2 reforços de fora, 2 reforços de dentro e o Benfica vai consolidando o seu jogo

Benfica

O Benfica foi, dos principais clubes em Portugal, o principal agitador de águas no mercado de inverno com quatro reforços a chegar e sem nenhuma partida de relevo. Se a lesão de Manu Silva o impediu de assumir o estatuto de – provável – nome com maior impacto no jogo de Bruno Lage e a condição de suplente de Andrea Belotti lhe reservam uma minutagem reduzida, há outros dois com impacto imediato no Benfica, numa altura de consolidação de dinâmicas e de algum ascendente coletivo.

Samuel Dahl, pela proveniência (cada vez menos) exótica da Suécia e pelo impacto perto de 0 na AS Roma, era o nome menos mediático do mercado das águias, mas chegou para trazer variabilidade ao jogo das águias. Encaixou no modelo de jogo de Bruno Lage como substituto direto de Jan-Niklas Beste, mas tem outro perfume no seu jogo. Ao contrário do alemão, um jogador muito unidimensional, com atributos claros na procura da linha para cruzar, tem uma polivalência e uma panóplia de argumentos capaz de, a partir da posição de ala esquerdo, desempenhar vários papéis. Diante do Braga, além dos vários posicionamentos ofensivos, naturais, foi destaque pela multiplicidade de papéis no momento defensivo.

O Benfica não teve um sistema fixo e, com Samuel Dahl mais alto ou mais baixo, mais interior ou exterior, deu o mote para o desenho da pressão do Benfica que alternou num 5-2-3 (com o sueco mais baixo), o 4-3-3 (com Dahl interior, na linha do meio-campo) e o 4-4-2 (com o ala a funcionar como extremo e a saltar na pressão). Além da possibilidade de mudar o jogo a partir do banco, começando a titular, o reforço de inverno permite ajustes momentâneos ou definitivos durante o jogo.

Samuel Dahl
Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

Quem também chegou no mercado de inverno e, com naturalidade, se assumiu como titular, foi Bruma. Menos extremo e mais avançado nesta fase da carreira, beneficia da dinâmica criada à esquerda com Carreras e Dahl para se movimentar por toda a zona ofensiva, aparecendo também ao meio e pela direita, e definindo. Oferece fluidez ao jogo do Benfica, quer atacando o espaço, quer procurando receber entrelinhas e acelerar, e fez um jogo impactante.

O ataque do Benfica, de resto, viveu no limbo da perfeição e do desastre. A nível da movimentação, com movimentos e contramovimentos, ataques ao espaço e pedidos em apoio, compensando e aproveitando o espaço criado, as águias procuraram penalizar as fragilidades do Braga na proteção do espaço entre jogadores. Faltou, de forma constante, uma melhor definição nas jogadas, ou o jogo teria ido resolvido para o intervalo.

Bruma
Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

Na atração mais comum à esquerda para definir à direita (Akturkoglu muito ativo no jogo) houve, quase sempre, um denominador comum que, chegado no verão ao Benfica, está a ser um verdadeiro reforço de inverno pela melhoria exponencial no rendimento. Vangelis Pavlidis é, já há bastante tempo, um nome fundamental na manobra coletiva pela forma como combina com os colegas e permite um futebol mais apoiado.

A melhoria no rendimento é – e numa palavra que deve ser lida com muitas aspas – apenas vincada na relação com a baliza. O grego está num momento de extrema confiança e capaz de transformar em golos as oportunidades de que dispõe. Contra o Braga, a precisão e fúria do remate, evidenciam este fator que, como consequência, melhora os níveis de confiança em todas as outras ações. Tecnicamente marca diferenças e, finalmente, tem visto o seu rendimento ser avaliado com maior justiça.

Vangelis Pavlidis Benfica Braga
Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

Por falar em justiça e em rotulações precoces, a melhoria exibicional de Orkun Kokçu é uma das boas notícias de 2025, principalmente por ser marcada pela consistência e não pelos traços de brilhantismo que, até então, vinham marcando a sua passagem pelo Benfica. Para lá do lado humano, que Bruno Lage realçou e fez questão de destacar, indissociável do jogador, taticamente o turco está cada vez mais confortável.

Ainda está para conhecer a real dimensão de Orkun Kokçu jogando ao lado de outro organizador de jogo (como Manu Silva), mas, mesmo com as obrigações de jogar mais recuado para dar maior qualidade e critério à saída de bola do Benfica, cresceu na influência. Com espaço nas costas da linha defensiva do Braga para aproveitar, lançou varias bolas e desfilou no passe longo. Tem ganho maior capacidade de preenchimento do meio-campo (com e sem bola) e, consequentemente, maior possibilidade de tocar na bola mais à frente no campo. Soltar o melhor Kokçu, soltará o melhor Benfica.

Orkun Kokçu Benfica João Rego
Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

Outra capacidade na definição (contra o Boavista e, agora, contra o Braga), permitiria ao Benfica resultados mais dilatados e, num jogo a eliminar, evitar a sensação de que, a qualquer momento, o jogo poderia cair para o outro lado. Ainda assim, e focando especialmente na primeira parte do jogo, o Benfica está num momento mais positivo numa temporada que tem provado que os ciclos são apenas temporários. Aguentá-lo mais três meses é o grande desafio de Bruno Lage.

Diogo Ribeiro
Diogo Ribeirohttp://www.bolanarede.pt
O Diogo é licenciado em Ciências da Comunicação, está a terminar o mestrado em Jornalismo e tem o coração doutorado pelo futebol. Acredita que nem tudo gira à volta do futebol, mas que o mundo fica muito mais bonito quando a bola começa a girar.

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