📲 Segue o Bola na Rede nos canais oficiais:

A Revolução de Outubro Verde

- Advertisement -

cabeçalho benfica

Escrevo há um mês no Bola na Rede, abordando semanalmente questões que considero importante destacar ou corrigir na actualidade do Benfica. Neste período, temos assistido ao regresso lento e silencioso daquilo que denominamos tranquilidade – e que anseio designar em definitivo por normalidade –, na sequência de visíveis melhoramentos que nem a derrota no Dragão pode revogar. Por outro lado, parece-me agora óbvio que o anúncio antecipado da invencibilidade dos nossos adversários – perante nós e os outros – brotou algo precipitado. Os defeitos são antigos e estão identificados, porém, permanece adiada sine die uma solução real: seria como evitar o naufrágio num barco (azul) sem capitão; ou ver navegar um capitão sem barco (verde).

Resolvido a confiar no progresso – do treinador e da equipa –, perdi, nos dias que antecedem este texto, algumas das comichões mais incomodativas: os golos de Jonas, as exibições de Gaitán e Gonçalo Guedes e, naturalmente, a recuperação pontual para a liderança são bálsamos que aumentam a confiança; sobra-me a crença de que o futuro confirme a evolução. Enquanto aguardo, opto, desta vez, por dedicar este espaço ao momento semanal onde mais se se debruçou sobre a realidade do universo benfiquista, nas suas diversas dimensões: refiro-me, obviamente, ao discurso de Bruno de Carvalho, presidente do Sporting, proferido na última Assembleia-Geral do seu clube.

A estratégia de Bruno de Carvalho tem prazo de validade expirado: encontra-se nos livros de História (dos que tratam regimes e lideres), em capítulos eternamente sublinhados como maus exemplos de política e humanismo. O presidente do Sporting – instituição que me merece todo o respeito – investiu-se como Génio da Revolução adoptando a postura dos que combatem incessantes vagas de inimigos imaginários – no interior e no exterior. O objectivo (já batido) escapa apenas aos ingénuos e radicalizados: a sua ascensão e consolidação como líder; mais o benefício que essa posição lhe confere e que, segundo consta, se prepara para aumentar significativamente (por razões onde até cabem as próprias filhas).

Na verdade, pouco me importam as purgas levadas a cabo contra ex-dirigentes; ou a campanha de descrédito contra a oposição; ou as ameaças dirigidas a deputados, em Portugal e na Europa, intrigados com a origem do dinheiro; ou a retórica apocalíptica que inspira a dúvida e o medo – são questões para os sportinguistas resolverem, mais cedo ou mais tarde. O que me importa (e incomoda) realmente é o facto de Bruno de Carvalho, em discurso na Assembleia-Geral do seu clube, ter emitido a palavra “Benfica” e feito referências directas ao meu clube cerca de duas dezenas de vezes.

O discurso de Bruno de Carvalho amolece o corpo e a mente Fonte: Sporting Clube de Portugal
O discurso de Bruno de Carvalho amolece o corpo e a mente
Fonte: Sporting Clube de Portugal

O Benfica é o inimigo externo por excelência. A simples referência ao Glorioso provoca nos sportinguistas reacções químicas automáticas e involuntárias que, de uma assentada, permitem atenuar a vergonha pela derrota (dentro e fora do campo) e reforçar o orgulho, muito menos por amor a si, mas apenas por ódio ao rival. Bruno de Carvalho apropria-se desse sentimento (próprio do futebol) e utiliza-o estrategicamente. No fundo, trata-se de propagar um conjunto insistente de mentiras e ameaças, conduzindo o estado de espírito do ouvinte para aquilo que se pretende. Resumindo: é o efeito do populismo – camuflado em defesa do Sporting e ataque ao Benfica – que amolece as consciências e sempre causa danos.

Jamais apoiaria textos tão mal escritos ou a resposta aos mesmos alguém com responsabilidades no Benfica – porém, sou apenas um adepto; permito-me, por isso, perder algum do meu tempo para refutar algo daquilo que Bruno de Carvalho referiu, sobre o meu clube, no seu discurso:

1. O Benfica não fica em Carnide. Conhecesse as origens deste clube e Bruno de Carvalho saberia que o Benfica já teve várias moradas; este clube é do povo e, como tal, dos quatro cantos do mundo.

