Por que é que o SL Benfica não tomou uma decisão proativa?
O SL Benfica fez o que lhe competia no Jamor. Respeitou decisões superiores, esperou pacientemente pelo desenrolar dos preparativos e apresentou-se da mesma forma que se apresentaria num jogo de máxima importância.
Darwin traduziu o compromisso da equipa com um desbocado hattrick, atribuindo ainda mais ao jogo uma atmosfera surrealista – enquanto os encarnados não tiravam o pé do acelerador, uma empresa futebolística com as cores do clube histórico de quem quis apoderar-se da identidade alinhava com um guarda-redes a lateral-direito.
O 7-0 ao intervalo foi nota de rodapé na verdadeira novela mexicana que ainda perdura no campo mediático, com direito às lágrimas, cliché do clímax emocional (que não costuma ser o intervalo) e a uma dificuldade aberrante em assumir responsabilidade.
Tudo atira a batata quente ao interveniente vizinho e ao SL Benfica, o único sem qualquer responsabilidade, apenas se podem imputar culpas de ingenuidade e permissividade pouco compreensíveis.
Não foi a estreia que muitos sonharam, mas o nosso orgulho não tem limites 💙
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— Belenenses Futebol SAD (@OsBelenensesSAD) November 28, 2021
Houve pão para malucos e Rui Costa, que defendeu de forma exemplar o clube na conferência de imprensa pós-jogo, pecou pela forma tardia como o fez e assim o nome e imagem do SL Benfica encontram-se, mais uma vez, ligados a episódios pouco recomendáveis.
Poderia, sim, o clube ter uma atitude mais proativa na decisão de se realizar, ou não, um jogo que a poucos interessava. À medida que foram saindo as notícias de um surto no plantel adversário, cabia ao SL Benfica – escaldado ainda pelo janeiro transato – de se precaver e tomar medidas, afirmando e recorrendo ao seu estatuto de instituição desportiva mais importante do país para agilizar o adiamento do jogo.
Ninguém duvida de que a voz dos encarnados fosse ouvida nas instâncias da Liga de clubes caso fossem tomadas intervenções mais convictas na defesa da legitimidade das condições dadas aos seu plantel e, mais ainda, à massa adepta que se sabia ir deslocar-se ao Jamor no acompanhamento incondicional à equipa.
Com bilhetes dos 15€ aos 35€, os 6096 benfiquistas que se predispuseram a um espetáculo incerto até à hora marcada (e condenado desde aí) encheram, por amor ao próprio clube, os bolsos de Rui Pedro Soares.