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A dicotomia no futebol português

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Falar de futebol, hoje em dia, é quase tão problemático como falar de política. Sempre foi um assunto digno de discussão acesa entre amigos, companheiros de café, adeptos rivais (ou até mesmo do próprio clube), chefes e associados… e, ocasionalmente, entre marido e mulher.

Gostar de futebol, ou qualquer outro desporto, envolve gostar de contradizer, de ter uma opinião, de ser casmurro e de se dizer tudo o que vem à cabeça, por vezes sem filtro. Mas enquanto as trocas de ideias são sobre o jogo em si, tudo está alinhado como deve ser. O problema surgiu quando o futebol deixou de ser um desporto e passou a ser um negócio.

Atentem neste aviso que nada do que é dito é generalizado. São apenas fragmentos de amostra de uma sociedade dividida entre o amor à camisola, seja ela qual for, e o amor ao dinheiro.

A origem do futebol sempre foi competitiva, mesmo nos primórdios dos tempos, e ainda bem que assim é. Quem dera a muitos que ver um clássico do Porto com o Benfica ainda fosse como há 10 anos atrás, em que ninguém se falava antes, durante e depois do jogo. Eram dias como esse que faziam com que os adeptos de futebol vibrassem de entusiasmo e emoção, que fossem para cafés comer bifanas, beber cervejas e discutir que tática ia ser usada para derrotar a equipa adversária.

Bruno Alves e Pedro Mantorras
Fonte: Pedro Barrelas/Bola na Rede

E quem ganhava? Quem ganhava já era campeão, mesmo que fosse a sétima jornada.

Esses são os dias que recordo como os dias em que me apaixonei pela bola. Pouco entendia de técnica, tática, quem eram os treinadores ou todos os jogadores do plantel. O que eu sabia é que ia haver festa, ia haver suspense, ia haver adrenalina (entre outras coisas que provavelmente ficará mal dizer, mas que sei bem que se lembram).

Luís Figo Maniche
Fonte: Mário Pinto/Bola na Rede

Isso era futebol. Mas esse futebol ainda se vê e se vive. Em ligas mais baixas, em equipas mais regionais. Mas lá para cima, já não é o sonho que comanda a vida, é o cheque do final do mês.

Esta época estamos a viver uma dicotomia curiosa no futebol português. Por um lado, temos clubes que se lembraram da sua garra, no seu propósito, da sua identidade. Voltaram a jogar como jogavam há dez, 15, 20 anos. Estão a ganhar pontos, a posicionar-se bem na tabela, mas, acima de tudo, a conquistar de volta a massa adepta.

Lusitano Évora adeptos
Fonte: Pedro Barrelas/Bola na Rede

Por outro lado, temos clubes que se viraram para os negócios. Fizeram contratações milionárias, estão a tentar reorganizar a casa baseada em números, mas em termos de conquista de tabela, estão a perder pontos.

Não serei ninguém para dizer que perderam a mística, mas com certeza sou alguém para dizer que perderam a competitividade.

Mas será que existe um lado correto e um lado errado? O futebol é um desporto, mas também é um negócio.

Analisar lances é tão válido como analisar valores de transferência? Quem é que são os verdadeiros especialistas? Os que sabem o que é a formação WM e quem mais a utilizava ou os que esperariam mais um ano para comprar o jogador no mercado de inverno porque aí terá números estatísticos mais altos e poderá justificar o investimento?

Adeptos Benfica Lenços Brancos
Fonte: Carlos Silva/Bola na Rede

Basta saber porque é que o Ruben Amorim não se está a dar bem na Premier League com base na análise superficial dos últimos jogos do United ou é preciso socorrermo-nos de números, estatísticas e história para fundamentar a nossa opinião?

Estamos a perder o foco do que deve ser o futebol para os adeptos: um meio de entretenimento.

Para as equipas técnicas, jogadores, treinadores, presidentes e por aí além, é uma profissão. Eles, sim, precisam de se preocupar com números, estatísticas, valores de mercados, análises táticas, técnicas e ao sono.

Os adeptos? Que desfrutem daquilo que o desporto rei é. Que continuem a ir aos estádios mesmo quando a equipa não está na sua melhor fase, que continuem a defender com unhas e dentes o clube que apoiam nas conversas de café, que façam das tripas coração quando vão ver jogos fora.

O ambiente de estádio continua a ser mágico. Os hinos, os gritos, as palmas, os insultos, a comida de rulote, a água quente… Mesmo no café, a mística continua. E até em casa, se quisermos, tudo se vive com intensidade.

 O futebol está dividido, mas não está, de todo, perdido.

Francisca Marafona Graça
Francisca Marafona Graça
A Francisca apaixonou-se pela bola ainda antes de saber andar. Vive o desporto como quem joga de primeira e escreve como quem faz um passe em profundidade. Licenciada e mestre em jornalismo, vibra com uma boa tática — seja no relvado ou no papel.

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