Champions League, 3.ª jornada da Fase de Liga: Terça-feira, 21 de Outubro, 20h.
A ANTEVISÃO: POTENTES MAGPIES PROCURAM PRIMEIRA VITÓRIA EM CASA, À ÀGUIA IMPORTARÁ TER MANHA
Sim, não apenas no sentido mais pejorativo da palavra – sem inteligência, burro – mas sobretudo no significado mais abrangente do calão: ao Benfica cabe não ser ingénuo em St James Park e perceber que nunca compensará entrar nas loucuras físicas que o Newcastle de Eddie Howe tanto gosta e está habituado. Ou seja, não ser tolo.
Mourinho avisou várias vezes na conferência de antevisão, sublinhando que é obrigatório ao Benfica impor o seu próprio ritmo, o controlo da posse e o aproveitamento das chances criadas através da consistência posicional e da proximidade de todos.
«O mais importante é amanhã conseguirmos que o jogo não seja só o jogo que eles querem. Temos que conseguir que em alguns, muitos momentos, seja aquilo que nós queremos – porque somos equipas com perfis muito diferentes, com características completamente diferentes. Se não conseguirmos, passamos mal…» disse à Sporttv, já depois duma sessão de perguntas mais demorada onde fez questão de sublinhar também as diferenças sociais entre a Londres onde o Benfica jogou há três semanas e esta zona do Northeast, muito mais próxima de Edimburgo (190 km) que da capital inglesa (450), as quais diz criarem uma envolvência muito própria, além da óbvia ligação a alguém muito especial.
«Não é só o estádio. É o clube, a história, a paixão dos adeptos e o poderio económico que permitiu sair de uma situação complicada e ganhar a Taça da Liga Inglesa uma vez mais, após alguns anos de ausência. Trata-se de uma equipa que está perto de coisas maiores. Adoro jogar aqui. Disse isso aos jogadores: mesmo como adversário, é fantástico jogar aqui. Trabalhei com o mister Robson durante seis anos, aprendi bastante a nível desportivo e pessoal (…) Não existiu um dia em que não mostrasse a paixão pelo Newcastle. Nunca escondi que sempre foi um clube especial para mim, fruto da influência do mister Bobby Robson».

Quando lhe perguntaram se assinava de cruz um empate, Mourinho prontamente disse que não – que queria lutar, que queria ganhar; Quando lhe impuseram a pergunta do que faltava ainda ao Benfica para ganhar em St James Park, respondeu a devolver – «E se ganharmos? Se ganharmos já não precisamos de nada, não é?» De otário tem muito pouco.
No outro lado da barricada, a mesma ou talvez ainda mais admiração que a demonstrada por Farioli. Eddie Howe é um prodígio dos bancos ingleses, vai construindo ponderadamente um dos melhores projectos da Premier – em Newcastle desde 2021 – e desfez-se em elogios para Mourinho, reconhecendo a influência do trajecto do português na sua própria história.
«Não digo isto só porque vamos jogar contra ele amanhã. Eu acredito genuinamente nisso. O impacto que ele teve, inicialmente, foi incrível. Tinha uma aura à volta dele e das suas equipas. As suas equipas eram sempre difíceis de bater. Eu lembro-me de ver as suas equipas nos meus primeiros tempos como treinador, quando eu estava a tentar moldar a maneira como queria jogar e o que pensava sobre treino. E ele teve um grande impacto».
Sobre o momento actual do seu ídolo? Eddie não concorda que José se tenha tornado um resultadista e de pronto não teve pejo em mostrar as semelhanças entre filosofias e maneiras de pensar.
«Foi um 0-0, mas não foi – e eu não gosto da frase, para ser honesto – uma exibição de estacionar o autocarro, foi uma exibição com disciplina defensiva, mas também foram uma ameaça no ataque, especialmente na segunda parte. Não temos ilusões, vai ser um jogo taticamente interessante».
Para impor o seu 4-3-3 de alta rotação amanhã, Eddie só não poderá contar com Livramento e Lewis Hall; Tonali, a contas com episódio infeccioso, ainda está em dúvida, mas em princípio será um «touch and go» nas palavras do treinador.
Responsável pelo apito e pelo melhor ajuizamento das jogadas: o polaco Szymon Marciniak.
