Carta Aberta a Rui Vitória

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Caríssimo Rui,

É assim que se começa uma carta, correto? Não tenho já a certeza, mas caríssimo não me sai bem tendo em conta o sentimento geral dos benfiquistas neste momento.

A minha verdadeira e honesta vontade era começar esta carta com um “Oh Rui, ‘tás te a passar?”, seguido de uma série de questões que me chegam a tirar o sono. Mas essas irei coloca-las de qualquer forma.

Antes de mais, eu, Joana Libertador, declaro-me defensora da sua posição desde que assumiu o cargo que ocupa atualmente no Sport Lisboa e Benfica. Digo-lhe mais: o meu ser encheu-se de felicidade ao ouvir alguém falar português, a ser educado e a praticar uma conduta de trabalho que me agrada (ou agradou), em vez de ter de lidar com uma besta quadrada e, em bom português, com um bronco. Digo isto com todo o respeito ao “senhor” que nos deu três títulos, entregou tantos outros os FC Porto, obrigou-nos a viver uma humilhação com David Luiz a defesa esquerdo, uma humilhação de luzes apagadas e rega ligada e até uma humilhação de perder tudo dois minutos após os 90. A sério, todo o respeito, mas a vinda de um treinador como o Professor (posso trata-lo assim?), encheu-me o coração.

Querido Rui, defendi-o sempre que pude, acreditei até ao fim, mas agora pergunto-lhe: o que se passa? Se esta questão não for respondida, então parece-me que chegámos a um fim.

Começo por lhe perguntar o que se passa nessa cabecinha para que, sempre que se encontra em vantagem, mandar Felipe Augusto aquecer e começar a pensar em que jogador ofensivo tirar de campo. E não vale responder “os jogos ganham-se a meio campo”, porque Augusto não ganha nada em lado nenhum. Não vale, ainda, responder que não há mais ninguém, porque Fejsa com menos um joelho ou Samaris fazem melhor que o médio que tanto adora.

Gostaria ainda de lhe perguntar o porquê de, depois de reforçar o meio campo e sofrer golo, usa a tática do “tudo ao molho e fé em Deus”. A fé é cada vez menos e Deus não parece estar do nosso lado.

Quem sou eu para o interrogar, não é? Afinal, que estatuto tenho eu para estar a pôr em causa as suas decisões? O treinador não sou eu. No entanto, sinto-me no direito de as colocar e, apesar de não ter qualquer estatuto, julgo perceber qualquer coisa do jogo e, ver as minhas perguntas respondias, até me poderiam ajudar a percebe-lo e, quem sabe, defendê-lo novamente.

Ver o Benfica a não ganhar deixa-me indisposta, mas começar a ver um jogo e já saber como vai ser, quais as substituições que vão ser feitas, deixa-me com uma ligeira vontade de falecer durante 90 minutos.

Avancemos que há mais perguntas a ser feitas. Diga-me, honestamente, a razão da insistência em Luisão. Porquê a situação Varela? Porquê Felipe Augusto? (Sou tão chata com o médio, eu sei, e peço desculpa, senhor professor).

Fonte: SL Benfica
Fonte: SL Benfica

Conheço, infelizmente, algumas das limitações do plantel. Sei que precisávamos de um guarda redes mais seguro e Svilar, mesmo que venha a ser o melhor do mundo, não merece ser lançado às feras (ou talvez mereça, afinal foi isso que lançou Ederson). Sei que, com a saída de Lindelof e a entrada de… ninguém, a defesa fraquejou e sei ainda que do lado direito não estamos melhores. E, com isto, lembrei-me de Pizzi. O que é suposto fazer Pizzi? Jogar 90 sobre 90 a cem por cento?

Nestas questões, ainda outra me surge e sei que não a vou ter respondida, mas não custa tentar: Rui, o que aconteceu no mercado? O que falhou para os setores mais afetados não terem tido direito a ser reforçados? O que falhou? Diga-me. Porque, dependendo da resposta, eu poderei dizer-lhe se há ou não condições para o apoiar durante mais um pouquinho.

Agora peço-lhe, de coração, faça alguma coisa. Deixe-se de contentamentos com mediocridades; Exija jogadores; Exija ajuda dos responsáveis nesse campo; Mude a estratégia, a tática. Rui, apenas faça alguma coisa.

E, para ficarmos esclarecidos, mesmo que o deixe de defender, não, não quero que ponha o lugar à disposição. Não agora. Mas não se sinta importante, porque eu sou contra a saída de um treinador a meio da época em qualquer situação.

Atentamente,

Mais uma adepta ligeiramente desesperada.

 

P.S.: O caminho não se faz caminhando. O caminho faz-se ganhando.

Foto de Capa: Playmaker

Joana Libertador
Joana Libertadorhttp://www.bolanarede.pt
Tem a vaidade, o orgulho, a genica, a chama imensa. Para além da paixão incontrolável pelo Benfica, tem um carinho especial pelas equipas que vestem vermelho e branco. Menos na NBA. Aí sofre por aqueles que vestem branco, ou azul, ou amarelo, ou preto (depende do dia) - os GS Warriors.                                                                                                                                                 A Joana escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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