Fim de Linha para Jesus: Reinvenção ou acomodação?

2011-12 só começa a correr mal, sabemos, quando a dupla é desfeita num jogo vital em Guimarães: derrota por 1-0 e a derrocada consumou-se nas semanas seguintes, com a cabeçada de Maicon e a morte do campeonato em Alvalade.

A campanha competente na Champions League desse ano proporcionou a venda (tardia e desconchavada) dos dois centrocampistas, originando a urgência em adaptar Enzo Pérez e assumir Matic, já trabalhado na sombra, para encarar 2012-13.

Aquela que seria a mais divertida e adulta – não necessariamente paradoxal – equipa de Jorge Jesus surgia aqui, numa afinação das versões anteriores e a criação do sistema que levaria até ás conquistas sul-americanas com o Flamengo. O interior de equilíbrios Ramires fundia-se com o “8” gestor de ritmos que era Witsel, culminando num Enzo Pérez que também aí muda a sua carreira para melhor. O Benfica perde tudo na última semana, mas o campeoníssimo de 2013-14 nasce precisamente aqui, no último grande ajustamento ao seu 4-4-2.

Os defeitos comportamentais e vícios técnicos foram sempre ofuscados pelo balão de oxigénio que representava o futebol de correrias ofegantes e transições até à exaustão que enchia de orgulho a Luz, desde sempre babada por essas referências estilísticas no trato da bola e na forma de encarar o jogo.

2014-15 – apesar dum grande campeonato nacional (até com a mudança de Enzo por Pizzi em Janeiro) já não é o mesmo Benfica, muito por culpa duma gritante desapego da roda europeia e a fixação pelo abismo sempre que viajava para fora de Portugal.

A fase de grupos é passada entre o mediano e o medíocre, como na ida a Leverkusen e na surreal aposta em Cristante, que Roger Schmidt tanto agradeceu e que certamente não esperava vingança tantos anos depois. Jesus focou-se no estritamente necessário: o título de campeão nacional e nos três (Nico, Enzo e Salvio) que sabiam o sistema de trás para a frente e o interpretavam sem recorrer a apontamentos. Isto resultou no melhor campeonato em termos pontuais e na pior prestação europeia desses seis anos.

Jorge Jesus saiu na época 2015/16 para o rival Sporting CP e só voltaria aos encarnados em 2020/21
Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

Sentia-se o término dum ciclo. Não só pela constante delapidação duma equipa duas vezes finalista europeia, mas pela crescente e acertada necessidade de aposta no talento do Seixal. Pelo caminho (sorte deles, como se viu depois) ficavam Bernardo Silva ou João Cancelo, preteridos na construção desse último plantel por nomes como Bebé, Luís Filipe ou André Almeida.

Pedro Cantoneiro
Pedro Cantoneirohttp://www.bolanarede.pt
Adepto da discussão futebolística pós-refeição e da cultura de esplanada, de opinião que o futebol é a arte suprema.

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