Problema na frente de ataque – mito ou realidade?

Este poderia ser mais um artigo a lamentar a longa recuperação de Jonas – aquele que, ano após ano, tem sido sistematicamente o nosso melhor marcador/jogador. Mas não, caro leitor. Neste artigo, vou abordar e dar o meu parecer sobre a apatia que parece estar a haver na nossa frente de ataque, neste início de temporada.

Já foram três os avançados utilizados por Rui Vitória desde que começamos a disputar os jogos oficiais. Ferreyra foi o primeiro a ser eleito como ponta-de-lança titular. Apesar de 60 minutos algo apáticos na primeira mão da 3.ª pré-eliminatória de acesso à Champions League, frente ao Fenerbahçe SK, Ferreyra voltou a merecer a confiança do seu treinador para figurar no 11 inicial do primeiro jogo da Liga NOS, frente ao Vitória Sport Clube. As coisas voltaram a não correr pelo melhor ao ponta-de-lança argentino e, logo no jogo seguinte, o argentino deu o seu lugar a Castillo na disputa da segunda mão da prova de acesso à liga milionária. Um infortúnio do chileno (ao lesionar-se logo aos 34 minutos) fez com que o lugar voltasse a ser ocupado por Ferreyra, que não largou o posto até este último jogo em Thessaloniki, frente ao PAOK, quando viu o suíço Seferovic ser primeira opção para o 11 inicial.

Parece inegável que, sem Jonas, Rui Vitória tenta procurar um modelo de jogo mais assente na busca da profundidade e luta pelas segundas bolas, que permitam que a equipa mantenha a bola no meio-campo do adversário. E, de entre todos os avançados do nosso plantel, somente Castillo parece ser o mais talhado para esse tipo de jogo. Mas será essa a forma de jogar que nos poderá aproximar das vitórias? A minha análise neste artigo centra-se mais no “problema” que parece estar a haver com o argentino Ferreyra.
Aquando da sua contratação, escrevia que o ex-pupilo de Paulo Fonseca poderia acrescentar mais valor “através de um jogo inteligente de combinações rápidas e apoiadas e de organização ofensiva”, à imagem do que acontecia no FC Shakhtar Donetsk a partir do momento em que o português tomou comando da equipa ucraniana. Antes disso, havia sido com o treinador Mircea Lucescu com quem se deparou com maiores dificuldades para mostrar as suas capacidades, devido ao estilo de jogo “com mais enfoque na organização defensiva e saídas rápidas em transição para o ataque, ou seja, um tipo de futebol que não beneficia as características que um ponta-de-lança como Ferreyra tem”.

Ferreyra já se estreou a marcar em jogos oficiais, porém as suas dificuldades de adaptação têm sido por demais evidentes
Fonte: SL Benfica

Não pondo em causa a qualidade de Castillo e Seferovic, Ferreyra é, quanto a mim, bastante superior aos dois. Pela inteligência com que se movimenta sem bola, pelas decisões que toma e pela frieza com que aborda os lances dentro da área. Um ponta de lança vive do golo e, sem ele, é perfeitamente natural que o jogador esmoreça e se torne mais “pesado” quando corre, mais “macio” quando disputa uma bola e mais “lento” no seu raciocínio. O problema com o argentino é precisamente esse: falta de golos.

E como poderia Ferreyra render mais? A primeira ideia que me vem à cabeça é que poderá render o dobro ou o triplo com Jonas, mas como o brasileiro ainda não está recuperado da sua lesão então a solução talvez passasse por juntá-lo na frente com alguém que tenha o mesmo critério a jogar –João Félix, por exemplo. Apesar da sua tenra idade, parece-me que o nosso mais recente craque do Seixal tem já um conhecimento bastante acentuado do jogo que lhe permitiria agarrar a titularidade e fazer maravilhas, pois acrescentaria inteligência quando tivéssemos bola e serviria de apoio a Ferreyra, não deixando este tão desamparado na frente como tem acontecido até então.

Neste momento, Ferreyra está inserido num futebol desapoiado e entregue a ideias que simplesmente não se enquadram no tipo de jogador que ele é. Daí eu achar que não existe algum problema na frente de ataque do Sport Lisboa e Benfica. O problema centra-se no facto de assistirmos a um tipo de futebol com pouca ligação ao ponta de lança, que o deixa bastantes vezes sozinho na frente e a ter de andar a lutar por segundas bolas.

Todos nós sabemos que o “terceiro anel” é bastante exigente e que, assim que um jogador (principalmente um avançado) não mostra resultados imediatos, é rapidamente cruxificado e cotado como um “flop”. Mas o Futebol vai muito para além dos números e estatísticas. Há que tentar perceber o porquê de um jogador não estar a render, analisar o contexto em que está inserido e, daí, retirar as conclusões. Quanto a Ferreyra, ainda vai muito a tempo de mostrar o excelente jogador que é. É só proporcionar-lhe as condições necessárias para tal.

Foto de Capa: SL Benfica
Artigo revisto por: Vanda Madeira Pinto

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