A arte de bem “taliscar”

    paixaovermelha

    Não querendo ferir suscetibilidades, Portugal é um país de tascas e tasqueiros. Há alguém, de norte a sul, que não tenha orgulho nos petiscos tradicionalmente servidos nas nossas tasquinhas!? Lisboa, como capital, está, infelizmente, num processo de remodelação, onde as tascas puras dão lugar aos gourmets e outras coisas com nomes ainda mais invulgares. Felizmente, para nós, benfiquistas, surgiu, em pleno relvado da Luz, uma nova e brilhante forma de “taliscar”, que, porém, requer aperfeiçoamento.

    Ora, como todos já perceberam, refiro-me ao jogador brasileiro Talisca, que tem tido um sucesso absolutamente incrível nestes primeiros meses de águia ao peito. Talisca (ou D’Artagnan, para os mais atentos) chegou do Bahia, rotulado de craque, no último período de transferências. Em pouco tempo conquistou os adeptos benfiquistas com golos, e muitos, diga-se. Até ao momento foram nove golos. Oito deles na Primeira Liga Portuguesa, que fazem de Talisca o melhor marcador do campeonato, à frente de nomes como Jackson Martínez ou Slimani. Porém, há uma dúvida que permanece sem resposta: onde deve, verdadeiramente, jogar Talisca?

    Talisca já conquistou o coração dos adeptos encarnados Fonte: www.esporteinterativobr.com
    Talisca já conquistou o coração dos adeptos encarnados
    Fonte: esporteinterativobr.com

    Sem contar com os jogos da pré-época, nas catorze partidas que o jogador do Benfica disputou, Jorge Jesus já colocou Talisca nas mais variadas posições táticas. No eterno 4-4-2 do treinador português, Talisca já foi médio-centro, trinco, médio-esquerdo, segundo-avançado e box-to-box. Se olharmos para o sucesso de Talisca em frente à baliza, eu afirmo perentoriamente: deve jogar a segundo-avançado, no apoio a um avançado móbil que permita ao ex-Bahia encontar espaço para finalizar. É aí que o Benfica pode “taliscar” o melhor dos petiscos. Brincando um pouco mais com a analogia, se o relvado da Luz fosse uma mesa de taberna, Talisca poderia ser uma patanisca razoável ou um bolinho de bacalhau decente. Mas, é a segundo-avançado, ali, pertinho da baliza, que o brasileiro pode tornar-se uma bela e tentadora bifana.

    Nos outras posições, creio que o (ainda) médio brasileiro perca protagonismo e influência na dinâmica da equipa, que, é justo sublinhar, sofre diretamente com as mudanças de posição do brasileiro. Aliás, é perfeitamente visível que Talisca oscila entre o muito bom e o péssimo durante os 90 minutos de jogo. Não deixa de ser notável, no entanto, que um jogador com apenas 20 anos, acabado de chegar do campeonato brasileiro – que é incomparavelmente menos intenso que o português – tenha um impacto tao forte numa equipa como a do Benfica. O talento está lá, à vista de todos, e Jorge Jesus já provou, por inúmeras vezes, que sabe tirar todo o potencial dos jogadores que tem à disposição. Resta saber, então, se o treinador português tem, em si, a arte de bem “taliscar”.

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    Pedro Beleza
    Pedro Beleza
    Benfiquista até ao último osso, mudou-se do Norte para Lisboa para poder ver o seu Benfica e só depois estudar Jornalismo. O Pedro é, acima de tudo, apaixonado pelo desporto rei e não perde uma oportunidade de ver um bom jogo de futebol.                                                                                                                                                 O Pedro escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.