Legalizar ou não legalizar? Eis a questão

Cabeçalho Futebol Nacional

Esta época e em pleno país campeão europeu, as claques têm sido tristemente marcadas por várias atitudes dignas de um país de terceiro mundo. Desde a visita ao centro de alto rendimento dos árbitros, o vandalismo a estabelecimentos que pertencem a árbitros ou aos seus familiares, etc. Mas o que mais tem marcado as claques pela negativa nos últimos tempos foram os episódios verificados na semana passada nos jogos de andebol e futsal.

Desejar a morte dos jogadores de um clube rival, desrespeitar a morte do maior símbolo do futebol português e fazer chacota com a morte de um adepto no Jamor (que, para além de adepto de futebol era também um ser humano e pai de família), é a prova de que quando a rivalidade clubística é levada demasiado a sério, faz com que os adeptos tenham uma mentalidade pequena, suja e atrasada.

Uma coisa é mandar piadas e picardias a adeptos de clubes rivais, até porque sempre defendi que um pouco de humor e sátira não faz mal a ninguém, mesmo que seja contra o nosso clube. Mas quando a vida das pessoas é metida ao barulho, o cenário muda drasticamente de figura. A rivalidade clubística e o respeito pela vida humana não têm nada a ver uma coisa com a outra, mas existem pessoas que não sabem separar o trigo do joio. E não se trata apenas de elementos das claques, trata-se também de alguns dirigentes dos clubes envolvidos que comentam estes acontecimentos de forma facciosa.

Mas os acontecimentos sucedidos na semana passada voltam a colocar na mesa uma questão que tem sido debatida há muito tempo: para quê a legalização das claques?

O Sporting CP e o FC Porto têm claques legalizadas. E nas claques do SL Benfica esta questão também já levantou polémica, principalmente quando no decorrer do jogo entre o SL Benfica e o FC Arouca na época passada, houve elementos do No Name Boys à pancada entre si por causa dessa mesma questão. Foi certamente um acontecimento que deixou o Jorge Maurício às voltas no túmulo, mas os motivos destes confrontos são contos de outro rosário que pouco interessam para este caso.

Eu não tenho nada contra a legalização das claques, desde que esta seja um meio útil para banir todos os comportamentos indignos que envergonham a sociedade e os clubes que as claques representam. Num país sério e onde não haja medo de se aplicar a lei, os elementos das claques legalizadas seriam identificados e registados, e pensariam duas vezes antes de armarem confusão.

Fonte: XXX
A JuveLeo e os Super Dragões juntaram-se na criação da claque “Ultras Portugal”
Fonte: Facebook Oficial de Macaco Líder

Mas o que se vê por aqui é o espelho do nosso sistema judicial. Ao contrário do que muitas vezes possa parecer, leis é coisa que não falta em Portugal. O que falta é gente que a queira aplicar de forma séria e isenta. As multas de cinco ou dez mil euros que os clubes pagam quando as claques causam danos nos estádios não podem ser considerados um verdadeiro castigo. Estas penas leves dão origem a impunidade. E são cada vez mais os exemplos de impunidade que se verificam no nosso futebol. E essa impunidade está bem patente quando o Fernando Madureira vangloria a legalização da sua claque como se um troféu se tratasse.

E falando em Fernando Madureira, falamos também no líder da claque que a Federação Portuguesa de Futebol organizou. Na minha opinião, não faz sentido a selecção nacional ter direito a uma claque organizada, porque sendo a selecção nacional a “selecção de todos nós”, não creio que esta deva ter uma claque constituída por um grupo de marginais, independentemente do seu clube.

Todas estas situações fazem com que a legalização das claques e a identificação dos seus elementos seja inútil. Mas o principal problema não é esse. O principal problema e aquele que causou os acontecimentos verificados na semana passada, é a rivalidade clubística de muitos dos seus elementos, que nalguns casos é tão grande que os adeptos até desejam que jogadores portugueses fracassem no estrangeiro só porque provêm de um clube rival (casos de Renato Sanches, André Gomes e João Mário à cabeça).

Enquanto prevalecerem esta mentalidade clubística e esta impunidade perante a lei, a legalização das claques não passará de uma mera inutilidade.

Foto de capa: Facebook Oficial dos Super Dragões

Tiago Serrano
Tiago Serranohttp://www.bolanarede.pt
O Tiago é um jovem natural de Montemor-o-Novo, de uma região onde o futebol tem pouca visibilidade. Desde que se lembra é adepto fervoroso do Sport Lisboa e Benfica, mas também aprecia e acompanha o futebol em geral. Gosta muito de escrever sobre futebol e por isso decidiu abraçar este projeto, com o intuito de crescer a nível profissional e pessoal.

Subscreve!

Artigos Populares

Atlético Madrid (novamente) sem razões para sorrir devido a João Félix

O Atlético Madrid teria direito a uma mais-valia de uma futura venda de João Félix por parte do Chelsea, mas não vai receber dinheiro nenhum.

Paulo Gomes: Benfica contratou Richard Ríos e tem um box-to-box muito influente

Paulo Gomes está na Tribuna VIP do Bola na Rede, depois de ter estado recentemente no Botafogo SP.

Crystal Palace olha para antigo alvo do Benfica como possível substituto de Eberechi Eze

O Crystal Palace está interessado em Bilal El Khannouss. Avançado do Leicester City também entra na lista reduzida do Leipzig.

Fábio Silva soma interessados na Bundesliga

Fábio Silva deverá deixar o Wolverhampton neste mercado de transferências. O Frankfurt e o RB Leipzig estão interessados.

PUB

Mais Artigos Populares

Benfica arrancou os trabalhos e Cassiano Klein falou dos objetivos das águias para 2025/26: «Tens de voltar e fazer melhor»

O Benfica começou durante esta segunda-feira os trabalhos de pré-temporada no futsal, liderados por Cassiano Klein.

Al Nassr pode resolver problema de Ruben Amorim e levar avançado

O Al Nassr está interessado em contratar Antony após fechar João Félix. Conversações com o Manchester United decorrem.

Jan Bednarek no FC Porto: eis o perfil do novo defesa dos dragões

Jan Bednarek está perto de assinar pelo FC Porto. O defesa-central já está inclusivamente em Portugal.