10 DADOS RÁPIDOS
- Não é entusiasmante o score benfiquista em Inglaterra: são só quatro vitórias em 19 jogos, com 12 derrotas e 38 golos sofridos.
- E ainda que o Benfica não tenha perdido na única viagem que fez a St James Park (1-1, Liga Europa 12/13 com Jorge Jesus),
- Nem o registo de Mourinho no mesmo estádio ajuda a melhorar perspectivas, porque das 12 vezes que lá foi, só saiu vitorioso em… 3. Aliás, esteve sem ganhar entre 2006-07 e 2019-20, num interregno com cinco jogos (dois empates e três derrotas).
- A última vitória benfiquista em solo inglês foi o 1-3 em White Hart Lane, ao Tottenham de Sherwood, na mesma Liga Europa 2012-13.
- Antes de Jesus, o Benfica contava com duas vitórias em dez jogos. Com ele, fez 2-2-2 (vitórias-empates-derrotas) em seis jogos, a melhor fase de sempre contra ingleses.
- Eddie Howe, que já jogou na Luz um Eusébio Cup (perdendo-a…), só ganhou um dos quatro jogos efectuados em casa para a Champions (o 4-1 ao PSG de Luis Enrique, 23/24).
- E a melhor tática para o Benfica será marcar primeiro, que comebacks é coisa que o Newcastle não consegue desde Fevereiro, e o 4-3 ao Nottingham.
- Woltemade de total impacto, com 5 golos em oito jogos, mesmo que longe dos tempos de utilização (518’) dos mais estabelecidos, como Nick Pope e Dan Burn (900’).
- Atenção à bola parada: do mais provável onze magpie, só dois (Trippier e Elanga) têm menos de metro e oitenta – a média de alturas ronda os 188 centímetros e há cinco jogadores com mais de 190
- Szymon Marciniak não traz grandes recordações às Águias: sob sua jurisdição, o Benfica não ganhou nenhum dos três jogos fora de casa – empate no Mónaco (2014-15), e derrotas em Munique (2015-16 e 2021-22); Já com o Newcastle só esteve uma vez, em Paris há dois anos, e deu empate.
JOGADORES A TER EM CONTA
Nick Woltemade – Mesmo que Anthony Gordon tenha marcado nos dois jogos milionários, é natural que as atenções recaiam sobre o Big Nick, a contratação cirúrgica com que Howe decidiu colmatar a saída de Isak e com dividendos imediatos, com rendimento acima do imaginado. Com quase dois metros, nem para Otamendi será fácil ganhar nas alturas; com a presença técnica e capacidade de se associar como pivot ofensivo, também Barrenechea ganhará dores de cabeça. De todos os problemas provocados pelo adversário, será ele o mais urgente a resolver.

Georgiy Sudakov – Em Chaves, fez 89 minutos de muito esclarecimento e controlo, saindo como o rei dos passes progressivos (10) quase como se jogasse de frente para o jogo; Já em Londres fora dos mais combativos e presentes, tentando ser ele o ponto de equilíbrio para Lukebakio se soltar no lado oposto. Em Newcastle, muito feliz será o Benfica se o nível for o mesmo, imaginando ele as investidas que o belga ou Pavlidis concretizarão depois. Não sendo o mais pomposo dos maestros, é cada vez mais o farol duma equipa em reconstrução e por isso fundamental que assuma a mesma preponderância. Repetir a exibição de Londres já seria positivo.
XI´s PROVÁVEIS
Newcastle: Nick Pope; Trippier, Thiaw, Botman e Dan Burn; Tonali, Joelinton e Bruno Guimarães; Gordon, Woltemade e Elanga.
Treinador: Eddie Howe
«Queremos ganhar, estamos desesperados por pontos. Vai ser um jogo competitivo entre dois grandes clubes».
Benfica: Trubin; Dedíc, António Silva, Otamendi e Dahl; Barrenechea e Ríos; Lukebakio, Aursnes e Sudakov; Pavlidis
Treinador: José Mourinho
«Vamos defrontar uma equipa muito forte. As pessoas menos atentas olham para a classificação da Premier League e ficam enganadas relativamente ao potencial deste adversário. São excelentes do ponto de vista da organização, possuem jogadores escolhidos a dedo, tendo em conta as ideias do treinador. Fortíssimos nas bolas paradas, muita velocidade nas alas».
PREVISÃO DE RESULTADO: Newcastle 1-1 Benfica