Portugal e a sua Liga sempre foram encarados como rampas de acesso facilitado ou mais rápido aos grandes palcos europeus, mas essa tendência parece ter encontrado uma pausa este ano.
A regra de contratar barato nos mercados sul americano e africano para depois obter lucros estrondosos nas vendas de verão parece ter sido substituída, este ano, por uma pesca refinada e precisa já nas fileiras dos grandes clubes europeus.
Seja por empréstimo ou a título definitivo, como o caso de Marcus Edwards, em Guimarães, chegaram à Primeira Liga no passado mercado de verão nomes improváveis e vistos como impossíveis há alguns anos.
O principal exemplo é o FC Famalicão, a equipa nortenha que subiu à Primeira Liga e ocupa, para já, um surpreendente sexto lugar, apesar de já ter voado mais alto. A este clube chegaram nomes como Uros Racic, Nehuén Pérez, Racine Coly, Álex Centelles ou Nicolás Shiappacasse.
À primeira vista, estes nomes podiam não dizer nada ao consumidor comum de futebol, mas rapidamente despertaram a atenção daqueles que são minimamente conhecedores dos produtos das “canteras” de toda a Europa e fiéis seguidores do Football Manager ou do Online Soccer Manager.
Mas os exemplos multiplicam-se e abrangem clubes das várias zonas representadas na Primeira Liga. O SC Braga recebeu por empréstimo Wallace da SS Lazio e Abel Ruiz do FC Barcelona, enquanto o seu eterno rival, Vitória SC, recebeu, também por empréstimo, Bondarenko do FC Shakhtar Donetsk e Léo Bonatini do Wolverhampton WFC.
O Rio Ave FC recebeu Lucas Piazón por empréstimo do Chelsea FC, enquanto a Setúbal chegou Mirko Antonucci, jovem de 20 anos da AS Roma, e que já completou 19 minutos na derrota frente ao SC Braga.
Por fim aterraram em Portimão Marlos Moreno, jovem ex-Manchester City FC, e Takuma Nishimura, jovem ex-CSKA. Uns mais conhecidos que outros, uns proveninetes de clubes mais sonantes do que outros.
No entanto, o que prevalece é um padrão de recrutamento de baixo custo e utópico; a aposta no empréstimo é clara e repetida, na maioria dos clubes, e recai sempre em jovens promessas com escola de um grande europeu e com necessidade de adquirir minutos de jogo.
Tratando-se de um colosso europeu ou de um habitual competidor nas provas europeias, os clubes portugueses têm saído, maioritariamente, beneficiados com esta nova abordagem ao mercado.
Aqui, a novidade está no facto da Liga Portuguesa ser a plataforma escolhida por Valência CF, FC Barcelona, Atlético de Madrid, Chelsea FC e Manchester City FC, entre outros, para lapidar os seus pequenos diamantes e aprimorar os seus projetos de craques.
Foto de Capa: FC Famalicão
Artigo revisto por Diogo Teixeira