Análise política à descida do Portimonense SC na Primeira Liga

    Para início de conversa, é importante referir que todos os atletas envolvidos nesta luta pela manutenção são autênticos heróis de guerra. Eu, que estava apenas a assistir, acabei com uma luxação no ombro por culpa das constantes mudanças de canal, portanto imagino como terão ficado os atletas que estavam mesmo lá nos relvados a dar pontapés no esférico. Depois de uma luta tão acesa, quem acabou por descer foi o Portimonense SC. Mas acho que devemos analisar esta noite desportiva como se de uma noite eleitoral se tratasse. Não, não estou a solicitar ao caro leitor que me considere um analista político de muita categoria, até porque eu de político tenho pouco. Peço apenas que siga o seguinte raciocínio:

    Numa noite eleitoral, em princípio, há um partido que vence e há os outros que perdem. Esta noite, o CD Tondela e o Vitória FC conseguiram manter-se na Primeira Liga, ou seja, venceram esta luta pela manutenção, e o Portimonense desceu de divisão e perdeu esta luta. No entanto, na política são sempre feitas análises nas quais se diz que os partidos tiveram todos grandes vitórias, e, em simultâneo, também se diz que todos tiveram grandes derrotas. E é exatamente isso que o inexperiente redator com uma luxação no ombro vai fazer.

    No caso do Portimonense, é evidente que saíram derrotados, porque efetivamente desceram de divisão, e, após uma revisão dos regulamentos da FIFA, da UEFA, da Liga, da federação e dos insultos em tabernas, constatamos que tal significa uma derrota. No entanto, o mesmo Portimonense foi umas das equipas a praticar melhor futebol após a retoma, sendo que não foi propriamente uma tendência muito comum às restantes equipas da prova. A juntar a este consolo do bom futebol praticado, é importante acrescentar ainda que, no jogo de hoje, o Portimonense ganhou 2-0 ao conjunto de heróis que envergou a camisola do CD Aves, o que, parecendo que não, é uma vitória.

     

    No caso do Vitória FC, o facto de continuarem no principal escalão do futebol português na próxima época indica uma bela vitória. O jogo com o Belenenses SAD em específico foi também uma vitória. Mas, não podemos deixar de reparar que ao longo do campeonato foi uma equipa que simpatizou bastante com a prática de terminar jogos 0-0 (sete vezes), aquele tipo de resultado que empolga qualquer adepto do desporto-rei. A juntar a esse detalhe, constatamos que o Vitória foi também uma equipa forte na prática do célebre e até mítico antijogo. Portanto, no âmbito da qualidade do jogo, podemos considerar uma derrota a prestação do Vitória FC.

    No caso do CD Tondela, são também os vencedores da noite, porque na próxima época continuarão na primeira liga. Venceram em Moreira de Cónegos e alcançaram a manutenção. E com mérito, afinal, certamente que o caro leitor conhece equipas que treinam a marcação de grandes penalidades para as grandes decisões, é normalíssimo. Ainda assim, foi um sofrimento forte até final, sendo que a dada altura da época parecia que iam efetuar um campeonato bastante tranquilo, longe daqueles sufocos já habituais para as gentes de Tondela. Ou seja, conseguiram quase “borrar a pintura” da boa época que estavam a realizar, pelo que de certa forma se considera também uma derrota.

    Neste momento, é bastante importante parabenizar os vencedores. Por isso: “Parabéns, Tondela. Parabéns, Vitória de Setúbal. Parabéns, Portimonense”. Mas é também importante dar uma palavra de apreço aos que saíram derrotados. Por isso: “Muita força, Portimonense. Muita força, Vitória FC. Muita Força, Tondela.”

    Bem, agora que acabou o campeonato, vou tratar de curar a minha luxação.

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    Mário Silva da Costa
    Mário Silva da Costahttp://www.bolanarede.pt
    Natural de Vila Franca de Xira, Mário é a descrição perfeita de um típico idoso português. Chega ao domingo, almoça uma feijoada e vai ver a bola às três da tarde. Para além disso, nos tempos livres ocupa-se com um curso de jornalismo na Escola Superior de Comunicação Social.                                                                                                                                                 O Mário escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.