A (Di)Magia dos predestinados

Benfica

As claques nos topos norte e sul de um Bessa muito bem composto calaram-se (pela primeira vez desde o início do jogo) em segundos de suspense ao minuto 22 da partida que levou o atual campeão nacional a casa dos axadrezados, no Porto. Uma péssima abordagem individual do central Chidozie permitiu a Rafa percorrer quase todo o meio campo do Boavista com a bola bem controlada e a uma velocidade estonteante, como já nos habituou, e na cara do guarda redes João Gonçalves colocou a bola à mercê do colega de vermelho à sua direita que calmamente encostou para o fundo das redes, num daqueles golos que dá vontade de dizer, em conversa no café – “até a minha avó marcava este”.

Quando digo a minha avó talvez entre aqui nalgum exagero, mas arrisco seriamente afirmar que qualquer jogador do plantel encarnado marcaria este golo. Qual é o tema aqui – não era qualquer jogador que estava lá, mas sim Angel Di Maria. É daquelas magias que parecem só acontecer aos que tem o dom do futebol na ponta dos pés. Podia ser o avançado Musa a aparecer naquele lugar, podia ser Aursnes que ocupava uma posição idêntica à de Di Maria, mas do lado oposto do onze inicial. Não foi nenhum deles, foi o atual campeão do mundo, ex Juventus, a fazer o segundo golo em dois jogos oficiais neste seu regresso a Portugal, confirmando que vem para acrescentar, e muito, não só à sua equipa mas também ao campeonato.

Óbvio que as circunstâncias favoreciam o seu aparecimento naquele local, passo a explicar – tanto em bolas paradas como em quase todos os momentos em que a equipa do Benfica se monta para o momento de organização defensiva, Di Maria que aparece inicialmente na ficha de jogo encostado ao lado direito do ataque, fica como um dos dois homens da primeira linha de pressão. Efetivamente, em momentos de organização ofensiva, parte maioritariamente da direita nas suas intervenções em jogo,  mas no que toca ao momento defensivo, acaba por ser mais um avançado do que um extremo/ala. Isto pode ser explicado por uma dupla razão, a meu ver:  Não só o técnico do Benfica permite que o argentino não se desgaste tanto fisicamente em deveres defensivos como ainda possibilita que seja um dos prediletos em momentos de lançar o contra golpe, estando mais fresco para acelerar nestas situações.

Este posicionamento de Di Maria levanta, no entanto, duas questões:

  1. Se é verdade que faz todo o sentido ele se juntar à linha da frente em organização defensiva, quem deve ocupar o corredor direito nestas missões? Se for Rafa, que foi o que aconteceu no Bessa a maioria das vezes, o Benfica perde provavelmente o único jogador do plantel que desenrola ataques rápidos melhor que Di Maria. No entanto se for o clássico 9, no caso deste jogo Musa, fica a ideia de que o jogador não dispõe das capacidades necessárias para bem desempenhar a função. Há a hipótese João Mário que pode, à semelhança de Aursnes, ter um papel interessante neste 11, libertando os dois “malabaristas” na frente.
  2. Ora, se a ideia é libertar Di Maria de funções defensivas, e com a saída de Gonçalo Ramos, a equipa encarnada não perde muita agressividade no primeiro momento de pressão? Di Maria não consegue nem de perto impor a capacidade de pressão do avançado agora transferido para o PSG, e mesmo Rafa tem alguma dificuldade de timing neste momento crucial do jogo. Ficam por responder…
Boavista Benfica jogadores
Fonte: Diogo Cardoso / Bola na Rede

O jogo acabou por nem correr de feição a Di Maria, o que confirma a teoria de que os predestinados não precisam estar bem para ser decisivos (golos/assistências/jogadas chave). Acabou por ser o escolhido para sair após a expulsão de Musa e apesar do golo, pouco mais apareceu na partida. Já Rafa mostrou que, apesar de não ter a carreira do colega de equipa, tem também muita magia nos pés e foi sempre o elemento mais do Benfica nesta noite de verão na cidade invicta.

Ao minuto 90+13 de uma partida emocionante, Bozenik fez de Rafa e correu meio campo com a bola controlada e na cara de Vlachodimos selou uma vitória triunfal do Boavista. Com dois golos e uma belíssima exibição, o jogador esloveno de 23 anos procura tornar a sua audácia em magia, sendo que esta pode ser a sua época de transformação. Tem características muito interessantes para explodir na liga portuguesa, com uma excelente capacidade física aliando força e velocidade a capacidade de finalização interessante. Predestinado? Não está ao alcance de todos – mas foi um belo início Bozenik. Homem do jogo e jogador a atentar nos próximos tempos!

Artigo com a opinião de Pedro Belo, redator do Bola na Rede

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