Futebol com (ainda mais) toques de castelhano | O novo treinador do Arouca

    O Arouca apresentou na passada terça-feira, dia 21 de maio, o novo treinador da equipa profissional de futebol para a próxima época desportiva.

    Pouco tempo após a saída de Daniel Sousa para o Sporting de Braga e da confirmação de mais um ano bastante sólido na elite do futebol português, conquistando a sétima posição, depois de no ano anterior ter alcançado o inédito quinto lugar, eis que surge o novo timoneiro da formação arouquense.

    Uma escolha um tanto ou quanto surpreendente, que marca também um momento histórico – esta foi a primeira vez que o Arouca contratou um treinador.

    Mas, afinal, quem é o novo treinador do Arouca?

    Chama-se Gonzalo García, tem 40 anos, nasceu no Uruguai e até chegou a disputar a Liga Europa como jogador – em 2011/12 – ao serviço dos cipriotas do AEK Larnaca.

    Como treinador, que é para essa função que cá está, ainda está em claro início de carreira. Tem experiência acumulada como treinador-adjunto no Esbjerg, da Dinamarca, adjunto numa época e principal noutra ao serviço do Twente (na época em que esteve como líder da formação neerlandesa, as provas acabaram interrompidas devido à pandemia do COVID-19.

    Ainda assim, disputou 28 jogos e venceu oito). Mais recentemente, esteve duas temporadas como técnico principal do NK Istra 1961, da Croácia. Dois anos distintos e marcados por evolução: no primeiro, onde foi penúltimo classificado, mas garantiu a manutenção ainda com 11 pontos de vantagem para o lanterna vermelha; e no segundo conseguiu alcançar o quinto lugar, a três pontos de assumir uma vaga na 2.ª pré-eliminatória da Conference League.

    Ao todo, venceu 21 dos 76 jogos que teve como treinador do emblema croata, dando uma média de 1,12 pontos conquistados por jogo.

    No entanto, o uruguaio natural de Montevideo não fez parte de qualquer clube na temporada transata.

    Mudança drástica ou aposta na continuidade?

    A verdade é que parece chegar a Portugal para um “casamento perfeito”. Quem o disse foi João Silva, defesa do Kortrijk, da Bélgica, e ex-jogador de García no NK Istra. O central, que até foi uma das peças fundamentais da equipa na primeira época do técnico uruguaio nos Balcãs, descreve o novo líder do Arouca como alguém que “gosta de ter bola e de construir a partir de trás”, caracterizando-o como um treinador de futebol ofensivo.

    João Silva olha também para um futebol “fraco” do ponto de vista táctico e “mais físico”, diferente do que por cá temos em Portugal, que, embora não seja ‘topo de gama’, tem muitos trabalhos de autor em várias dimensões do campeonato.

    À partida, parece ser a aposta na continuidade de um futebol mais virado para a baliza adversária, mas não deixa de ter riscos evidentes: uma época fora do ativo e uma mudança de realidade bastante grande.

    No Arouca, Gonzalo García encontrará uma equipa superior, mesmo na dimensão do próprio campeonato, quando comparado com o NK Istra, mas, por consequência, isso é algo que acarreta maiores responsabilidades. Os dois últimos anos foram muito bons, tranquilos e de afirmação na parte cimeira da tabela classificativa.

    Geralmente, a manutenção costuma ser o objetivo de grande parte dos clubes da Primeira Liga, mas não é descabido pensar que há margem para o Arouca continuar a apontar para a quinta posição, até porque o plantel é demasiado apetrechado para uma mera luta pela manutenção.

    A formação base da próxima versão do Arouca deverá andar à volta dos já padronizados 4-3-3 ou 4-2-3-1. No que diz respeito às dinâmicas e ao modelo de jogo, teremos de esperar pelo início dos trabalhos para perceber.

    Manter as peças ou mudar o xadrez do Arouca?

    Depois de duas épocas de sucesso, com dois (na realidade três) treinadores diferentes, é normal que outros clubes, em Portugal e fora dele, comecem a olhar para os jogadores da formação arouquense de outra forma, nomeadamente as principais figuras.

    Resistir ao assédio desses clubes é o primeiro passo para uma cimentação mais séria dentro do campeonato, sobretudo pela estabilidade que trás aos treinadores. Aliás, para Gonzalo García será sempre diferente começar a época com a grande maioria do núcleo duro da temporada passada ou não, ainda que tenha trabalho a fazer para consolidar as suas ideias.

    Nesse sentido, a renovação de Jason foi um passo importante dado pela direção arouquense, que ganhará muito se conseguir manter outros nomes como Cristo González, Morlaye Sylla e David Simão. Gonzalo García já sabe, contudo, que não vai contar com o melhor marcador da última temporada.

    Rafa Mujica no Arouca
    Fonte: Luís Batista Ferreira / Bola na Rede

    Rafa Mujica, autor de 23 golos em 36 jogos, optou por trocar Arouca por Doha, onde vai representar o Al-Sadd. Deverá ser por aí que começará o mercado de transferências do clube, que, acredito eu, tentará também fortalecer o setor defensivo, principalmente o eixo da defesa.

    Em todas as temporadas de Gonzalo García como treinador principal, as suas equipas nunca conseguiram acabar as épocas com um saldo de golos positivo (Twente, 38 golos marcados e 51 sofridos; na primeira época no NK Istra, 50 golos marcados e 71 sofridos; na segunda época – o melhor registo -, 39 golos marcados e 41 sofridos). Já o Arouca, vem de duas temporadas consecutivas a fazê-lo.

    Também por aqui se pode perceber que o uruguaio não é de estacionar autocarros, mas precisará de haver equilíbrio máximo para que a época venha a corresponder às expectativas dos adeptos. Quanto às expectativas da direção, certamente ficarão expressas depois do mercado de transferências e da forma como vão reforçar (ou não) o plantel.

    Esta contratação tem também a particularidade de voltar a juntar Gonzalo García e Uri Busquets. O médio espanhol esteve emprestado pelo Barcelona ao Twente em 2019/20, precisamente a temporada em que o uruguaio era o treinador dos neerlandeses. Busquets, que ainda não conseguiu ganhar posição no meio-campo do Arouca, fez 23 jogos, 22 como titular e somou uma assistência, sob comando de García. Veremos se não haverá aqui outro “casamento perfeito”.

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