Académica OAF 2-2 CD Nacional: Ninguém saiu a sorrir

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    Académica e Nacional empataram a duas bolas, num encontro repleto de emoção e que manteve a equipa de Manuel Machado perigosamente perto dos lugares de descida, onde habita, agora sem a companhia do Boavista, o conjunto orientado por Filipe Gouveia.

    A Académica entrou por cima no jogo. Beneficiou do desentendimento do trio do meio-campo do Nacional (Aly Ghazal, Washington e Bonilha), sabendo explorá-lo com mestria, através de Leandro ou Pedro Nuno. O primeiro, através dos buracos que encontrava, aproveitava para lançar o jogo nos flancos, onde Ivanildo e Nii Plange conseguiram desequilibrar com a conivência da defesa nacionalista (Sequeira e João Aurélio estiveram particularmente permissivos); o segundo associava-se à construção ofensiva da equipa, recuando no terreno para aproveitar da melhor maneira o desentendimento entre Aly Ghazal e Washington (chegaram mesmo a discutir), do qual tirou o proveito de criar perigo e/ou lançar Gonçalo Paciência ou os parceiros das alas. Desta conjuntura saíram vários lances de perigo. O primeiro aviso surgiu de Leandro, que do meio da rua atirou para defesa apertada de Gottardi; a seguir foi Pedro Nuno, a fletir da esquerda para o meio para rematar às malhas laterais da baliza guardada pelo brasileiro; e ainda houve tempo, antes do quarto de hora inicial, para João Real corresponder a uma iniciativa de Rafa Soares com um cabeceamento que passou perto da trave da baliza contrária. Um sufoco para o Nacional, que, aos poucos, foi conseguindo travar este caudal ofensivo, acertando posicionamentos, chegando mesmo a criar perigo, ainda que apenas o conseguisse de bola parada – Salvador Agra cobrou uma falta por si conseguida ao segundo poste, onde apareceu Rui Correia a cabecear, em zona privilegiada, perto do poste da baliza dos estudantes. O jogo ganhou equilíbrio, perdeu alguma cor com a diluição de oportunidades de perigo e toda a gente esperava que a primeira parte terminasse encerrada, mas Pedro Nuno tirou da cartola um passe fantástico, directamente do lado esquerdo do meio-campo nacionalista para o flanco contrário, onde apareceu Nii Plange, em velocidade, recebendo a bola com qualidade, disparando, fortemente e sem piedade, para o fundo das redes de Gottardi. Estava inaugurado o marcador a favor dos estudantes. A bola ainda foi ao centro, mas pouco depois Luís Ferreira mandou toda a gente para o descanso. A Académica marcava, segundo dizem, na melhor altura possível…

    … o pior é que não sabia que, ao fazê-lo, acordaria o Nacional. Manuel Machado lançou Román em campo, e a equipa partiu para cima da Académica com vontade e querer. Salvador Agra lançou o mote, arrancou pelo flanco direito, ultrapassou Rafa Soares e cruzou tenso para o desvio involuntário de Oualembo, que só terminou nas redes da baliza da Briosa. Estavam decorridos 30 segundos da segunda parte. A Briosa acusou o golpe e revelou-se bastante permissiva, conforme ilustrado no lance em que viria a sofrer o segundo golo, da autoria de Román, que fez o que quis entre a defesa academista (tirou meia dúzia de adversários do caminho), antes de se isolar e atirar, com a colaboração de Ricardo Nascimento, para a consumação da reviravolta. Em apenas cinco minutos, mudava tudo. O Nacional podia ter ampliado, por intermédio de Ricardo Gomes, que rematou perto da barra da baliza de Trigueira, solto de marcação, ilustrando o desnorte dos estudantes. Gouveia teve de mexer na equipa e tirou Oualembo para fazer estrear Gui, fazendo recuar Nii Plange para a lateral direita defensiva, algo que trouxe dividendos, com o entendimento desta dupla a revelar-se frutífero, proporcionando uma situação de perigo a Gonçalo Paciência, que rematou perto da barra da baliza do Nacional. Porém, isso seria só fogo de vista, pois seria o Nacional a voltar a criar perigo, primeiro através de Willyan, que furou por entre a defesa da Briosa antes de falhar um chapéu a Trigueira, e depois por intermédio de Rodrigo Pinho, que se isolou, após boa combinação ofensiva do ataque madeirense, obrigando Trigueira a esticar-se para evitar males maiores. Gouveia arriscou tudo e tirou Pedro Nuno e Ivanildo para colocar Rafa Lopes e Marinho. Uma opção que também trouxe benefícios à Briosa, pois constitui uma injecção de crença quando a equipa mais precisava. Susteve-se o perigo madeirense, porém, isso não foi suficiente para criar situações de perigo, com a equipa a apresentar um futebol algo desprovido de lógica. Foi, assim, quase caído do céu que surgiu o golo do empate, apontado por João Real, que rematou para o fundo das redes após confusão na área nacionalista, beneficiando da maior presença na área, garantida com a entrada de Rafa Lopes. A Académica galvanizou-se, mas o facto de atacar mais com o coração do que com a cabeça quase trouxe dissabores aos estudantes, que viram uma bola rematada por Bonilha, após contra-ataque perigoso, passar miraculosamente ao lado da sua baliza.

