SL Benfica 1-0 Estoril-Praia SAD: O general convidou as tropas a aliviarem a tensão com murro no peito

    Benfica

    A CRÓNICA: VOUCHERS PARA O CARDIOLOGISTA COMO RESPOSTA AOS NERVOS DOS ADEPTOS DO BENFICA

    A Luz estava mais quente do que o habitual. O sol das 18h ainda estava firme no céu, o que ajudou o corrupio para entrar no estádio do Benfica a agitar-se mais cedo que nos jogos anteriores.

    O guarda-redes, Dani Figueira, estava a demorar o seu tempo a repor a bola em jogo nos pontapés de baliza, comprando assobiadelas dos adeptos encarnados até ao final do encontro, mal sabiam eles que, mais tarde, o guarda-redes lhes ia oferecer vouchers para o cardiologista. Qualquer decisão contrária aos interesses do Benfica que o árbitro tomasse valia protesto de pé. O clima era tenso.

    Para arrefecer os ânimos, um baixinho com a camisola dentro dos calções que é fã de Aimar e um norueguês esguio, mas com forças para fazer o corredor de uma ponta à outra. João Neves e Aursnes foram a caução que Roger Schmidt quis pagar para se precaver contra todos os riscos. Lançou ainda David Neres e abdicou de Florentino para, sentindo-se ameaçado na liderança do campeonato, mostrar que há um caminho em frente.

    O Benfica entrava em campo frente ao Estoril, ainda num ajuste de contas com a manutenção, apenas com um ponto de margem de sobrevivência em relação ao FC Porto. Mas qual é a águia que não quer fugir de um dragão?

    A situação do Estoril não impediu a equipa de Ricardo Soares de tentar jogar apoiado a partir de trás mesmo que isso, como foi acontecendo, valesse alguns sustos. Sem a bola, os homens da linha defendiam a cinco, com o recuo de Tiago Araújo à esquerda. O Benfica respondeu com o posicionamento mais baixo de Aursnes, de modo a chamar pressão ao norueguês, libertando o corredor canhoto, onde caíram Rafa, João Mário e Gonçalo Ramos para combinações.

    Foi precisamente a partir daí que o Benfica arranjou espaço para uma queda de João Mário na área. Inicialmente, o árbitro não se apercebeu da irregularidade, mas, depois de minutos de análise do VAR, que tantas vezes foi referido por Schmidt na antevisão, a decisão acabou por recair na marcação de grande penalidade. O próprio João Mário encarregou-se da marcação, mas a demora entre o momento em que caiu e o que rematou arrefeceu-lhe o pé direito. Dani Figueira defendeu com o pé de apoio e negou o golo.

    Na frente de ataque do Estoril, Cassiano foi incansável, sempre atento a um centímetro a mais que os centrais encarnados pudessem oferecer a domínio de bola, colocando-a à disposição do roubo do jogador brasileiro. De um cabeceamento do atacante surgiu até uma ocasião para o Estoril marcar momentos antes da equipa ficar em desvantagem.

    David Neres fez uma exibição ao nível de deixar Roger Schmidt arrependido de lhe ter dado poucos minutos nos últimos encontros. O que não existe, o brasileiro cria. A partir da esquerda foi à direita que veio fintar dois defesas do Estoril e cruzar para Otamendi, no segundo anel, cabecear para o golo e aliviar a tensão encarnada com um murro no peito.

    Se a vantagem permitiu ver o Benfica na máxima força na segunda parte? Nem por isso. Os encarnados sentaram-se em cima do conforto e relaxaram demasiado. O Estoril não criou perigo, é certo, mas as águias corriam o risco de, ao mínimo deslize, verem os pontos escaparem-se de novo, à semelhança do que aconteceu contra o FC Porto e o Desp. Chaves. Roger Schmidt trouxe Musa do banco para dar novo dinamismo e precaveu-se atrás com Florentino. O avançado croata chegou a festejar o 2-0, num lance em que foi assistido por Rafa e livrou-se da marcação dos defesas com uma brilhante receção. Ainda assim, o VAR notou no fora de jogo de João Mário no decorrer da jogada. O português quase remediava o erro num lance de transição em que Rafa remata contra o peito de um dos melhores marcadores do campeonato e este, de maneira fortuita, acerta no poste.

