Competições Europeias | Um “desastre” português, entre outras coisas

Depois de vários jogos nas competições europeias costuma haver sorteio ou então saudade, porque ainda falta jogar uma das “mãos” e por isso queremos que a próxima semana de “Europa” chegue mais rápido. Esta semana que agora termina é as duas coisas em simultâneo: terminou a primeira mão dos “oitavos” da Liga dos Campeões e já estão apurados os 15 melhores da Liga Europa. O FC Red Bull Salzburg vs Eintracht Frankfurt foi adiado devido ao mau tempo, pelo que, quando o jogo se disputar, já serão conhecidos os 16 classificados.

Neste texto falaremos das duas competições, mas temos de começar por aquele que é, incontornavelmente, o maior destaque (pela negativa) desta semana: a eliminação de SL Benfica, FC Porto, Sporting CP e SC Braga da Liga Europa. De sermos o país mais representado na segunda divisão do futebol europeu, passamos a ter zero equipas presentes, e logo nos 16-avos-de-final.

“Quatro tiros ao lado”: Primeiro e Segundo incapazes

O FC Porto era aquele que, na minha opinião, tinha a vida mais dificultada para passar. O Bayer 04 Leverkusen voltou da habitual paragem invernal que se faz na Bundesliga com sede de ganhar coisas e com uma dinâmica coletiva muito forte, que fez de si favoritos a passar aos oitavos de final. Depois, juntando isso aos jogadores de extrema qualidade que tem nas suas fileiras (Havertz, Bailey, Demirbay, Alario, Diaby, etc), tornou-se de facto num objetivo inultrapassável.

No entanto, isto não invalida o facto de os “Dragões” terem capacidade para fazer muito mais, principalmente na segunda-mão, em casa. Não aconteceu assim e os alemães puseram a nu todas as fragilidades da equipa treinada por Sérgio Conceição. Há quem diga que foram muito permeáveis defensivamente – e foram –, mas o maior problema tem sido o ataque, que também esteve sempre mal. Aliás, este ano tem sido por demais evidente que a “força física” tão privilegiada pelo técnico, em vez da virtuosidade técnica, não chega, principalmente ao nível europeu.

A outra equipa portuguesa com duelo de “Champions” na Liga Europa foi o SL Benfica. Aqui sim estava à espera de muito mais… Peço desculpa, vou corrigir: no momento do sorteio estava à espera de mais, agora, depois das mais recentes exibições, aprendi a ver o copo meio-vazio que insiste em não encher. Duas exibições abaixo daquilo que se espera de um campeão nacional em título português, com um plantel onde há muita qualidade, mas onde o melhor jogador da época é Odysseas Vlachodimos (sem desprimor para a sua capacidade, que é muita).

Certo, o FK Shakhtar de Luís Castro também não era “pera doce”, mas no cômputo geral creio que os “encarnados” tinham condições para serem superiores. Em campo nota-se que o SL Benfica é uma equipa que faz tudo em esforço, que não há ali um fio condutor que ligue aquele jogo. Tudo se agrava quando há jogadores que estão a passar por momentos complicados de forma desportiva, como são os casos de Grimaldo, Ferro, Tomás Tavares, Pizzi e Rafa, embora este último, no jogo da segunda-mão já tenha estado muito melhor.

Se no caso do FC Porto culpo Sérgio Conceição por não meter aquela equipa a jogar bem, no caso do SL Benfica tenho também de criticar de forma negativa o trabalho de Bruno Lage. Sim, já fez muita coisa boa, eu não vejo os treinos, ele é que é treinador, ele é que tem curso e as suas opções são aquelas que acredita serem as melhores. Sem querer apagar isto que disse, acho incompreensível, enquanto observador, como é que Vinícius não joga desde início numa partida decisiva (se não estava bom para começar, também não estava para entrar na segunda-parte), como é que não se coloca a equipa em 4-3-3 (para dar mais consistência ao processo defensivo e mais liberdade aos criativos para atacarem) e ainda porque é que Cervi volta a deixar de ser opção, estando visto que introduzindo-o na mesma ala que Grimaldo, “mata dois coelhos com uma cajadada”: defende e ataca melhor.

 

“Quatro tiros ao lado”: “Sportings” também vão para casa

Após a derrota por 2-3 na Escócia, o SC Braga recebia o The Rangers FC com boas perspetivas de passar à próxima fase da prova
Apesar da eliminação, o melhor em campo na “Pedreira”: Matheus
Fonte: SC Braga

O Sporting CP, por estranho que possa parecer face à sua instabilidade, era a maior esperança de uma presença do futebol português nos 16 melhores da Liga Europa. Depois de uma vitória assertiva e “sem espinhas” contra os turcos do Istanbul Basaksehir FK na primeira-mão, os leões sucumbiram ao ambiente quente dos estádios daquele país.

