Se recuarmos no tempo e analisarmos a totalidade dos clubes que já participaram na principal divisão do futebol português, observamos que a sul do Tejo foram poucos os emblemas a conseguir ter uma participação consistente. Além dos três maiores clubes algarvios, Farense (23 presenças), Olhanense (20 presenças) e Portimonense (14 presenças), apenas os clubes do Barreiro – Barreirense com 24 presenças e CUF (actual Fabril) com 23 – e o Lusitano de Évora (28 presenças), conseguiram uma presença que se possa denominar de mais do que pontual. Na zona interior de Portugal, apenas o Sporting da Covilhã esteve um tempo considerável no primeiro escalão (15 vezes). Quanto às ilhas, os Açores também foram somente representados por 3 ocasiões, pelo Santa Clara.

É fácil concluir, portanto, que esta tendência não é hodierna mas sim já histórica no panorama futebolístico nacional. Voltando a analisar o mapa do nosso “retângulo”, verificamos que esta tendência tem correspondências a variados níveis. Comparativamente ao sul (Alentejo e Algarve) e ao interior, é no norte e no litoral que se concentra a grande porção das nossas indústrias e também a maioria da população. Assim sendo, os clubes destas áreas geográficas conseguirão mais facilmente encontrar investimentos por parte da massa empresarial das suas regiões, bem como apoio humano, para conseguirem assim obter uma melhor sustentabilidade e lograrem maiores ambições. Analisando por exemplo os casos de dois clubes já acima referidos, o Sporting da Covilhã e a CUF, apenas conseguiram estar regularmente entre os grandes enquanto possuíam um considerável apoio dos tecidos empresariais das suas regiões. No caso do Covilhã, no período auge da indústria de lanifícios na sua cidade, e no caso da CUF, quando era detido por essa companhia fabril.
Percebe-se portanto que esta não será uma tendência fácil de alterar, e que o mapa da nossa primeira liga continuará a ser semelhante nos próximos tempos. Apenas poderá mudar quando surgirem politicas que vão no sentido de evitar a desertificação do interior, possibilitando que mais empresas operem nessas zonas do país, melhorando assim a sua economia, e permitindo que um maior volume humano esteja radicado nessas regiões. Só assim o futebol nessas áreas poderá crescer conjuntamente, e alargar-se então a área geográfica da nossa principal competição futebolística.
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