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O plano tático do Benfica que dominou o Nápoles

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Há muitos méritos na vitória do Benfica sobre o Nápoles na Champions League. Se é verdade que os napolitanos tiveram menos dois dias de descanso, se é verdade que chegaram a Lisboa com sete baixas de peso, também é verdade que, nos últimos cinco jogos, os italianos venceram todos e que chegavam à Luz como favoritos. O que as águias fizeram em casa roçou a perfeição, tanto no delineamento do plano, como na sua execução.

A fisicalidade do Nápoles e as marcações individuais a campo inteiro apresentavam desafios a um Benfica que, como vem sendo hábito, junta muitos médios e não tem aceleradores ou desequilibradores no drible na frente. Face a estas marcações e encaixes agressivos, coube a José Mourinho, numa primeira instância, e aos jogadores, na que mais importa, perceber quais os espaços livres e as vantagens que poderiam gerar.

José Mourinho Benfica
Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

Não há como não dar ao meio-campo os maiores louros relativamente à forma como o Benfica dominou o Nápoles. Entre os cinco médios, nenhum – individualmente e coletivamente – deixou a equipa para trás e foi a partir destes que o Benfica atraiu o Nápoles e encontrou espaços para acelerar.

A capacidade de atração foi fulcral para o Benfica encontrar espaços nas costas que a presença de Franjo Ivanovic no onze já fazia adivinhar. Perante um Nápoles que marcava individualmente, mas com uma desvantagem numérica no meio-campo (3X2), o Benfica percebeu que, saindo a quatro, teria sempre capacidade de colocar um jogador sozinho de frente para o jogo. Esse nome era Enzo Barrenechea.

Com David Neres sobre Nicolás Otamendi, Samuel Dahl projetava-se para segurar Giovanni Di Lorenzo e abrir um buraco sobre a esquerda na saída de bola do Benfica. Com Scott McTominay a acompanhar Richard Ríos e Elif Elmas sobre Barreiro, Enzo Barrenechea conseguiu lateralizar sobre a esquerda, ver o jogo de frente e tomar decisões com tempo e espaço. Encontrou o contexto que mais favorável lhe é para se destacar.

Richard Ríos Benfica
Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

Perante os encaixes individuais, o Benfica apostou na desordem organizada e pôs as peças a mexer. Leandro Barreiro soube baixar, não para ter bola, mas para chamar Elmas com ele. Richard Ríos voltou a ser dominante – tem nestes jogos terreno fértil para exibir as suas qualidades –, variando posições, projetando-se de trás para a frente e jogando e fazendo jogar. As explicações de José Mourinho sobre o trabalho com o colombiano, mostram que já percebeu a essência do jogador. Era o que faltava para, progressivamente, subir de rendimento.

Georgiy Sudakov foi destaque silencioso. A partir da esquerda, mas flutuando por dentro, criou dúvidas a Sam Beukema nos acompanhamentos. Sempre que o neerlandês não foi até ao fim, o ucraniano conseguiu receber, ver o jogo de frente e organizar o ataque do Benfica. Sabe entender os ritmos do jogo e geri-los e permite às águias decidir melhor no último terço. A partir da direita, mas com outra abrangência de movimentos, Aursnes foi um facilitador. É neste papel, compensando e cobrindo movimentos dos colegas e gerando vantagens, que o norueguês mais útil pode ser ao Benfica. Soube quando baixar para criar superioridades e dúvidas na pressão do Nápoles, mas também quando se aproximar à esquerda, fazendo diagonais em todo o campo, e dando ao Benfica possibilidades de saída.

Na frente, Franjo Ivanovic foi um recurso valioso. As oportunidades falhadas traduzem-se numa falta de confiança evidente, mas a exibição num todo permite construir alicerces mais sólidos para o croata se encaixar no Benfica. Tal como Richard Ríos ou Sudakov, não é um mau jogador, mas precisa do contexto para render. Contra o Nápoles, soube provocar e agredir a linha defensiva, forçando ruturas, atacando espaços e criando engodos para outros jogadores receberem. Num Benfica que construiu prioritariamente à esquerda (apesar da capacidade de Amar Dedic de se envolver), os movimentos do croata libertaram espaço.

Franjo Ivanovic Benfica
Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

Defensivamente, o Benfica também cumpriu o plano. Nunca foi, verdadeiramente, ameaçado pelo Nápoles e esteve confortável a defender mais alto e mais baixo. Quando subiu na pressão – Aursnes é fundamental nestes momentos – causou problemas à saída de bola italiana, recuperou bolas em zonas avançadas e agigantou um Estádio da Luz que acompanhou a exibição encarnada. Mais atrás, raramente deixou Noa Lang e David Neres – o mais atrevido dos italianos – jogar com espaços e os centrais encarnados (Nicolás Otamendi pelo ar, Tomás Araújo na velocidade) engoliram Rasmus Hojlund.

Quando o jogo se podia complicar, e Antonio Conte foi somando centímetros ao Nápoles, José Mourinho soube fechar a equipa, continuar a garantir superioridade na área, pela entrada de António Silva, e dar-lhe recursos para segurar mais a bola com Vangelis Pavlidis. Para o final, ainda houve minutos a Tiago Freitas e José Neto, que dificilmente esquecerão o dia. Não há exibições perfeitas, mas a do Benfica esteve lá perto. As contas são agora mais simples de fazer e, de uma época para esquecer, as águias podem fazer uma recuperação a roçar o milagre. Pela frente estão tubarões como a Juventus e o Real Madrid… tal como o era o Nápoles.

Nicolás Otamendi Benfica
Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

BnR na Conferência de Imprensa

Bola na Rede: Já aqui destacou a forma como o Benfica conseguiu atrair a pressão do Nápoles para explorar espaços na frente. Na construção de jogo encarnada, qual a importância individual e coletiva, por um lado do Barrenechea lateralizar à esquerda e ver o jogo de frente, sozinho, e num segundo momento dos movimentos a toda a largura do Aursnes. Qual a importância dos dois jogadores na construção de bola?

José Mourinho: Tu percebes da coisa. Parabéns, tu percebes da coisa. Pode ser que te levem para substituir algum dos sabichões que não sabe de nada. É uma pergunta ótima. Aquele posicionamento do Barrenechea criava-lhes um problema porque eles têm só dois médios, o Elmas e o McTominay. Quando o Enzo abre naquela posição, ou não pressionam e ele consegue receber a bola sozinho, ou salta um médio e abre mais espaços por dentro, ou tem de saltar um jogador tipo Neres, que efetivamente não é um rapaz cujas qualidades mais fortes são a ocupação dos espaços defensivos. A movimentação do Enzo naquela posição é chave no nosso jogo com bola neste jogo.

Diogo Ribeiro
Diogo Ribeirohttp://www.bolanarede.pt
O Diogo tem formação em Ciências da Comunicação, Jornalismo e 4-4-2 losango. Acredita que nem tudo gira à volta do futebol, mas que o mundo fica muito mais bonito quando a bola começa a girar.

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