Efeito bola de neve no Gil Vicente FC

    Já desde terça-feira que se constava que o Gil Vicente FC teria chegado a acordo para a rescisão do contracto do seu treinador, Rui Almeida, o que se veio efectivamente a confirmar, no dia seguinte. Com a Liga Portuguesa a confirmar a ideia de ser um cemitério de treinadores, o que precipitou a saída do treinador do conjunto barcelense, ao fim de apenas sete jornadas do campeonato?

    Sejamos sinceros. Depois da época passada dos gilistas, nenhum treinador teria vida fácil ao comando da equipa de Barcelos. Com Vítor Oliveira ao leme, o clube garantiu a manutenção bastante cedo e pôde desfrutar do campeonato sem a pressão de garantir pontos para a sobrevivência, surpreendendo muitos arautos da desgraça que seria o regresso do Gil à Primeira Liga.

    Rui Almeida, um desconhecido para a maioria dos portugueses carregava o fardo de fazer esquecer um dos mais sábios treinadores de futebol do país. Dadas as circunstâncias, não começou nada mal. Com uma equipa com muitas caras novas (à semelhança do que já tinha acontecido no ano anterior), o treinador lisboeta começou o campeonato com o pé direito, estreando-se no comando da equipa com uma vitória frente ao Portimonense SC – um possível adversário directo na luta pela manutenção. Seguiram-se dois empates, com o CD Santa Clara e com o CD Tondela. Contudo, notava-se uma evolução no futebol do Gil, com os jogadores cada vez mais entrosados e com destaque para o excelente arranque de temporada de Samuel Lino, que se assumiu como o goleador de serviço, fazendo esquecer Sandro Lima.

    A partir desses jogos, foi o descalabro, em termos de resultados. Apesar de fazer o FC Porto sofrer no Dragão, de fazer o Sporting CP correr em Alvalade e de dominar o Vitória SC e o CD Nacional, seguiram-se quatro derrotas que atiraram a equipa de Barcelos para o penúltimo lugar do campeonato. Em nenhum dos jogos se pode considerar o Gil Vicente uma equipa apática, sem ideias, sem oportunidades ou sem futebol. Jogou sempre olhos nos olhos com o adversário, como clube “grande”, a procurar a vitória a todo o custo.

    As desatenções defensivas, alguma passividade do meio-campo e a tremenda falta de eficácia ditaram o final da era Rui Almeida à frente do emblema de Barcelos. Foi o efeito bola de neve. O que poderia o treinador ter feito de diferente? Afinal, a equipa praticava um bom futebol, estava a evoluir e dominava os adversários. Faltaram essencialmente duas coisas ao mister Rui Almeida: tempo, que a direcção do clube entendeu não lhe conceder, e, sobretudo, incutir mais garra, energia e concentração nos jogadores. A equipa flutuava em campo, o futebol fluía, mas notava-se alguma falta de discernimento (como os dois penáltis falhados frente ao Nacional comprovam), de força para ganhar os duelos e sobretudo de atenção nos minutos finais dos jogos (a equipa perdeu os três últimos jogos com golos depois dos 80 minutos).

    Essas características trabalham-se e ensinam-se com o tempo. Mas podemos dizer que os barcelenses têm perdido pontos por culpa própria e, como o treinador é o líder, é também o responsável pelos resultados. Quatro derrotas consecutivas são suficientes para ditar o afastamento de um treinador, ainda para mais no começo da época? Fica ao critério de cada um.

    Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

    Entretanto, o clube já anunciou a contratação de Ricardo Soares. Agora, resta desejar bom trabalho ao novo treinador, alguma sorte e acreditar na velha máxima do “isto não é como começa, é como acaba”. Que o Gil não esqueça que a permanência no campeonato tem uma dedicatória: Dito. Um peso adicional sobre os jogadores e sobre a nova equipa técnica, que com certeza, tudo farão para tornar numa vantagem.

    Artigo revisto

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    Inês Figueiredo Mendanha
    Inês Figueiredo Mendanhahttp://www.bolanarede.pt
    A Maria é uma orgulhosa barqueirense (e por inerência barcelense ) que aprendeu a gostar de futebol antes de saber andar. Embora seja apologista das peladinhas entre amigos, sai-se melhor deixando o que pensa gravado em papel. Benfiquista de coração e Gilista por devoção é sobretudo apaixonada pelo futebol que faz o país parar quando a bola começa a rolar.                                                                                                                                                 A Maria escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.