A ténue linha que separa a sorte e o azar

    Rui Vitória entra nesta mesma lista. O treinador da equipa encarnada tetracampeã admite que gosta de ter alguns rituais para que a sorte lhe bata à porta. Começa por ter os lugares marcados no autocarro porque daquela vez que assim estavam o jogo correu bem. Passa também por vestir a mesma camisa que vestiu num jogo importante e que trouxe a vitória para a sua equipa. Para além de rotinas, há pequenos pormenores que o técnico gosta de manter. Por exemplo, marcha atrás no autocarro em que viajam, nem pensar, num caso que remonta a 2012, quando o técnico treinava o Vitória de Guimarães. Embora nos últimos anos já não aconteça com tanta frequência, Rui Vitória não gosta de assistir a grandes penalidades. Sempre que as havia, nos tempos do Fátima e do Paços de Ferreira, Rui Vitória colocava-se de costas voltadas para o relvado.

    Paulo Fonseca é mais um dos supersticiosos no futebol Português. Paulo Fonseca foi alvo de críticas quando se soube que andava com as mesmas meias durante vários jogos. A verdade é que com as suas “meias (sujas) da sorte” conseguiu ter uma época fantástica em 2012/2013, numa época em que levou o Paços de Ferreira à Liga dos Campeões. Não creio que quem as fosse lavar depois de tantos jogos fosse um/a sortudo/a, mas que teve bons resultados, lá isso teve. Para além dessa mania, a polémica entre o seu Suzuki e o Mercedes, enquanto estava no SC Braga, deixa qualquer um de olhos em bico.  Segundo o técnico, os resultados eram melhores sempre que conduzia o seu Suzuki – carro que já tinha desde os tempos do Paços de Ferreira. Foi então que decidiu usar o Suzuki durante a semana em que se disputava a final da Taça de Portugal. A verdade é que resultou. O Suzuki voltou a dar sorte e no Minho festejou-se a conquista da Taça de Portugal, frente ao FC Porto.

    Fonte: SC Braga
    Fonte: SC Braga

    Não podíamos deixar de falar em Jorge Jesus. Não que seja propriamente um homem muito supersticioso, mas de todos é o mais simples. Não há moedas, não há chinelos, pulseiras, meias ou carros, simplesmente não se festeja antes do tempo! Ou como já diziam os antigos “não lances foguetes antes do tempo”, se não alguém apanhará as canas. Neste caso, aqueles que costumam encontrar-se no banco com o treinador.

    Não são apenas jogadores ou técnicos que têm superstições. Muitos adeptos procuram atrair a sorte por não ir a um café só porque a sua equipa perdeu quando viu o jogo lá, ou por vestir a mesma camisa que usaram quando o seu clube ganhou um campeonato. Muitas são as manias de quem é apaixonado por este desporto.

    Apesar de ser algo interessante, não deixemos de retirar as qualidades dos jogadores. Se Eusébio não tivesse qualidade não marcaria tantos golos, se Futre não fosse genial não iria ficar marcado na história do futebol português. A verdade é que, mesmo assim, o factor sorte continua a ter peso no desporto rei, mesmo que às vezes existam predestinados que dependam menos da sorte. Qualquer pessoa é capaz de brilhar, no entanto, há momentos em que precisamos dum empurrãozinho para ter mais força e acreditar em nós, não é verdade?

    Foto de Capa: Vice

    Artigo revisto por: Pedro Couto

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    Raquel Roque
    Raquel Roquehttp://www.bolanarede.pt
    A Raquel vem dos Açores, do paraíso no meio do Oceano Atlântico. Está a concluir a licenciatura em Estudos Portugueses e Ingleses. Guarda os clássicos da literatura, a Vogue e os jornais desportivos na mesma prateleira.                                                                                                                                                 A Raquel escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.