Somos todos Renato! (e nem precisamos de máscara)

    Neste caso, a questão não anda em torno dos abdominais, nem do spa da casa nova de Renato Sanches. A culpa é, obviamente, da actual direcção do Sporting e do discurso demagógico e populista de Bruno de Carvalho; mais as alarvidades semanalmente difundidas por Augusto Inácio e Octávio Machado. Como o exemplo vem (sempre) de cima, a esmagadora maioria dos sportinguistas alinhou na maior campanha injuriosa, com demasiados laivos racistas, contra um jogador de futebol de que há memória em Portugal, assente, apenas e só, em mentiras que deveriam envergonhar todos aqueles que as proferem – e que o anúncio da sua transferência para o Bayern de Munique confirmou somente como burlescas e ridículas.

    O Estádio da Luz será sempre a casa de Renato Sanches, à qual um dia voltará Fonte: SL Benfica
    O Estádio da Luz será sempre a casa de Renato Sanches, à qual um dia voltará
    Fonte: SL Benfica

    O Sporting – não o clube, que me merece todo o respeito, mas aqueles que criaram e alimentam esta novela – tem, neste caso, um problema para resolver. Ao admitir-se o óbvio (que Renato Sanches é um predestinado), admite-se, por sua vez, a existência de qualidade individual no Benfica; ao fazê-lo, teria de se admitir, consequentemente, a existência de alguma qualidade colectiva; que Rui Vitória é, de facto, treinador e que a estrutura, a famosa estrutura, existe mesmo sem Jorge Jesus. No fundo, seria admitir, nem que fosse por um segundo, que, afinal, no Benfica existe matéria que justifica a conquista do tricampeonato. Esse é um risco que em Alvalade ninguém quer correr, tendo em conta a necessidade de se seguir à risca o guião oficial definido pelo Grande Líder e que pretende, entre outras coisas, apresentar a realidade como ela deve ser recordada, ao jeito da falta sobre Ricardo, tão evocada quanto inexistente, no já distante ano de 2005.

    A excelente época que o Sporting está a realizar merecia outra postura por parte dos seus dirigentes e adeptos; Renato Sanches também. Tal como o excelente João Mário, insistentemente empurrado para co-protagonista desta deprimente novela. Jogue onde jogar, cada jogo, cada passe, cada assistência, cada golo, cada título de Renato Sanches será sempre uma forma de justiça divina, tornada num acto de masoquismo para quem não o quis (ou conseguiu) evitar – pois que a inveja doa fundo no domingo.

    Foto de capa: SL Benfica

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    João Amaral Santos
    João Amaral Santoshttp://www.bolanarede.pt
    O João já nasceu apaixonado por desporto. Depois, veio a escrita – onde encontra o seu lugar feliz. Embora apaixonado por futebol, a natureza tosca dos seus pés cedo o convenceu a jogar ao teclado. Ex-jogador de andebol, é jornalista desde 2002 (de jornal e rádio) e adora (tentar) contar uma boa história envolvendo os verdadeiros protagonistas. Adora viajar, literatura e cinema. E anseia pelo regresso da Académica à 1.ª divisão..                                                                                                                                                 O João não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.