Sempre julguei ser mais e melhor por ser diferente. Sempre julguei ser mais e melhor por não alinhar em boatos, em circos, violência, acreditar em especulações e não concentrar-me no extra quarto linhas para tentar vencer dentro de campo (ou pelo menos distrair os outros).
Para quê? No fim, o “podre” e a violência dominaram todo o futebol português. A partir do momento em que o último grande alinha em novelas, tudo morre. Imaginemos agora que os verdadeiros queixosos, os clubes do terceiro lugar para baixo, resolviam todos também cuspir para o ar, ameaçar e fazer barulho em todos os programas desportivos: o que era de nós? É necessário, com a máxima urgência, combater este ambiente pesado e ameaçador no qual todos apontam o dedo uns aos outros, como se algum fosse, de facto, melhor que o outro.
Falou-se aqui de Sport Lisboa e Benfica e Futebol Clube do Porto, mas como foi dito (e talvez a única coisa realmente importante a reter) no mais ridículo programa da BTV, estas instituições são centenárias e prestigiadas, o problema é quem está à frente destes clubes, quem os representa na comunicação e todos os “avençados” que usam qualquer tempo de antena livre para “cuspirem para o ar”.
De que importa o “novo apito dourado”? De que importam os rumores se dentro de campo ganhar o melhor?
É, sim, necessário criar condições para que os árbitros possam realizar a sua função sem medo ou pressão. É, sim, necessário criar condições para que se respire um ar saudável num desporto de tanta importância em Portugal. E essas condições não vão ser criadas com programas de televisão e acusações mal fundamentadas. Não podemos permitir (nem eu quero acreditar) situações como “a uma hora de se realizar um jogo, um árbitro” receber “uma chamada da esposa” a dizer que lhe “tinham tocado à campainha de casa a perguntar pela filha e a oferecerem-se para a levar ao colégio no dia a seguir”, revelada por José Marinho. É necessário combater estas ameaças e aqueles que as expões sem provas e factos concretos.
Na minha humilde opinião não existe um “novo apito dourado”. Existe apenas e tão somente um agravamento do estado de miséria do desporto rei de Portugal. E, neste auge, todos se revelam o mesmo: algo que mancha tudo o que acontece dentro das quatro linhas, algo que mancha tudo o que deveria ser bonito.
Quero deixar, por fim, um pequeno apelo a todos os envolvidos no futebol, desde jogadores a adeptos, passando por dirigentes: Parem de estragar o espetáculo, parem de incitar ao ódio; Parem de odiar e passem a amar o mais maravilhoso desporto do mundo.
Foto de Capa: SL Benfica