Boavista FC 0-1 SC Farense: Vitória algarvia empurra panteras para último

    A CRÓNICA: POUCAS OPORTUNIDADES, COM O BOAVISTA A OFERECER 45 MINUTOS DE AVANÇO

    Boavista FC e Farense SC, 16.º e 18.º da classificação, defrontaram-se no final da tarde de domingo, num jogo extremamente importante para as contas da manutenção. Ambas equipas partiam com uma necessidade extrema de pontuar, com os boavisteiros em melhor forma, duas vitórias nos últimos cinco, enquanto que os algarvios se encontravam numa maré negativa de resultados, sem conseguir conquistar os três pontos há cinco jogos.

    O encontro começou de forma animada, com o SC Farense a sair bem dos balneários. Logo ao segundo minuto, num boa jogada de combinação no ataque depois de um perda de bola de Devenish. Ryan Gauld já na área é derrubado por Javi García, e Hugo Miguel aponta prontamente para a marca de grande penalidade. É o próprio médio que assume as despesas do penalti, mas o seu remate é travado por uma grande defesa de Leo Jardim.

    O Boavista até reagiu bem ao golo, mas sem grande materializações em termos de chegadas à área. Eram os algarvios que criavam mais perigo, principalmente pelo lado direito. Foi aí que Tomás Tavares, aos 7′, com muito espaço, coloca em Bilel dentro da área que cruza para Pedro Henrique. O avançado tinha tudo para abrir o marcador, mas cabeceia à figura do guarda-redes adversário.

    O SC Farense continuou a dominar o jogo, tanto com bola com sem ela, e aos 13 minutos Ryan Gauld volta a obrigar Leo Jardim a uma excelente defesa depois de um belo remate de fora da área. No canto que se seguiu, o central Mancha, depois de um primeiro toque por parte de Licá, ficou numa posição extremamente privilegiada para cabecear para o fundo da baliza, mas falha de forma flagrante. Os boavisteiros pareciam algo apáticos a defender, principalmente no seu meio-campo.

    O controlo do SC Farense deu frutos ao minuto 25, com Licá a abrir no marcador no Estádio do Bessa. Uma nova boa jogada dos forasteiros, com passe do guarda-redes Beto a começá-la, Tomás Tavares a levar a equipa para a frente com a bola dominada, Bilel a cruzar, e com o extremo português a conseguir a finalização, depois da bola lhe cair aos pés num ressalto. Estava feito o primeiro da partida.

    A equipa visitante continuou a dominar nos minutos que se seguiram, e as panteras só começaram a deixar a sua marca no jogo a partir dos 30′. Mesmo com mais bola e maior entendimento entre os médios boavisteiros, faltava chegada à área, e acabou a primeira parte sem grande oportunidade.

    Jesualdo Ferreira claramente não gostou do que viu nos primeiros 45′, e não só fez uma mudança de jogador logo ao intervalo como de sistema também. Entrou Show para o lugar de Hamache, e o Boavista cresceu a passos largos. Apesar de não conseguir nenhuma oportunidade nos primeiros 15 minutos da segunda metade, não deixou o Farense controlar a partida como havia feito até ao momento.

    O primeiro lance de grande perigo para a baliza defendida por Beto aconteceu aos 59′. Um livre numa zona perigosa de Sauer embate com força na barreira, e a bola fica nos pés de Alberth Elis, que fica num um para um com o guarda-redes. Mas a experiência do internacional português fê-lo ganhar o duelo, antecipando o lado para onde o avançado iria chutar.

    Apenas dois minutos depois, aos 61′, o Farense tem um lance em que a bola simplesmente não quis entrar. Javi Garcia entrega a bola de forma displicente com um passe falhado, que deixa o Farense numa boa posição para atacar a baliza de Leo Jardim. Bilel pica bem para a desmarcação de Gauld, o escocês remata para a barra, a bola cai para os pés de Licá, que volta a acertar no poste.

    Apesar do Boavista continuar a ser a equipa que mais procurava ter bola e chegar à baliza adversária, os médios do SC Farense faziam um bom trabalho na cobertura do espaço no miolo, obrigando as panteras a bascular o jogo por fora. Neste sentido, Ricardo Mangas foi um dos destaques da segunda metade, a conseguir subir muito mais no corredor esquerdo, e a acrescentar bastante qualidade ao ataque boavisteiro.

    A falta de definição ofensiva marcou a segunda metade, num jogo que não viu grandes oportunidades para golo. O Boavista FC bem tentou nos últimos minutos, mas não foi capaz de inverter o rumo da partida. Já com a equipa muito balançada no ataque, foi Leo Jardim a impedir que o marcador se dilatasse, com duas boas defesas já na compensação. O SC Farense acabou por garantir uma vitória muito importante de forma justa, e sai assim do último lugar na tabela.

    A FIGURA

    guarda-redes do boavista
    Foto: Diogo Cardoso/Bola na Rede

    Leo Jardim – o guarda-redes manteve o Boavista FC em jogo, com inúmeras defesas ao longo dos 90 minutos. Defendeu um penalti e fez outra parada a Pedro Henrique numa primeira parte em que as panteras não apareceram, e manteve o marcador em 0-1 no final da partida com duas defesas de grande qualidade para lá dos 90′.

    O FORA DE JOGO

    lateral do boavista
    Foto: Diogo Cardoso/Bola na Rede

    Hamache – o lateral francês foi incapaz de levar a cabo aquilo que o treinador lhe havia pedido. Tinha um papel misto: por um lado acrescentar um homem ao meio-campo a atacar, e depois fechar a ala esquerda a defender. Contudo, na troca entre posições e na indecisão acerca do seu posicionamento, não foi feliz em nenhum dos momentos.

