Novo ano, novo Benfica | SL Benfica 3-0 FC Famalicão

Benfica

Depois das prendas de Natal dadas aos adeptos com as vitórias diante do SC Braga e do AVS SAD, o SL Benfica ofereceu a primeira das doze passas aos adeptos encarnados com mais um triunfo, desta feita por 3-0 contra o FC Famalicão. À condição o Benfica é líder e, depois de uma fase mais negativa, os sinais dos encarnados são agora mais promissores.

O modelo de jogo do SL Benfica continua a ter imperfeições e está longe do melhor Benfica que se esvaneceu faz quase um ano. Ainda assim, diante do FC Famalicão o SL Benfica voltou a demonstrar que está numa fase mais estável da temporada e que é dentro de campo uma equipa mais madura.

Na primeira parte diante do FC Famalicão, o SL Benfica apresentou-se na sua versão mais conseguida, iniciando a construção por um lado e ameaçando pelo outro. À direita Aursnes, Tomás Araújo (continua a aproveitar todas as oportunidades para se evidenciar) e João Neves procuraram constantes meinhos para atrair a pressão do Famalicão, batê-la e rapidamente tentar acelerar o jogo. De um jogo iniciado junto à linha de fundo da baliza do Benfica, as águias conseguiam chegar rapidamente ao outro lado onde Tiago Gouveia, na estreia a titular, procurava acelerar.

Tiago Gouveia é, até pela lesão de Neres, um jogador quase único no plantel. Tem o perfil de um extremo puro que à esquerda joga a pé trocado e parte para cima do adversário, procurando constantemente diagonais para dentro para rematar. Tomou várias decisões precipitadas, tamanha a vontade em mostrar serviço, mas mostrou novamente que é uma opção válida para Roger Schmidt. Atrás de si, Morato tem evoluído cada vez mais neste papel de lateral. Pelas características de Tiago Gouveia, este nem foi o jogo em que o Benfica mais precisou da profundidade dada pelo lateral no corredor esquerdo, mas Morato tem crescido no seu jogo e, embora ainda sejam evidentes as lacunas de um defesa central de raiz, ganhou consistência e segurança nas ações.

Entre a saída de bola pela direita e a ameaça à esquerda, foram brilhando os médios do Benfica. João Neves é o nome forte dos encarnados em 2023. Criou sozinho a situação que levou ao primeiro golo e tem um lado técnico muitas vezes desprezado. Sai de situações de pressão com um drible curto muito eficiente e respira em condução. Defensivamente é inteligente nos momentos das compensações no corredor lateral e eficaz nos desarmes. Ao seu lado, e embora ainda sem a melhor versão de si mesmo, Kokçu vai polvilhando o jogo com passes criativos verticais e diagonais, especialmente mortíferos em situações de campo aberto. É, neste momento, fundamental para o Benfica conseguir ser criativo.

No topo da pirâmide montada por Roger Schmidt, e sem fazer um jogo deslumbrante, Arthur Cabral estreou-se a marcar na Primeira Liga Portuguesa. Se há atacantes que vivem do golo e da arte de o marcar, o brasileiro é um deles. O movimento de ataque à bola é muito semelhante ao do calcanhar de Salzburgo e explica o perfil do avançado. Não teve um jogo brilhante – longe disso – nas tarefas defensivas, nos duelos diante de Otávio, nos movimentos em apoio ou nas ruturas em largura e dificilmente os terá. Mas dentro de área e estando confiante será sempre uma ameaça. Os golos têm aparecido mais regularmente e a melhor versão de Arthur Cabral precisa necessariamente de muita confiança.

