Mas o que faltava afinal a Mitroglou?

Às ordens de Rui Vitória, o Sport Lisboa e Benfica tem um estilo de jogo entre linhas a um e dois toques, privilegiando a posse de bola onde, no último terço do campo a bola é constantemente colocada nos extremos ou laterais que tentam colocar a bola na área com vista ao aproveitamento dos forte jogo de cabeça dos seus avançados, refiro-me a  Mitroglou, Jonas ou Jimenez.  A servir as alas encarnadas, costuma ser  Pizzi a fazer a  bola chegar com qualidade o que, sozinho não chega isto porque, muitas das vezes, Gonçalo Guedes sendo um jogador mais explosivo que Jonas, também gosta mais de correr com bola, afastando os defesas adversários das suas posições e tentado várias vezes o remate de longa distância, descaindo das alas para o centro do terreno, algo que beneficia um avançado mais móvel como Jimenez porém deixa Mitroglou muitas vezes, “isolado” numa ilha sem apoios entre linhas.

Apesar de este ser um dos problemas que tendem a ser ultrapassados com o regresso de Jonas, não se pode deixar de referir a falta de critério e qualidade nos cruzamentos desta época. Se na época passada tínhamos jogadores com muita qualidade neste capítulo, quer com Gaitán, com Pizzi que jogava no flanco direito ou ainda com André Almeida ou Eliseu em que ambos protagonizaram várias assistências, esta época perdeu-se essas peças importantes para o estilo de jogo dos encarnados o que, se analisarmos bem, são poucos os golos desta temporada através de cruzamentos.

Tudo isto se explica com golos em que, na maioria, são feitos em jogadas de futebol direto a 1 e 2 toques com processos simples, muitas vezes com os extremos a perfurarem as grandes áreas adversárias que o Benfica chega ao golo, algo que não favorece muito o estilo de jogo de Mitro.

Com a falta de critério de Salvio, Nélson Semedo e, diga-se de passagem, Cervi está longe de ser um exímio especialista nos seus cruzamentos, Mitroglou marcou a maioria dos seus golos nesta temporada em bolas paradas ou, inicialmente, com belas assistências de Grimaldo que, entretanto, se lesionou. A verdade é que o jogo com jogadores com critério como é o caso de Zivkovic ou de  Rafa tornam Mitroglou outra vez, um “amigo dos golos” e que, juntando outra referência na frente de ataque das águias, Jonas, deixam os defesas adversários à nora com esta que é uma dupla de avançados de excelência que o Benfica dispõe.

Com isto não quero dizer que Jimenez não é bom jogador e não tem margem para progredir e vir a ser titular indiscutível no clube da Luz. O que eu quero dizer é que, enquanto esta dupla continuar a faturar e a amedrontar os adversários, é difícil imaginar Mitroglou no banco, um jogador essencial nos grandes jogos, que já mostrou que sabe marcar muitos golos, que complementa Jonas na perfeição, que é a referência número um de bolas longas que Ederson ou os centrais gostam de explorar e que, juntando a isto, raramente desperdiça uma boa bola de cabeça.

O que faltava então a Mitroglou parece ter sido deixado para trás e o seu lugar é, novamente, indiscutível.

Foto de Capa: SL Benfica

Júnior Barroso
Júnior Barrosohttp://www.bolanarede.pt
Depois de 11 anos como federado, a tática, a estrutura, e tudo aquilo que envolve o futebol fizeram com que Júnior visse o futebol de uma maneira diferente. Adepto assíduo da Premier League desde os seus seis anos, acredita ainda que a essência do futebol de rua perdurará sempre em detrimento da tática. Considera-se um estudioso do futebol.                                                                                                                                                 O Júnior escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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