A pressão imposta pela rotação | Benfica

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    Entre jornadas europeias, já era esperada uma alta rotatividade do Benfica na receção ao Moreirense, tal como Schmidt havia mencionado na conferência de imprensa anterior. Esse facto confirmou-se e registaram-se oito mudanças no onze inicial face à partida de quinta-feira frente ao Marselha, sendo que João Neves, Bah e Neres foram os únicos resistentes da batalha internacional.

    Apesar das recomendáveis alterações, a elevada rotação trouxe algo que esteve marcadamente presente em lances ao longo do encontro: a notável falta de rotinas de alguns jogadores.

    Se por nervos, por falta de hábito ao jogo, ou pela pressão imposta pela situação, a segunda linha que esteve presente em campo mostrou precisar de mais minutos de jogo. A vitória foi alcançada com sucesso, mas a verdade é que os comandados de Schmidt podem retirar bastantes lições deste encontro para eventos futuros.

    Em momentos de construção recuada, perante a pressão rigorosa do Moreirense, notou-se alguma dificuldade em lidar com esse tipo de situação. Sem Florentino presente, foi João Neves que assumiu o papel de principal construtor de jogo na primeira parte. Desde a pequena área até ao último terço, foi o camisola 87 das águias que se auto-encarregou dessa responsabilidade.

    Antes de João Neves se ter eleito como delegado de equipa, a escapatória surgiu em forma de atrasos ao guarda-redes que, lance atrás de lance, foi posto em situações de elevado risco pondo em causa a liderança no encontro e a sua prestação na partida.

    Kokçu marcou o primeiro golo do Benfica contra o Moreirense
    Fonte: Carlos Silva/Bola na rede

    Ainda assim, a vitória não surgiu de forma aleatória e por isso também existem naturalmente aspetos positivos a apontar. Entre eles, está a fluidez em zonas mais avançadas do terreno. Os entendimentos entre Tiago Gouveia e Kokçu foram recorrentes, e com o turco na posição de Rafa, houve mais espaço e liberdade para que o próprio usufruísse das suas melhores características.

    Já Tiago Gouveia, habituado a aproveitar cada oportunidade concedida por Schmidt, não desiludiu e voltou a registar uma exibição de encher o olho. Na ala esquerda do ataque, faz uso da boa qualidade técnica e assumiu-se como o elemento mais irreverente do conjunto. Anotou duas assistências e aumentou, ainda mais, a esperança relativa ao seu papel na próxima temporada. Ainda assim, esta época ainda se pode estabelecer como um elemento a surpreender naquilo que resta da época.

    Já no que diz respeito à ala esquerda, a ausência de Fredrik Aursnes não se fez sentir face à tamanha exibição de Álvaro Carreras. O lateral espanhol apresentou-se a grande nível na Luz, mostrando uma clara evolução desde os últimos jogos disputados. Foi incansável na procura por ligações com os companheiros, nas recuperações defensivas, e esteve bastante presente nos momentos ofensivos. A continuar assim, Carreras justifica a aposta feita no mercado de janeiro e cimenta o seu lugar na próxima época.

    Benjamín Rollheiser estreou-se a marcar com a camisola do Benfica
    Fonte: Carlos Silva/Bola na rede

    Por fim, há que ter em conta a estreia “a sério” de Rollheiser. Desde que chegou à Luz em janeiro, este foi o encontro onde o argentino teve uma verdadeira oportunidade. Apesar de já se ter estreado antes, não havia tido tempo nem espaço para mostrar algo verdadeiramente perceptível. No jogo frente ao Moreirense a história foi outra e, com 45 minutos de jogo puro, o extremo sul-americano deixou bons indícios para aquilo que poderá vir a render, acabando mesmo por coroar a oportunidade com um golo para fechar a noite.

    Posto isto, o jogo frente ao Moreirense para além de ter servido como um descanso para os habituais titulares, serviu também como um teste para o que esperar destes jogadores no resto da temporada, e até na próxima inclusive. O calendário dos encarnados é apertado, é exigente, e requer que todos os atletas estejam aptos para corresponder nestes momentos, face à aproximação das competições.

    Sendo que a Liga Europa é a única competição que o Benfica depende apenas de si mesmo para vencer, a prioridade pode passar mesmo por aí, por romper com a história e reescrever um novo nome do Benfica nas competições europeias. Ainda assim, a luta pelo título de campeão nacional permanece e, para que seja possível sonhar com as duas realidades, terão de existir mais jogos como este, em que a entrega é de todos os elementos, começando no treinador e acabando no jogador menos utilizado.

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    Guilherme Terras Marques
    Guilherme Terras Marques
    Orgulhoso estudante da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, vê no futebol e na sua cultura uma paixão. É apenas mais um jovem ambicioso que sonha fazer do jornalismo desportivo a sua vida. Escreve com o novo acordo ortográfico