Chiquinho | Cair em graça ou ser engraçado?

Benfica

Hoje vou contar uma história. Na euforia vivida na luz após a saída de Enzo Fernandéz, a grande maioria dos adeptos pensou que Aursnes seria a escolha natural para preencher a vaga deixada pelo médio argentino, mas a verdade é que foi Chiquinho a assumir essa mesma posição, e todo o furor em volta desse tema é sem dúvida algo a questionar.

Formado no Leixões SC, chegou ao SL Benfica na temporada de 2018/2019 onde, apesar de ter sido adquirido pelos encarnados, esteve emprestado ao Moreirense FC.

Depois desse empréstimo seguiram-se dois anos consecutivos de permanência no plantel das águias, onde o médio português mesmo nunca tendo grande protagonismo acabou por ser um jogador de rotação e de certa forma útil para a equipa em certas circunstâncias.

Contudo, na última época o paradigma mudou, e Chiquinho não fazia parte dos planos para a temporada que se avizinhava, acabando mesmo por ser emprestado, numa primeira instância, ao SC Braga, onde não conseguiu impressionar, levando os minhotos a cancelarem o empréstimo.

Após a saída dos bracarenses, Chiquinho viu a Turquia como o único destino possível para jogar o restante da temporada e representou o Giresunspor Kulübü até ao final da mesma.

Na chegada à presente temporada foi, para muitos, impressionante a permanência de Chiquinho no plantel das águias, pois, à partida, não se esperava que o médio fizesse parte das contas de Roger Schmidt, mas efetivamente o técnico alemão viu o português como uma peça bastante importante para a construção da equipa e para o seu funcionamento em toda a temporada.

Aos poucos, Chiquinho fez várias posições no início da época, maioritariamente trabalhando como um médio ofensivo cada vez que era chamado a jogo, mas é neste momento que chega janeiro e a atribulação do mercado de transferências.

A questão Enzo Fernandéz tornou-se um dos maiores temas relativo aos encarnados e enquanto o argentino era repetidamente alvo de poderosos polvos financeiros e capa dos jornais diariamente, Chiquinho permaneceu silenciosamente na sombra à espera da sua oportunidade. Ela surgiu, e a partir desse momento não mais a largou.

Chiquinho
Fonte: Carlos Silva/Bola na Rede

Chiquinho, numa questão de poucos dias, e de poucos jogos, passou da sombra do prodígio argentino para os holofotes dos grandes palcos, do banco de suplentes para a consecutiva titularidade no 11 das águias.

Passou de “Chiquinho” a “Chicão”, de um mero médio às burlescas comparações com Zinedine Zidane, dos insultos proferidos pelos adeptos às músicas com o seu nome cantadas pelos mesmos. É neste momento que surge a questão: Será toda esta euforia em volta do nome Chiquinho um fruto do contexto ou realmente da qualidade do jogador?

Por um lado, é necessário valorizar jogadores como Chiquinho que estão no plantel ano após ano, muitas vezes alvos de críticas por parte das massas adeptas e da comunicação social, sem grande tempo de jogo, sem protagonismo desportivo, mas que mesmo assim não baixam a cabeça, mantêm o trabalho e o respeito ao clube que representam.

Por outro lado, é preciso olhar verdadeiramente para o lado desportivo da questão, sem surrealismos e exaltações momentâneas. Chiquinho é um jogador competente, trabalhador e sobretudo um jogador de equipa, mas é também um jogador de certa forma limitado comparado com aquele que exercia as suas funções anteriormente ou aquele que as pode exercer também neste momento, Fredrik Aursnes.

Apesar de ser consistente na manutenção da posse de bola e do equilíbrio do jogo, não se destaca em aspetos que fazem sobressair jogadores que atuam naquela posição. Chiquinho não se caracteriza pelo distinto transporte de bola, pelos passes a rasgar a defesa adversária, pelos dribles desequilibradores, pelos desarmes ou roubos de bola, ou até mesmo pela sua chegada à área.

Chiquinho faz aquilo que se denomina como normal, pois não compromete mas também não acrescenta ao jogo ao ponto de ser um elemento em destaque. O médio português apresenta os dois lados da moeda e cabe a cada um, principalmente ao treinador, escolher aquele que acha mais relevante.

Apoiar a evolução e a consistência é digno de se valorizar até ao ponto em que se chega à sobrevalorização, que muitas vezes atrapalha o sucesso desportivo do jogador em questão. Chiquinho continua a ser aposta de Roger Schmidt, e ao que tudo aparenta, vai continuar a ser. A sua história no SL Benfica continua a ser escrita.

Guilherme Terras Marques
Guilherme Terras Marques
Orgulhoso estudante da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, vê no futebol e na sua cultura uma paixão. É apenas mais um jovem ambicioso que sonha fazer do jornalismo desportivo a sua vida. Escreve com o novo acordo ortográfico

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