Contudo, e de forma absolutamente antagónica, existe um menino de 18 anos. Um menino com imensa qualidade e com uma margem de progressão bastante considerável. Mas um menino.
Mile Svilar, numa situação algo idêntica à de Bruno Varela, caiu de para-quedas na equipa – Júlio César já não é garantia de estabilidade e Bruno Varela é carta fora do baralho. Restava o jovem, que era visto como opção de futuro, mas não a curtíssimo-prazo. Logo na segunda partida que realizou, frente ao Manchester United, foi atraiçoado por um remate venenoso de Rashford e o Benfica acabou por perder esse jogo pela margem mínima. No entanto, e ao contrário do caso de Bruno Varela, não só permaneceu como titular, como conseguiu cair ainda mais na graça dos adeptos dos benfiquistas e originou um discurso convicto, e vinculadamente defensor, por parte do treinador Rui Vitória.
Mais do que o apoio e as críticas que os adeptos fazem aos jogadores – tão depressa estão nas bocas do mundo pela qualidade que apresentam como pela falta dela – exige-se a gestão correta, a nível pessoal e desportivo, por parte dos treinadores. Antes de gerirem componentes técnico-táticas, gerem seres humanos com tudo o que isso acarreta – motivações, estados de espírito, pressões – e fico com a sensação de que Rui Vitória se desleixou nesta componente.
O tratamento não foi o certo, nem tão pouco se assemelha à postura que o treinador apresenta ao nível da relação com os seus jogadores, e se num plantel uns são meninos queridos por virem de fora e outros são simplesmente os outros porque com os nossos podemos tudo, o resultado só pode ser um. Bruno Varela quer sair do Benfica para jogar com a regularidade que com Rui Vitória dificilmente vai ter. Este caso não é único, e muito menos é só de agora.
Foto de Capa: SL Benfica