aplicação de sanções, de forma a dar o devido ao valor ao cartão amarelo, que prevê um conjunto de sanções que nenhuma equipa deseja. É um aviso, mas nunca poderá ser o simples aviso que na regulamentação antiga se dava antes da penalização. Agora o amarelo significa para o árbitro: “não preciso de dizer mais nada – não se passa nada com este cartão, mas na realidade pode passar-se tudo se não te portares bem.”

Escala de Sanções - Novas Regras
Escala de Sanções – Novas Regras
Roberto Sousa Moura
Roberto Sousa Moura
O Roberto vem dos Açores, mas não está perdido pela capital e gosta do voleibol que se pratica no país inteiro. É treinador grau II, árbitro regional e pratica voleibol há uns anitos. A bola é sempre na rede, ou melhor: por cima da rede!                                                                                                                                                 O Roberto escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

Subscreve!

Artigos Populares

Pedro Gonçalves deixa mensagem a Nehuén Pérez após a grave lesão

Pedro Gonçalves foi um dos jogadores que deixou uma mensagem a Nehuén Pérez. Defesa do FC Porto sofreu uma grave lesão no Tendão de Aquiles.

Simone Inzaghi lamenta saída de internacional brasileiro do Al Hilal: «Estou triste porque teve um desempenho muito bom no Mundial de Clubes»

Renan Lodi decidiu rescindir com o Al Hilal, após não ter sido inscrito pelo clube na Liga Saudita. Simone Inzaghi comentou a saída do defesa.

Benjamin Mendy estava livre no mercado e tem acordo para prosseguir a carreira na Polónia

Benjamin Mendy vai prosseguir a carreira no Pogon Szczecin. Defesa esquerdo estava livre no mercado depois de terminar contrato com o Zurique.

Mikel Arteta: «Temos muita sorte porque os jogadores preferem o Arsenal a qualquer outro clube»

O técnico espanhol Mikel Arteta abordou a capacidade do Arsenal em contratar e atrair jogadores nos últimos anos.

PUB

Mais Artigos Populares

Chegou ao Manchester City no mercado de verão mas já quer ser emprestado

James Trafford pode sair do Manchester City em janeiro. Com a chegada de Gianluigi Donnarumma, o guarda-redes inglês procura mais minutos de jogo.

Bruno Fernandes descontente com decisão de Ruben Amorim para a nova temporada no Manchester United

Bruno Fernandes não gostou de ter sido recuado no terreno. Médio viu posicionamento alterado por decisão de Ruben Amorim, treinador do Manchester United.

Manchester United de Ruben Amorim recusou saída de ex-Sporting no verão… mas em 2026 pode acontecer

O Manchester United recusou uma saída de Manuel Ugarte por empréstimo no verão de 2025. Conjunto de Ruben Amorim reabre a porta a uma saída em 2026.