Quando, logo de seguida, afirma peremptório “porque do Benfica, nem um”, volta a mentir e de forma descarada. Jorge Jesus mente para se colocar em bicos de pés – e, neste caso, para confirmar o seu ressabiamento endémico -, quando a resposta ao jornalista teria de ser: do Benfica houve dois, Renato Sanches (seis jogos; 377 minutos; um golo; e Melhor Jovem da competição) e Eliseu (dois jogos; 180 minutos). Sobre este tema o jornalista poderia, facilmente, acrescentar uma questão ao mister: por quantos partos teria a mãe de Renato de passar, para o Golden Boy 2016 chegar à equipa principal do Benfica, à selecção nacional e ao Bayern de Munique? Provavelmente, Jorge Jesus, também aqui, mentiria para se colocar em bicos de pés; neste caso, todavia, não o saberemos para já.
E quando insiste em falar dos títulos que alcançou no Benfica, evidencia o seu mérito, desvaloriza quem consigo colaborou, o presente, relevando as dificuldades provocadas pela força do mercado, que lhe levava involuntariamente “dois ou três jogadores todos os anos”. Jorge Jesus mente para se colocar em bicos de pés, quando a resposta à pergunta do jornalista teria de ser: as transferências de dois ou três grandes jogadores, por propostas irrecusáveis para o clube e para os próprios, eram, invariavelmente, colmatadas pela contratação de uma dezena de craques por si escolhida, sendo que, como regra, meia dúzia dessa fornada mostrava-se inapta para ser utilizada numa equipa como a do Benfica. Tínhamos, já nessa altura, a nossa dose de Douglas, Petrovic, Bruno Paulista, Meli, Alan Ruiz e Castaignos; e jogavam todos bola.
Termino este texto, dedicado ao Sporting e a Jorge Jesus – que tanto Benfica meteu nesta entrevista -, com uma referência à secção que respeita, para que ninguém possa achar estranho ou fique indignado. Rui Vitória é o treinador do Benfica; o passado não está mal; mas o presente e o futuro são muito melhores.
Foto de capa: Sporting CP