Recordar é viver

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26 de Janeiro de 2005. Estádio da Luz repleto de um manto vermelho-e-branco, de onde se vislumbrava uma mancha verde. Disputava-se mais um derby lisboeta em plena festa da Taça de Portugal, nos oitavos-de-final da prova. De um lado uma formação encarnada comandada por Giovanni Trapattoni, onde brilhavam jogadores como Simão Sabrosa, Geovanni ou Manuel Fernandes. Do outro , José Peseiro orientava uma equipa do Sporting, em que sobressaiam craques como Liedson e Hugo Viana. As equipas tinham as mesmas pretensões em chegar ao titulo nacional, mas a conquista da Taça de Portugal era vista como primordial nas aspirações de ambas as formações, naquela temporada. Por isso, e sobretudo por se tratar de um derby, aquele desafio foi encarado com a seriedade própria dos grandes jogos. Aquela partida reunia todos os ingredientes para ser épica e assim foi.

Como recordar é viver (já dizia o grande Vitor Espadinha) deixo-vos a crónica desse jogo feita pelo site Maisfutebol e correspondente vídeo. Esta análise é mais eficiente do que qualquer coisa que vos possa dizer. Mais : estou tão excitado com o jogo que me faltam palavras e ideias para escrever. Viajemos, então, até ao ano de 2005.

Benfica e Sporting deram-nos o melhor jogo da temporada.
Esta é a ideia forte de uma noite perfeita. Por isso merece ocupar todo o primeiro parágrafo. Sim, o Benfica foi mais feliz, alguém teria de o ser, é a lei da Taça, mas depois de 120 minutos assim, em que as equipas foram dignas e se olharam profundamente, seria errado valorizar o resultado final.

Defensável a tese de que o Sporting pareceu muitas vezes mais forte. Sim, pareceu e efectivamente foi. Na primeira parte, apesar dos dois golos do Benfica. No final dos 90 minutos, no prolongamento, mesmo com dez, quando Paíto conseguiu o golo de uma vida.

Também defensável a ideia que o Benfica foi mais equipa do que costuma ser. Soube sofrer e desta vez teve dois jogadores, Geovanni e Simão, à altura dos melhores trunfos do adversário. Apesar de mais uma vez ter ficado bloqueado quando obteve vantagem numérica, o Benfica reagiu e manteve-se agarrado ao jogo. Com drama mais do que com classe, com dor mais do que com um grande futebol. Apesar disso, este pode ser um dos momentos da temporada para os de Trapattoni.

Só golos em 22 minutos.
Até aos 22 minutos só golos. Tudo bem, ninguém está a queixar-se. Primeiro o Benfica, no suspiro inicial, de livre. O Sporting pareceu não se incomodar. Outra vez com um meio-campo equilibrado e com Sá Pinto tremendo, a equipa de Peseiro encostou-se à área do Benfica. De uma falta fez o empate, de um movimento brilhante a vantagem.
Por esta altura um arrepio deve ter percorrido a espinha dos adeptos benfiquistas. Parecia o filme de Alvalade. O Sporting melhor, mais capaz, os da Luz na expectativa. De repente, outra vez Geovanni, novamente a responder a um livre, a arma favorita do Benfica esta época.

Pouco depois perdiam-se Ricardo Rocha e Custódio. A cara do jogo não mudou e ao bom futebol verde os de encarnado responderam com excelente oportunidade de Geovanni. Se ficasse por ali já estava bem: que primeira parte!

Eles continuam…
O Benfica regressou mais forte e o jogo agradeceu. Os primeiros quinze minutos trouxeram mais pressão sobre o meio-campo do Sporting e alguma perturbação. Felizmente para Peseiro, por esta altura Polga e Enakarhire jogavam bem melhor que no início e João Moutinho não destoava.

Melhor notícia ainda, Liedson começava a aparecer. Cada vez mais. Em movimentos deliciosos. Num desses, aos 56 minutos, Bruno Aguiar entrou por trás sobre o brasileiro. Recebeu um amarelo, mas o vermelho aceitar-se-ia melhor. Até ali António Costa conduzira o jogo com mestria, contribuindo para a qualidade do «derby». Esta decisão caiu para o lado do Benfica.

O Sporting mandava na partida, o Benfica espreitava o contra-ataque. Mas ninguém marcou.
Mais do que justo, o empate era desejado. Estava a ser um grande jogo, apetecia continuar ali, apesar do frio a que ninguém prestava atenção.

Hugo Viana fora…
Mais uma vez, o Sporting entrou no prolongamento disposto a assumir o papel de que gosta, pegando na bola, fazendo-a circular com arte e bons propósitos. O Benfica, pelo contrário, agora já sem Geovanni (por quê?), espreitava. E nos primeiros sete, oito minutos conseguiu duas boas oportunidades. Numa o remate de Carlitos só parou na trave.

O jogo estava nisto quando João Pereira forçou a expulsão de Viana, na única atitude anti-desportiva da noite. Pedro Barbosa à esquerda e Sá Pinto à direita, o Sporting preparou-se para o que viria. O Benfica deu-se mal e acabou por sofrer um tão inacreditável como espantoso golo de Paíto, a dez minutos do final.

Em outro jogo seria o fim, mas neste nem por isso. O Benfica não se rendeu e Simão foi buscar ao fundo da alma um pontapé fabuloso. Faltavam três minutos.

A seguir vieram as grandes penalidades, uma espécie de suplemento de emoção. Fantástico para os adeptos, profundamente injusto para os jogadores. O Benfica marcou mais uma, mas isso interessa pouco: na nossa memória ficará para sempre o melhor jogo desta temporada.

Em 2005 foi assim... (Geovanni e Custódio na Imagem) / Fonte: http://www.maisfutebol.iol.pt/
Em 2005 foi assim…
Fonte: Maisfutebol

Recordado o passado é tempo de pensar no futuro. E este é muito próximo. Daqui a umas horas disputa-se o 300º derby lisboeta entre Benfica e Sporting. No relvado estarão duas formações praticamente coladas no segundo lugar do campeonato com aspirações naturais a chegar ao primeiro posto. Os encarnados vêm de um resultado negativo em Atenas, para a Liga dos Campeões, mas salvou-se a melhor exibição da época e isso moraliza, sobretudo os adeptos. O mesmo se pode dizer do Sporting que, não tendo jogado a meio da semana, vem de uma moralizante vitória, resultante de um brilhante remontada. Portanto, temos mais uma vez todos os ingredientes reunidos para um grande de jogo de futebol. Para ele, e como serei um dos sessenta mil no estádio, tenho uma lista de exigências. Que a paixão e a emoção de 2005 voltem ao inferno da Luz. Que haja mais Paítos no relvado. Que haja fair play entre as claques e que estas dêem um espectáculo digno da grandeza do desafio. Que o nosso glorioso vença de forma justa e convincente. Mas, acima de tudo, que seja uma partida épica entre dois dos melhores clubes europeus e que seja um derby com 300% de qualidade.

PS – caros sportinguistas , não se preocupem com o nome do árbitro do encontro. Duarte Gomes é adepto assumido do Benfica mas,e como já se constatou em diversas ocasiões, esse facto é totalmente irrelevante. Pedro Proença que o diga.

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