Os 3 grandes jogos entre SL Benfica e SC Braga no Estádio da Luz

Benfica

Coube ao SC Braga o papel de primeiro grande obstáculo na epopeia de Roger Schmidt em Portugal e, inexplicavelmente, em dose dupla – as únicas derrotas do técnico alemão até Abril – o que por si só é um enorme sinal de competência, mas que paralelamente denuncia um certo desconforto em duas circunstâncias, bifurcação que resulta na dúvida geral: será a postura tática de Artur Jorge o antídoto para o gegenpress schmidtiano ou as duas derrotas na Pedreira resultaram exclusivamente dos temores causados pela imponência do coliseu, tenebroso quando se juntam as paralisantes brisas do Minho?

Este sábado dissipa-se. A dúvida e o campeonato para um dos intervenientes – derrota na Luz é passadeira estendida para Portistas no assalto ao primeiro lugar, caso Schmidt confirme que é Artur Jorge o problema; Fica o Benfica mais perto e a poder perder em Alvalade, na penúltima jornada, caso o Braga estrague finalmente a gloriosa série de oito jogos sem perder na Liga.

Decidimos então reunir três memórias de grandes tardes de futebol na Luz, nas quais o Benfica pisou o SC Braga de diferentes formas –  como a possibilidade actual, vencendo para confirmar definitivamente pretensões à Campeão; ou goleando, que foi norma nos últimos anos de jogos em Lisboa e que daria um outro tom a esta fase mais cinzenta que os encarnados atravessam.

SL Benfica x SC Braga: 2009/10

Corria o Benfica para o titulo, Jorge Jesus abanava a perna mas Domingos Paciência continuava estoicamente agarrado ao seu calcanhar, insistência sobre-humana que durou até ás últimas. Chatinho, fez daquele Braga equipa “chatinha”, osso duro de roer que ultrapassava contrariedades como quem bebe água – e nisso eram semelhantes àquele Benfica, que tinha chegado do Algarve uns dias antes. Que foi lá fazer? Ganhar a Taça da Liga com um 3-0 ao FC Porto de Jesualdo, que já andava como figura terciária.

Depois daquele frente ao Sporting em 2004-05, depois do cabeceamento com o qual bateu Pepe Reina na primeira-mão dos oitavos de final da Champions, em 05-06, surge novamente Luisão como homem imprescindível nos momentos decisivos, ditando a sua vontade com recurso à bola parada : se nas outras duas tinha sido de cabeça, desta vez sujeitou-se ao pontapé desajeitado, num gesto que traduzia a obsessão de todo um estádio em metê-la lá dentro. 1-0, vantagem aumentada para seis pontos e olá campeonato, cinco anos depois.

Três dias depois, havia vitória contra o Liverpool no mesmo sítio, um 2-1 que fazia sonhar com a glória europeia a barrar na fatia nacional – Fernando Torres castigou a gula e comandou a remontada na segunda mão, opôndo-se a um Benfica ambicioso mas muito verdinho.

SL Benfica x SC Braga: 2018/19

Foram as melhoras da morte de Rui Vitória. Tanto futebol era anacronia para Benfica tão doente como aquele, tão gastas estavam as ideias do treinador e tão desligados andavam os intérpretes: o Benfica que nessa antevéspera de Natal aplica chapa meia ao Braga é um conjunto que no final de Outubro andara quatro jogos sem ganhar e chegado ali, a Dezembro, era quarto classificado. Antes deste sonambulismo que replicara os melhores momentos de 2015-16 ou 2016-17, o Benfica havia jogado a quinta eliminatória da Taça contra o Montalegre, a quem vencera 1-0 num longo bocejo; Depois do 6-2, no fim de semana seguinte, aquela patetice em Portimão, com direito a autogolo de Rúben Dias e uma conferência de imprensa onde Rui Vitória apresenta, sozinho, o seu próprio despedimento.

Malabarismos injustos para um homem que nunca precisou de circo para ganhar.

SL Benfica x SC Braga: 2021/22

Carlos Carvalhal comandava o Braga em série de 10 jogos sem perder e surgia sobre Jesus como uma assombração – depois de lhe ter ganho a Taça de Portugal uns meses antes, chegava à Luz para bloquear as ideias dum Benfica em queda, depois do bom início de época culminado no 3-0 ao Barcelona: as águias arrastavam-se em campo há três jogos – ou seja, não ganhavam – e chegavam de Munique com saco cheio, depois dum 5-2. Haveria pior momento?

Além disso, já pulavam pelas redacções os rumores de corte de relações entre plantel e o treinador, tema central da sua saída um mês depois – e nessa semana, Everton Cebolinha tinha falado sem autorização para o podcast Tudo em Off, onde contava que ficava acordado até tarde para ver o seu Grémio ou que tinha precisado de tradutor nos primeiros tempos de Benfica. Porquê? Explicava ele, ipsis verbis: «pô, os caras falam muito rápido»!

Pois bem, dos gabinetes da Luz saiu uma multa para o jogador, que se resguardou com um pedido de desculpas expresso. Talvez por isso, o instintivo Jesus tenha percebido que era o momento certo para lançar o jogador a titular, desfazendo o 3-4-1-2 com que tinha começado a época, onde Rafa deambulava atrás de Yaremchuk e Darwin aparecia da esquerda – o uruguaio voltou para a posição central e Everton entrou para essa meia esquerda. Resultado? Não se notando qualquer tipo de cansaço ou falha de comunicação, o brasileiro puxou do brio profissional e desfez as amarras defensivas de Carvalhal. Fez dois golos, assistiu outros dois e cumpriu a melhor exibição de todas as que fez equipado de vermelho. O único senão da noite? A lesão grave de Lucas Veríssimo, o único motivo para explicar que o central brasileiro ainda por cá jogue, dois anos depois. Tivesse ele continuado aquele nível e seria por estes dias um dos nomes da moda nas Premiers da vida.

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Adepto da discussão futebolística pós-refeição e da cultura de esplanada, de opinião que o futebol é a arte suprema.

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