    Numa partida que interessava particularmente ao Benfica vencer para sacudir o mau momento, o resultado estacionou no 1-0. Não importando o caminho feito para lá chegar, o objetivo do Benfica foi conseguido.

    A FIGURA

    Fonte: Carlos Silva/Bola na Rede

    David Neres valeu que um jovem adepto invadisse o relvado para pedir lhe pedir a camisola. Quem tem Neres tem tudo. No ataque, andou essencialmente na esquerda, onde fez uma boa sociedade com Grimaldo, e no meio, quando, por vezes, trocava com Rafa. Não se precipitou em duelos de um para um, mas, nos momentos em que o fez, foi eficaz. Rafa ofereceu-lhe o golo por volta dos 70 minutos, mas não foi capaz de concretizar.

    O FORA DE JOGO

    Fonte: Carlos Silva/Bola na Rede

    João Márioperdoou na grande penalidade e foi dos elementos menos dinâmicos do ataque dos encarnados. Quando a segunda parte não estava a correr de feição, acaba a acertar no poste quase sem querer.

    BNR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

    SL BENFICA

    Bola na Rede: Escolheu o João Neves para o onze inicial no jogo de hoje. Foi um risco numa altura tão crítica da temporada?

    Roger Schmidt: Se fosse um risco, não o tínhamos escolhido. Desenvolvemos o jogador. O João é um jogador muito talentoso. Já tem muitos minutos na primeira equipa esta temporada. Esteve sempre bem. Mesmo se o virem nos treinos, é uma mistura muito boa de alegria, confiança e qualidade. Agora era a hora de lhe dar a oportunidade de jogar desde início. Tivemos um jogo muito duro na quarta-feira. O Florentino e o Chiquinho têm trabalhado muito. Estava convencido desta decisão. Acho que toda a gente viu que é um jogador que pode jogar neste nível e também neste momento decisivo da temporada.

    ESTORIL-PRAIA SAD

    Bola na Rede: O Benfica jogou sem um médio defensivo declarado e com o Aursnes na direita. Teve que fazer ajustes táticos de última hora?

    Ricardo Soares: Ficámos surpreendidos. Não estava à espera que jogasse este onze. De qualquer das maneiras, a minha equipa tem identidade. Temos um método de jogo e uma metodologia de treino que nos leva a determinadas ideias. Não abdicamos delas independentemente de jogarmos contra o Benfica, o FC Porto ou o Sporting. Trabalhamos todos os dias a pensar em nós e só em nós. A partir daqui, por vezes, não conseguimos pôr em campo as nossas ideias pela qualidade do adversário. Por exemplo, hoje, a minha equipa não teve tanta bola como o que pretendíamos. Não foi por estratégia ou coisa que se pareça. Foi porque o Benfica tem qualidade e nos obrigou a andar atrás da bola. Nesse sentido, veio ao de cima a nossa resiliência, a nossa organização, a nossa capacidade de superação e o nosso grupo fantástico. A partir daqui, foi-nos mais difícil lutar pela vitória, porque o Benfica também nos retirou a bola em vários momentos do jogo.

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    Francisco Grácio Martins
    Francisco Grácio Martinshttp://www.bolanarede.pt
    Em criança, recreava-se com a bola nos pés. Hoje, escreve sobre quem realmente faz magia com ela. Detém um incessante gosto por ouvir os protagonistas e uma grande curiosidade pelas histórias que contam. É licenciado em Jornalismo e Comunicação pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e frequenta o Mestrado em Jornalismo da Escola Superior de Comunicação Social.