
O Benfica conquistou o acesso ao playoff da Champions League depois de vencer o Nice no Estádio da Luz por 2-0, na segunda mão da terceira pré-eliminatória da competição, após já ter batido os gauleses na Costa Azul no primeiro encontro, precisamente pelo mesmo resultado.
A eliminatória não tem grande história. O conjunto orientado por Bruno Lage foi bastante superior nas duas partidas, mostrando ter outro andamento em comparação à formação de Franck Haise. No encontro da Luz, o Nice somente conseguiu criar mossa nos primeiros 10 minutos e o Benfica naturalmente acabou por impor a sua lei.
O conexão norueguesa entre Andreas Schjelderup e Fredrik Aursnes foi um dos destaques, com um golo e uma assistência para cada um (e uma grande presença no jogo interior, com o exterior a ser pouco utilizado). O extremo tem-se assumido na esquerda com toda a classe, longe da linha, sem medo de pisar terrenos interiores, como se viu no golo marcado. O jogador apareceu à entrada da área para bater Yehvann Diouf.

Andreas Schjelderup está a ser uma das confirmações do Benfica em 2025/26 e encontra-se a confirmar todo o seu potencial que lhe era previsto. O escandinavo é como o algodão, não engana. Somente necessita de ser aposta constante por parte de Bruno Lage, de maneira a continuar nesta forma. Já é um dos favoritos dos adeptos.
Quem também está no topo da estime dos benfiquistas é o seu colega Fredrik Aursnes, que continua a provar que é um autêntico ‘faz tudo’. Está a atuar como extremo direito, pelo menos no papel, depois da saída de Ángel Di María e da lesão grave de Bruma e promete ser o dono do lugar, pelo menos pelos próximos tempos. O jogo contra o Nice provou que o médio de origem tem que jogar sempre e que desempenha todas as funções com qualidade. Não foi uma nem duas vezes que compensou Amar Dedic (também fez um grande jogo) e ocupou o posto de lateral direito. Também se juntou ao meio-campo composto por Enzo Barrenechea e Richard Ríos.
Bruno Lage tem aqui uma boa ‘dor de cabeça’. Fredrik Aursnes é extremo, é médio, é lateral. E é um indiscutível, independentemente da posição que desempenhe ou dos reforços que cheguem ao lado vermelho de Lisboa. É o jogador mais inteligente do Benfica e um farol para os demais, além de um exemplo.

A dupla norueguesa não se manteve durante toda a partida de terça-feira à noite. Para o lugar de Andreas Schjelderup entrou Gianluca Prestianni, que pode ter em 2025/26 a sua época de afirmação total. O argentino mostrou-se sempre confortável com a bola, aproveitando os espaços dados pela defesa do Nice. Transportou a bola várias vezes do meio-campo para o ataque, destacando-se a forma como a bola nunca sai de perto dos seus pés. Irreverente e com potencial. Gianluca Prestianni pode ganhar uma nova dimensão no Benfica, podendo transformar-se no jogador número 12 do Benfica, já que os terrenos que pisam neste momento contam com donos cativos.
O Benfica venceu e o estádio vibrou, mas houve um claro sentenciado na partida. Kerem Akturkoglu até entrou em campo, mas a sua saída transformou-se numa certeza. Na esquerda, é apenas a terceira opção, na direita (onde está longe de render o seu melhor) tem Fredrik Aursnes à sua frente e as águias pretendem certamente contratar mais um nome no mercado, com caraterísticas distintas à do turco e mais próximas às de Ángel Di María. Passou a existir a figura do segundo avançado, mas a dupla ofensiva está mais do que definida, com a relação entre Vangelis Pavlidis e Franjo Ivanovic a aperfeiçoar-se a cada minuto que passa (mesmo que os dois tenham ficado em branco na partida contra o Nice).
Bruno Lage referiu que o abraço que deu a Kerem Akturkoglu não foi de despedida, mas o turco tem o destino traçado. O Fenerbahçe pode ser o seu futuro clube e já sabe que não vai poder enfrentar o Benfica na próxima fase da Champions League, caso se mude para Istambul em breve, precisamente devido aos cinco minutos de utilização que usufruiu na última noite.

Não está em causa a qualidade de Kerem Akturkoglu, mas a sua saída é o melhor para as duas partes. O extremo necessita de algum protagonismo e o Benfica de voltar a encher os cofres. Uma venda próxima aos 25 milhões de euros pela atual terceira opção é um bom negócio que pode permitir aos encarnados a aquisição de um extremo direito, que possa dar descanso a Fredrik Aursnes (já que nesta fase ninguém lhe tira o lugar). É possível que tenha sido a última vez que os adeptos do Benfica viram Kerem Akturkoglu de águia ao peito, mas Andreas Schjelderup e Gianluca Prestianni dão mais garantias. O primeiro está um passo acima do turco e o segundo tem um potencial tremendo, que não pode ser desaproveitado.
Uma última nota para o Nice. Os gauleses têm um bom treinador, mas o projeto está a desiludir. O próprio Franck Haise acabou por admitir que a equipa não tem capacidade de batalhar com instituições com as valias do Benfica. Ainda assim, esperava-se mais de um emblema com o investimento de INEOS, que aparenta estar mais concentrada no Manchester United, o seu novo filho pródigo. A equipa da Ligue 1 deixou de contar com novos craque para ser o ‘patinho feio’ do projeto e algo terá que mudar. Pelo que apresentaram na eliminatória, mesmo a prestação na Europa League espera-se como ‘sofrível’, caso não se mude nada. Ponto positivo: Djibril Coulibaly. Aos 16 anos não teve medo em assumir-se como titular, num jogo com uma grande magnitude. Se continuar a ser aposta, corre o risco de ser um dos destaques da Ligue 1 nos próximos tempos.

Bola na Rede na Conferência de Imprensa
Bola na Rede: Com este 4x4x2 o Benfica apresenta uma grande presença de jogadores na área adversaria na última parte do momento ofensivo. Questiono se isto é algo trabalhado no treino ou um dos frutos da alteração tática relativamente ao ano anterior?
Bruno Lage: É tudo fruto do trabalho dos nossos jogadores. Nem sempre estamos em 4x4x2, vamos variando o sistema em função do espaço que os jogadores nos oferecem. Construimos a dois, mas também a três, com homens diferentes. Isso dá-nos uma dinâmica muito boa. Estamos satisfeitos até ao momento. Como disse, temos 20 treinos e mais de metade deles é a recuperar. Sinto que a equipa pode crescer imenso e o que sinto e vejo é que há uma vontade dos jogadores em continuarem a jogar o jogo que apresentámos hoje.