2. O Benfica contratou o Franco Cervi; o presidente do Rosário Central já esclareceu a nega dada ao Sporting, na sequência das negociações com “um grupo de investidores de um país a que não estamos habituados”. Bruno de Carvalho esqueceu-se de esclarecer (tal como se esqueceram de lhe perguntar) a que país se referia o dirigente argentino – mais valem 4,8 limpos do que seis sujos; Mitroglou não veio porque o Sporting não o quis e preferiu o Teo; vê-se logo que aquele draft, colocado ontem em circulação pública, foi feito por um miúdo qualquer. Para já, Adrien lidera a lista com dois golos de penálti.

3. O Sporting tem muitos adeptos. O Benfica também. A dúvida é saber se 4,5 milhões cabem nas ruas deste mundo – em Portugal, Paris, Genebra, Luxemburgo, Newark, Luanda, Praia, Bissau, Maputo, S. Tomé, Dili e muitas outras (com maior ou menor dimensão) –, que se enchem por completo sempre que o Benfica se sagra campeão; a contabilidade é difícil de se fazer: uns preferem ficar em casa e outros vivem na Namíbia. No caso do Sporting, não tem havido muitas ruas para contar – mas aposto que, quando chegar a altura, será fácil confirmar os 3,5 milhões: do Marquês de Pombal à Baixa de Malabo.

Foto de Capa: Sporting Clube de Portugal

João Amaral Santos
João Amaral Santoshttp://www.bolanarede.pt
O João já nasceu apaixonado por desporto. Depois, veio a escrita – onde encontra o seu lugar feliz. Embora apaixonado por futebol, a natureza tosca dos seus pés cedo o convenceu a jogar ao teclado. Ex-jogador de andebol, é jornalista desde 2002 (de jornal e rádio) e adora (tentar) contar uma boa história envolvendo os verdadeiros protagonistas. Adora viajar, literatura e cinema. E anseia pelo regresso da Académica à 1.ª divisão..                                                                                                                                                 O João não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

Subscreve!

Artigos Populares

Benfica vive série de 6 derrotas consecutivas na Champions League: eis o registo

O Benfica perdeu em casa com o Bayer Leverkusen para a quarta jornada da Champions League. Foi a sexta derrota consecutiva na prova.

José Mourinho e uma passagem do Benfica na Champions League: «Ninguém me vai convencer de que estamos fora»

O Benfica perdeu em casa com o Bayer Leverkusen por 1-0 na quarta jornada da Champions League. José Mourinho falou sobre as chances encarnadas.

Luís Castro deixa comando técnico do Al Wasl após empate frente ao Al Muharraq de Nandinho

Luís Castro já não é treinador do Al Wasl. O técnico português deixou o clube dos Emirados Árabes Unidos após o empate frente ao Al Muharraq de Nandinho.

Kasper Hjulmand elogia jogador do Bayer Leverkusen e enaltece triunfo com o Benfica: «Foi uma luta e uma vitória muito importante»

Kasper Hjulmand fez a análise do Benfica x Bayer Leverkusen em conferência de imprensa. O técnico dinamarquês elogiou Patrik Schick.

PUB

Mais Artigos Populares

Recordar é Viver | Dirk Kuyt, produto do Utrecht

No Liverpool, Dirk Kuyt não era o virtuoso das fintas curtas, mas o motor que nunca parava. Rafa Benítez viu nele o soldado perfeito

José Mourinho confirma titular no Benfica para o jogo com Casa Pia: «Digo já um que vai jogar…»

José Mourinho confirmou que Samuel Dahl vai ser titular no jogo do Benfica frente ao Casa Pia. O lateral esteve na origem do golo sofrido frente ao Bayer Leverkusen.

De olhos na invencibilidade europeia | Braga x Genk

Carlos Vicens, técnico do Braga, quer continuar a senda de vitórias na competição e esquecer o resultado obtido com o FC Porto