É ele o principal implicado de toda a história e de quem as declarações justificativas só contribuem para a estupefacção geral e dificultam o apuramento de responsabilidades. Afinal, só ele conseguiu extrair algo de positivo de tudo isto, com a maior receita anual a cair-lhe no colo na melhor altura.
Tendo sido o principal prejudicado aquando da fase mais precária em 2020-21, que impediu o SL Benfica de se superiorizar moralmente e impedir novos contornos antidesportivos a uma Liga mal organizada? De não perpetuar a má conduta apresentada contra si próprio em ocasiões anteriores?
Compensará o 7-0 todos os danos reputacionais resultantes da exposição internacional do circo organizativo que envolveu o pré e pós-jogo? Quais as vantagens de ir a jogo nestas condições e apostar no onze mais forte com o clima de incerteza já instalado e na preparação condicionada da equipa adversária, apesar dos “38 jogadores inscritos” – o maior mistério de todos?
Porquê contribuir para a parafernália de avanços e recuos nas 48 horas anteriores ao jogo, ao contrário de assumir desde logo uma posição definitiva no dia anterior à realização, independente das circunstâncias adversárias – ou apresentavam os 18 convocados 24 horas antes ou ninguém do SL Benfica compareceria?
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— SL Benfica (@SLBenfica) November 28, 2021
Teria, neste contexto, coragem a Liga de Clubes para confrontar Rui Costa com punições ou multas – a mesma coragem que não teve para assegurar um espetáculo digno de um país civilizado? A quem coube a capacidade de priorizar a saúde pública e porque não podia o SL Benfica zelar pelo bem-estar de todos, sabotando a realização da partida?
Esse mau-estar foi afirmado pelo próprio Rui Costa, ao dizer que apenas “cumpriu o regulamento” já que “não agradou” entrar em campo. Foi mais além o presidente das águias, quando confrontado com a questão de que se tivera Rui Pedro Soares contactado o SL Benfica perto da hora marcada para o inicio do jogo para perceber a sua disponibilidade em adiá-lo.
“Ás 19h13 ou às 19h20 o SL Benfica já estava equipado numa circunstância que nem sequer sabia quantos jogadores tinha o Belenenses SAD para apresentar em campo (…) até à folha de jogo, o SL Benfica não sabia quantos jogadores o Belenenses SAD tinha”.
Declarações que o tornam impermeável a qualquer responsabilidade, mas que oferecem a possibilidade de questionar a falta de iniciativa por parte dos encarnados e a apatia diretiva, sempre na expectativa e receosa das sanções de uma Liga de clubes que se preza por tomar decisões em cima do joelho.
Isto leva-nos à pergunta primordial: que diferença fazem três pontos quando olhamos o panorama criado e vemos o SL Benfica a escorregar em nova esparrela mediática que era perfeitamente evitável?