    "Entramos demasiado relaxados no 2º tempo para a posição que ocupamos, uma das principais razões para 2 pontos perdidos
    Dois pontos perdidos “devido à maneira relaxada como a Académica entrou na segunda parte”

    Não houve tempo para mais. Ambas as equipas queriam sair do Cidade de Coimbra com os três pontos e a verdade é que fizeram por isso, proporcionando um bom espectáculo aos quase três mil espectadores, que não ficaram desiludidos com o dinheiro empregue no seu ingresso.

    A Figura:

    Nii Plange – O burquinês foi extremamente voluntarioso ao longo de todo o encontro, um autêntico “pau para toda a obra”, responsável pelos principais desequilíbrios da Académica quando a equipa estava na mó de cima, envolvendo-se na perfeição com Pedro Nuno e Rafa Soares, sendo um elemento igualmente importante na altura de defender, tanto na primeira parte, quando ainda actuara a extremo, como na segunda, terminada a lateral direito. Aos 90 minutos, ainda conseguia correr como se estivesse no primeiro, e foi pelo seu lado que surgiu o cruzamento para o golo que estabeleceu o resultado final.

    O Fora-de-jogo:

    Washington – Foi o responsável pela permissividade madeirense na primeira metade do encontro e que poderia ter tido piores contornos caso a Académica tivesse aproveitado todas as oportunidades de que dispôs na primeira parte.

    Sala de Imprensa

    Manuel Machado:

    “Um golo aos 45, outro aos 90, numa bola de “pingue-pongue” que denuncia a quem sorriu a sorte neste jogo”

    “No primeiro tempo demos iniciativa à Académica, o que fazia parte da nossa estratégia (…) depois entrámos bem no segundo, aproveitámos o desnorte da Académica para nos colocarmos em vantagem, e podíamos ter ampliado mas faltou sangue frio”

    “Román empurrou a equipa para um desempenho diferente, e teve a capacidade para fazer o segundo golo”

    “Não conseguimos conter as bolas longas, nomeadamente as bolas paradas que a Académica nos enviou”

    Filipe Gouveia:

    “Foi um jogo ingrato. Uma primeira parte muito boa da Académica, na qual o Nacional quase nem sequer passou do meio-campo. Na segunda parte pedi uma entrada forte, mas infelizmente os meus jogadores entraram algo relaxados, sem qualquer explicação, algo que não pode acontecer numa equipa na posição em que está a Académica.”

    “Acabámos por ter uma pontinha de sorte no final. Acho que o empate se aceita”

    “O Boavista, em quatro jogos, fez nove pontos. Não é normal. Ainda falta muito jogo, o próximo é com o Boavista e é para encarar olhos nos olhos”

    “É nestas alturas que se vêem os homens, o grupo de trabalho tem dado boas respostas, e é mais um teste para eles. ”

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