Antes de mais, muitas escolas de futebol têm um problema: elas “formatam” os jogadores em vez de os formar. Como assim? Primeiro, pela mentalidade “resultadista” que muitos dirigentes e treinadores têm, ao preocuparem-se mais com os resultados colectivos, do que com a evolução individual de cada jogador. Segundo, porque é frequente num jogo de futebol entre miúdos, ver os treinadores a gritar: “passa a bola!” “chuta!”. Assim, os treinadores estão a pensar pelos jogadores, limitando a sua evolução e impedindo que estes explorem as suas potencialidades.
No futebol de rua não é assim. A jogar à bola na rua, sem treinadores a dar ordens nem pais nas bancadas a mandar “bitaites”, os miúdos aprendem a pensar e a agir por eles próprios. Como tal, o futebol de rua estimula a criatividade dos jogadores, a tomada de decisão e a leitura e a compreensão de jogo. Logo, considero o futebol de rua essencial para o desenvolvimento motor e cognitivo dos jogadores.
Verificando exemplos de jogadores em Portugal, creio que existe um jogador em particular que tem bem patentes as suas raízes futebolísticas. Falo de Luís Miguel Afonso Fernandes, mais conhecido no mundo do futebol pelo nome que tinha gravado na sua camisola do Barcelona com a qual ia jogar à bola com os seus amigos de infância nas ruas de Bragança: Pizzi. E pela forma como este joga, também dá para perceber que o futebol de rua o ajudou muito a tornar-se naquele jogador que é hoje, naquele jogador inteligente e com elevada capacidade de definir os lances. E como ele, há mais jogadores nacionais, tais como Bruno Fernandes ou Rúben Ribeiro, jogadores que pela forma como sabem sempre o que fazer com a bola, certamente terão aprendido a desenvolver essa capacidade a jogar nas ruas.
Como tal, o futebol de rua é de uma importância vital para o crescimento de um jogador que sonha em tornar-se profissional e construir uma carreira de sucesso.
Foto de capa: torcedores.com