    ANÁLISE TÁTICA – BOAVISTA FC

     O Boavista FC alinhou num sistema por vezes difícil de descortinar. Um 4-3-3 de início, com Hamache a fazer o papel de médio interior esquerdo, Paulinho na meia-direita e Angel Gomes e Sauer a fazer o papel de extremos. Os quatro jogadores, no momento com bola, tinham muita liberdade para trocar de posição.

    Ainda assim, à medida que o jogo foi evoluindo, Hamache ia descaindo para o lugar de ala-esquerdo, com Mangas a fechar mais por dentro. Esta dinâmica estava a causar alguma confusão, e a indecisão do posicionamento a adoptar por parte do francês era clara. E no momento ofensivo, faltava alguém mais próximo de Elis, ou alguém que fizesse os movimentos de rotura a partir de trás.

    Jesualdo Ferreira identificou estes problemas, e resolveu-os ao intervalo. Tirou Hamache e trouxe Show ao jogo, mudando o sistema para um 4-2-3-1 mais declarado. Gomes foi para a sua posição de eleição, a 10, Sauer mudou-se para a esquerda e Paulinho abriu na direita. O jogo do Boavista melhorou muito, com maior cobertura na ala esquerda no momento defensivo, e melhor encaixe ofensivo.

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Leo Jardim (8)

    Reggie Cannon (5)

    Adil Rami (5)

    Devenish (5)

    Ricardo Mangas (6)

    Javi Garcia (4)

    Paulinho (5)

    Hamache (4)

    Gustavo Sauer (6)

    Angel Gomes (6)

    Alberth Elis (4)

    SUBS UTILIZADAS

    Show (6)

    Nathan (5)

     Benguché (4)

    ANÁLISE TÁTICA – SC FARENSE

    Jorge Costa fez alinhar o SC Farense num 4-2-3-1. Com bola, Amine e Lucca estavam encarregues pela primeira fase de construção, e Ryan Gauld juntava-se mais ao trio da frente. Dentro do duplo-pivot, era o francês que progredia mais com bola, o que provocava um maior caudal ofensivo pelo lado direito, e Lucca um bocadinho mais recuado.

    Dentro desta dinâmica, o escocês descaía também mais no lado direito, que causou muitos problemas ao Boavista FC. A partir dessa posição, Guald podia fletir para o meio a conduzir sempre com o seu pé esquerdo, que acrescenta um “perfume” diferenciado ao futebol do SC Farense.

    Com o jogo inclinado mais para o lado direito, abria-se espaço para os dois homens na esquerda, Licá e Abner. São dois jogadores que atacam melhor a profundidade, com Licá a fazer boas diagonais para entrar na área onde podia finalizar.

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Beto (6)

    Tomás Tavares (6)

    César Martins (6)

    Eduardo Mancha (6)

    Abner (5)

    Amine Oudrhiri (7)

    Jonathan Lucca (6)

    Ryan Gauld (6)

    Bilel Aouacheria (5)

    Licá (6)

    Pedro Henrique (5)

    SUBS UTILIZADAS

    Djalma (5)

    Mansilla (-)

    Isidoro (-)

    BnR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

    Boavista FC

    BnR: Na primeira parte a equipa estava um bocado presa naquela troca em sistemas a atacar e a defender, e não estava conseguir preencher o espaço onde Gauld estava a atuar precisamente porque o Hamache estava a descair na ala. Foi isso que tentou alterar com a entrada de Show na segunda parte?

    Jesualdo Ferreira: O que aconteceu na primeira parte foi que não tivemos uma atitude agressiva, muito por razões de natureza mental. O Farense fez o seu jogo normal, com os laterais subidos e um meio-campo bem preenchido. Não conseguimos dominar os espaços. A ideia do Hamache era pô-lo no meio-campo também por causa do remate dele, não resultou, mas a culpa também não foi dele. Quando mudamos para o duplo-pivot, o Farense já estava por cima da partida e não fomos capazes de ser melhores que o adversário.

    SC Farense

    BnR: A equipa foi capaz de dominar a partida com bola na primeira parte, com o Amine e o Gauld em destaque. Mas na segunda metade o Farense acabou por jogar maioritariamente no contra-ataque. Foi mais estratégia para aproveitar o balanço ofensivo do adversário, ou foi mais o Boavista a não deixar o Farense ter bola?

    Jorge Costa: Acho que essencialmente tem a ver com a nossa situação atual, a nossa posição na tabela. Entramos muito bem, com quatro grandes oportunidades na primeira parte. Claro que também não jogamos sozinhos, e o Boavista entrou bem na segunda parte. Fomos recuando também pela importância dos três pontos. Mas no geral concordo com a sua análise, que conseguimos dominar o jogo ao longo dos 90 minutos.

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    Alexandre Matos
    Alexandre Matoshttp://www.bolanarede.pt
    O Alexandre é um jovem que estuda Ciências da Comunicação no Porto. Apaixonado por tudo o que seja desporto, encontra a sua maior obsessão no futebol. Como não tinha grande jeito para jogar, decidiu que o melhor era apostar no jornalismo desportivo. Amante incondicional de bom futebol, não tem medo de dar a sua opinião nem de ser polémico. Sendo qualidades inerentes à profissão que deseja exercer no futuro, rege-se pela imparcialidade e pelo critério jornalístico na sua escrita.