Neste início de campeonato, a grande revelação no Benfica tem sido o internacional suíço de 25 anos Seferovic. Com maior ou menor dificuldade, tem sido um gosto para os adeptos pronunciar em uníssono o seu nome três vezes, sempre que marca golo na Luz.
Depois das passagens por equipas como Luzern, Grasshoppers, Fiorentina, Neuchâtel Xamax, Lecce, Novara, Real Sociedad e Eintracht Frankfurt, clube onde o Benfica o foi buscar em fim de contrato e a custo zero, a verdade é que as suas credenciais não eram, de todo, as de um goleador: 36 golos em jogos oficiais, sendo que, nos últimos 3 anos de Eintracht Frankfurt, marcou 19, ou seja, mais de metade da sua conta pessoal.
Olhando para os números do avançado, nada fazia antever um início de campeonato tão próspero como este. Seferovic tem deslumbrado no Benfica, com exceção do último jogo frente ao Belenenses, no qual, na minha opinião, teve a pior performance desde que chegou, não querendo com isto dizer que tenha sido má.
Mas aquilo que realmente importa é que foram 4 golos em 4 jogos (3 para o campeonato e 1 para a Supertaça, o seu primeiro título da carreira). Que eficácia. Fora os tentos que ajudou a criar com a equipa, mas, só com estes 4 golos, já igualou o número de golos de toda a época passada, incrível, não?
Reparem, nos últimos 50 anos da história do Benfica, apenas dois outros jogadores evidenciaram a mesma veia goleadora do suíço em época de estreia: Nolito (2011/12), com cinco golos, em cinco jogos; Hader (1995/96) lidera a lista, com uns impressionantes seis golos nos cinco jogos iniciais.
O suíço tem algo que o distingue: não é um avançado que viva só de golos; é daqueles que também desgasta a defesa adversária, muito móvel, rápido, com bons recursos técnicos e muito forte fisicamente. Tudo isto faz dele um avançado que, mesmo que não marque golos, é muito útil, porque acaba por ser o primeiro defesa da equipa. Por falar em defesa, até aí marca pontos com a sua capacidade de acompanhar a defesa adversária na progressão do terreno, sempre muito aguerrido na disputa de bola e não dando uma como perdida.
Adaptou-se muito bem à dupla com Jonas, mas também, quem não? Tudo parece fácil com o nosso nº10 por perto. O facto é que os dois se têm complementado muito bem: com a pressão que Seferovic faz aos defesas, Jonas fica mais liberto para a sua criatividade e para explorar zonas de terreno mais favoráveis e menos ocupadas pelos adversários, ou seja, não está preso ao esquema tático e, assim, proporciona mais momentos mágicos dos quais o povo gosta.
Mas nem tudo são papoilas saltitantes e nós sabemos que a concorrência no Benfica é muito forte. Mitroglou e Jiménez, caso se mantenham no plantel, são potenciais candidatos à titularidade: basta relembrar a ultima época de Mitroglou, na qual foi o melhor marcador do Benfica, para se perceber que, se a nova aquisição no ataque abranda o ritmo, salta do onze facilmente. A lesão do grego e a indefinição de mexicano no plantel têm ajudado a dar minutos ao n°14 e são, sem dúvida, dois dos fatores favoráveis à sua rápida integração.
Em suma, tudo indica que estamos perante o novo ídolo para os adeptos encarnados, mas fica o aviso: para singrar no Benfica é preciso trabalho, dedicação e ambição. É preciso suar mais do que os outros para convencer Rui Vitória e os adeptos, e, principalmente, nunca desistir. Só assim se pode jogar num dos maiores clubes do mundo!
Foto de Capa: SL Benfica
Artigo revisto por: Ana Rita Cristóvão