Jogadores do Benfica celebram golo e Arthur Cabral faz pose
Fonte: Carlos Silva/Bola na Rede

Se a melhor versão do Benfica apareceu na primeira parte, na segunda o Famalicão agigantou-se. A equipa de João Pedro Sousa já pressionava alto, mas passou a fazê-lo com outra intensidade e os nomes do costume agarraram a equipa e levaram-na a tornar mais perigosa. Luiz Júnior e Otávio Ataíde atrás são dois dos valores mais certos da Liga e foram agarrando o Famalicão e permitindo Zaydou Youssouf brilhar. O médio é superlativo em todos os momentos de jogo. Cobre vasta áreas do terreno, oferece agressividade sem bola e com bola possuiu na capacidade de passe, na magia como esconde ao máximo a ação que vai executar e na chegada a zonas de finalização os principais argumentos. O Famalicão passou a jogar no meio-campo contrário e forçou erros no Benfica, mas bateu no poste e em Trubin.

O ucraniano tem todas as qualidades para marcar a próxima década nas balizas e é cada vez mais claro o salto qualitativo que o Benfica deu na posição. Contra o Famalicão destacou-se entre os postes e fora destes pela capacidade de controlo da profundidade e da mancha. Impedir o Famalicão de marcar foi o primeiro passo para o Benfica resolver, já bem tarde, um jogo que chegou a estar partido e ameaçado.

A pressão do Famalicão forçou o Benfica ao erro, mas quando esta era superada os encarnados conseguiram ameaçar em transição. Rafa é mortal nestes cenários e, no jogo 300 pelo SL Benfica, somou duas assistências e um golo. Pelas declarações vai sair no final da época, possivelmente para longe do alto radar europeu onde só não chegou pela qualidade ao nível da decisão. Quando as acertou o Benfica geralmente marcou. A última assistência foi para Musa, que continua a ser esquecido tantas e tantas vezes, e que se afigura novamente como um super substituto. Vindo do banco, não precisa de muito para marcar e para oferecer ao jogo do Benfica outros argumentos de costas para a baliza em apoio.

E é neste desenho que o Benfica vai para 2024. Não é um Benfica rolo compressor, mas um Benfica com cada vez mais argumentos na saída de bola, forte e ameaçador em transição e com um guarda-redes que vale pontos. Três pontos iniciais para as “Boas Festas”, sejam elas em janeiro ou em maio. É renovado que o Benfica se apresenta para o novo ano.

BnR na CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

FC Famalicão

BnR: Na saída de bola o Gustavo Sá encontrava-se em posições muito adiantadas do terreno, quase como um segundo avançado, obrigando o Benfica a deixar um médio para trás. Pergunto-lhe se este posicionamento é propositado para uma segunda bola ou para o aproveitamento do espaço entrelinhas e se não sentiu que o facto de o Gustavo Sá estar tão adiantado retirou um médio da construção do Famalicão e obrigou o Famalicão a praticar um futebol muito direto?

João Pedro Sousa: Isso de facto aconteceu. Mas nós pensámos da seguinte forma, ou seja, percebemos que os dois médios do Benfica desdobravam na pressão, um dos médios saltava nos pivôs e outro ficava na cobertura na posição do Gustavo Sá. Se nós baixássemos o Gustavo Sá provavelmente nós iríamos levar pressão para a nossa fase inicial, iriamos levar mais um jogador do Famalicão, mais um jogador do Benfica e íamos fechar espaços. A nossa ideia era o Sá aproximar-se da linha defensiva do Benfica para arrastar um médio do Benfica e para, de alguma forma, encontrarmos espaços com outros jogadores, inclusivamente até com os alas e com o Cádiz com movimentos contrários para que um dos alas conseguisse encontrar espaço entrelinhas. Depois, como falou, muitas vezes tivemos que esticar o jogo, percebemos isso. Com o Benfica a pressionar bastante várias vezes, esticámos o jogo e o Sá poderia de uma forma ou outra conseguir encontrar espaço, e aconteceu isso inclusivamente até no último jogo contra o Estoril. Ele é muito inteligente nas segundas bolas, é forte e recuperando uma bola naquelas zonas do campo pode criar problemas ao adversário, a ideia foi precisamente essa.

SL Benfica

Nota: Não foi possível realizar qualquer questão a Roger Schmidt, treinador do SL Benfica.

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