Depois várias exibições positivas, a equipa leonina volta a demonstrar que o seu plantel tem muitas lacunas e que tem jogadores que não têm qualidade para vestir aquela camisola. Sob pressão vacila e dá sempre muitos espaços aos adversários, algo que o Istanbul Basaksehir FK aproveitou com muita astúcia, eliminando mesmo o Sporting CP no prolongamento, por claros 4-1.

Já o SC Braga, que continua em estado de graça com Ruben Amorim, chegámos mesmo a pensar que poderiam fazer uma “gracinha” frente um The Rangers FC, que está uma equipa bastante sólida e que se nota que tem dedo de treinador, o mítico Steven Gerrard. No entanto, o inglês demonstrou como se ganha a estes bracarenses e conseguiu explorar o seu principal defeito: o espaço que deixam nas costas quando estão em processo atacante e perdem a bola. Depois, foi uma soma de coletivo com individualidades mais poderosas: Kent, Hagi, Morelos, Tavernier… Areia demais para a camioneta do SC Braga. Ainda assim, regista-se o bom projeto que o jovem treinador português está a montar nos “Gverreiros do Minho”, que tem pernas para andar.

A Liga Europa está cada vez mais competitiva e isso nota-se bem nos clubes que a disputam. Para os oitavos-de-final, temos Manchester United, Inter de Milão, Sevilha FC… grandes nomes que estão habituados a estar noutro patamar.

 

A “Champions”: Os melhores dos melhores

Terminada a primeira-mão dos oitavos-de-final daquela que é a competição de clubes mais ambicionada por todos, faço um pequeno apontamento a cada um dos jogos.

O Manchester City a festejar uma vitória “arrancada a ferros” na casa do Real Madrid CF
Fonte: Manchester City

Club Atlético de Madrid 1-0 Liverpool FC – Um dos jogos mais desinspirados dos ingleses nesta época resultou numa vantagem pela margem mínima para os espanhóis, que se sentem confortáveis a defender e não o sentem a fazer mais nada em campo.

Borussia Dortmund 2-1 Paris Saint-Germain FC – Grande jogo na Alemanha, com duas equipas muito fortes e com poderio atacante. A vitória dos alemães foi inteiramente justa e até pecou por escassa, tal foi a postura “negativa” com que os franceses entraram em campo.

Atalanta BC 4-1 Valência CF – Fantástica equipa de Gasperini, que com um futebol sempre com olhos postos na baliza adversária (contrariando a escola mais defensiva italiana) destrói adversários sem compromisso defensivo. Foi o que aconteceu aos valencianos, de forma clara.

Tottenham Hotspur 0-1 RB Leipzig – Jogo apagado da formação de José Mourinho contra um RB Leipzig que é, na minha opinião, uma das cinco equipas que melhor futebol pratica no mundo.

Chelsea FC 0-3 FC Bayern Munique – O jogo mais desequilibrado desta eliminatória. Foram três, mas podiam ter sido mais, com os alemães a assumirem-se como um dos principais candidatos a levar a “orelhuda” pela sexta vez.

SSC Napoli 1-1 FC Barcelona – Gattuso montou uma boa estratégia contra o “Barça” de Setién, que abusa da posse de bola longe de áreas onde esta pode fazer a diferença. Resultado lisonjeiro para os espanhóis.

Olympique Lyonnais 1-0 Juventus FC – Para mim, a maior surpresa desta primeira ronda de partidas. Surpreendeu-me a forma da Juventus FC numa competição que claramente pretendem ganhar há muitos anos. Aproveitou e bem o “Lyon”, que defendeu como poucas vezes o fez nos últimos… meses.

Real Madrid CF 1-2 Manchester City – O meu jogo preferido de todos os que já falámos; não desiludiu: dois grandes treinadores, duas excelentes equipas e um jogo dividido até à expulsão de Sérgio Ramos. O resultado mais justo seria um empate com golos, mas os “sky blue” conseguiram aguentar na melhor fase dos “merengues” e a qualidade que entrou do banco acabou por fazer a diferença.

Foto de Capa:FC Porto

Artigo revisto por Inês Vieira Brandão

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Carlos Ribeiro
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Com licenciatura e mestrado em Jornalismo, Comunicação e Cultura, o Carlos é natural de um distrito que, já há muitos anos, não tem clubes de futebol ao mais alto nível: Portalegre. Porém, essa particularidade não o impede de ser um “viciado” na modalidade, que no âmbito nacional, quer no âmbito internacional. Adepto incondicional do Sport Lisboa e Benfica desde que se lembra de gostar do “desporto-rei”.                                                                                                                                                 O Carlos escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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