5. Vítor Paneira
Imaginemos que o Benfica tinha sido finalista da Liga dos Campeões em 2021-22. Imaginemos que uma das contratações este Verão seria um miúdo da Segundona – que, claramente, viria para assentar as malas enquanto descobria o destino de empréstimo.
Agora imaginemos também que esse miúdo teria personalidade suficiente para se impor desde logo e arranjar maneira de se consumar na titularidade à… 3ª jornada. E que se manteria pela Luz por sete anos, acumulando 289 jogos, três campeonatos, uma final europeia, uma Taça de Portugal e momentos inesquecíveis como uma vitória categórica frente a uma Juventus ou aquela tarde em Alvalade que só não figura do jogo – com quatro assistências – porque houve alguém que fez hattrick. Impensável, não é?
Artur Jorge, como cúmulo duma sequência de decisões estapafúrdias, decide dispensá-lo – quando era o mais indicado para a assumir a braçadeira de capitão, vinda de Veloso – e interromper a sua ligação à Águia no peito, na plenitude das suas capacidades (28 anos).
Foi para Guimarães, fez parte de um super Vitória europeu – eliminando o Parma – e é convocado para o Euro96. Rejeitou Sporting e rejeitou FC Porto. Avisou Damásio, em altura oportuna, da catástrofe a ser feita a partir de 1994.
Em 2011, Luisão atirou uma das inúmeras e caricatas larachas para a comunicação social: dizia ser altura de dar oportunidade aos mais novos e que queria sair do Benfica, logo após o desastre 2010-11.
Paneira vem poucos dias depois a público: “Ele tem 30 anos, está há oito no Benfica e quer sair. Eu fui mandado embora com 28 e gostaria de ter ficado mais 10!”. Uma daquelas suas fintas curtas, no estilo irrepreensível (de Veloso) como eternizou Gabriel Alves.