Para ti, o que originou a queda do rendimento do médio português?
João Mário perdeu gás e poderá ser essa uma das explicações para a queda encarnada em 2021-22. A forma como foi gerido traduz mais um planeamento errático da temporada pelos responsáveis encarnados, uma tendência que se vem consolidando e que ajuda a explicar a seca de títulos nas últimas temporadas.
Até pelo peso de um investimento que se supunha mínimo face à sua qualidade (e afinal ‘só’ uns simbólicos 5,5 milhões de euros ficaram perdidos entre intermediários…) e pelas promessas de um futebol mais racional, mais cerebral e com outro estofo. Que apareceu, mas foi sol de pouca dura.
Comecemos pela responsabilidade acrescida que lhe foi entregue – quase como se dos seus pés nascessem (histéricas) certezas da consumação de um título – que se o consegue em Alvalade, conseguiria mais facilmente na Luz.
Jesus chamou-o, apelou à admiração do jogador pelas suas ideias e pelas memórias que construíram juntos – João Mário faz a melhor época da sua carreira às suas ordens – e entregou-lhe as chaves do meio-campo, complementando o porteiro Weigl e ambos suportados por um tridente de betão: o que lhe daria, em teoria, ainda mais liberdade que a proporcionada pelo esquema de Amorim.
Parecia cheque-mate em contexto nacional: sacar o maestro do campeão e introduzi-lo num onze ainda mais maduro, com a presença de mais internacionais e jogadores de renome. Não tinha como não resultar. As rotinas do 3-4-3 trazidas da equipa anterior complementariam as rotinas ‘jesuítas’ gravadas de outros tempos. Fórmula instantânea de um inevitável sucesso. Ou assim se pensou.
João Mário entrou sim de caras e levou o SL Benfica à fase de grupos da Champions, objectivo primordial. Só em agosto, por força das pré-eliminatórias, as águias jogaram oito partidas – João Mário fez sete, ou 519’. Num mês.
Já setembro veio um nadinha mais aliviado, mas não muito. Seis joguinhos, nos seis participou João Mário de início: ainda que só tenha cumprido os 90’ em dois deles – o suficiente para assegurar resultados positivos (o SL Benfica não perdera ainda um jogo sequer). Mais 473 minutos cumpridos.
Chega outubro. Apesar de uma semana de descanso, cumprida entre os dias 9 e 16, o SL Benfica não sossegou no resto do mês – sete jogos, cinco deles em mais uma série diabólica: nos dias 16, 20, 24, 27, 30. Cinco jogos em quatorze dias, sete no total do mês.