O que representou esta Taça da Liga?

    A Taça da Liga que findou no passado fim de semana teve um significado positivo para o futebol português e parece ter ganho terreno em termos de uma maior afirmação. Com uma maior projeção e envolvendo quatro clubes que ansiavam por troféus, o que se viu na última semana dignificou esta taça e deu-lhe um outro ar, o que já fazia por merecer.

    Cabe-me dizer que esta final-four decorreu bastante bem com toda a organização envolvente e com três jogos que, no global, podemos considerar como positivos, onde existiu emoção e incerteza e se viram as equipas aguerridas e a lutar pelo sucesso na prova, contrariando a ideia de menoridade que esta aufere até à chegada a esta fase.

    Após três anos sediada em Braga, penso que a competição ganhou pontos e já não é vista como o ‘patinho feio’ que era antes. Pelo menos, agrada-me este formato de final-four em cidade única, tornando-se mais apelativa a todos os níveis.

    Um novo olhar pode estar a ser dado a uma prova que, a meu ver, tem margem de progressão, apesar de ainda haver quem a olhe de lado. Mais recentemente tem se notado um esforço para a tornar mais credível e esta edição cresceu nesse sentido. As reformulações que têm sido feitas à competição parecem-me satisfatórias e esta tem tudo para continuar a sua linha de crescimento, ainda que exista espaço para melhorias. Com a despedida de Braga, confesso a curiosidade para saber o local da próxima edição e espero um nível de competência organizativa semelhante e futebol de qualidade, o qual ficou demonstrado que é possível suceder.

    Se a Taça da Liga deve ser uma prioridade para os clubes mais pequenos, uma vez que é uma oportunidade de conquistar um troféu oficial, este ‘chip’ pode estar a mudar aos poucos no que toca aos ditos grandes. E isso notou-se na reação aos desaires tanto de Sporting CP como do FC Porto – no primeiro jogo, naquela confusão final instalada junto ao banco dos leões e no segundo, através das declarações de Sérgio Conceição ao colocar o lugar à disposição do presidente – ambos justificados pelos contextos atuais em que vivem.

    A 13ª edição da Taça da Liga, agora Allianz Cup, ficou em casa. O SC Braga, clube anfitrião, conquistou a prova pela segunda vez
    Fonte: Bola na Rede

    A verdade é que o triunfo do SC Braga teve um grande significado. Não só por ter conquistado a prova na sua própria casa, mas também por ter impedido mais uma conquista por parte de um dos grandes. Todos sabemos que estes arrecadam a maior parte dos troféus em Portugal, mas esta vitória como que serviu como um ‘grito de revolta’ face a tal domínio, fazendo lembrar Moreirense FC e CD Aves que também tiveram oportunidade de celebrar nos últimos anos. Este acontecimento parece-me importante, pois deve haver capacidade para que os títulos não fiquem circunscritos apenas a três clubes.

    A competência dos bracarenses ficou demonstrada nestes dois jogos, onde conseguiu fazer frente a adversários que historicamente são mais fortes. As três taças ganhas em sete finais disputadas na última década mostram sinais de crescimento que necessitam de continuidade, para que se possa ver com maior regularidade alguém que seja capaz de se intrometer e contrariar a tendência histórica em Portugal.

    Penso que a Taça da Liga fica melhor na vitrine de um clube mais pequeno no que na de um grande, e quando assim é, o feito é mais valorizado. Os minhotos ambicionam uma maior projeção e nada melhor do que um título para arrancar a nova década da melhor maneira.

    No mesmo sentido, também o Vitória SC deixou uma boa imagem em Braga. O conjunto vitoriano tem praticado um belo futebol ao longo da época e apenas os resultados não têm sido condizentes. Este ‘apenas’ é o mais importante e o que fica é a sensação de que falta sempre algo para os vitorianos se assumirem nos momentos principais, onde uma presença constante nestes tais momentos ajuda a ganhar a maturidade e a experiência necessárias para se encarar de outra forma estes desafios. A Liga Europa e a Taça da Liga foram bons exemplos esta época e penso que Ivo Vieira merece continuar o trabalho para lá deste ano.

    Também os adeptos aproveitaram esta competição para mostrar uma imagem de força. Tanto dentro como fora do estádio (num protesto em conjunto contra a Liga) as suas ações ficaram bem vincadas e tiveram um certo destaque, mostrando-se ativos e dando razões para que se falasse neles.

    Nota final para Ruben Amorim que entrou em grande neste projeto. Terminado o primeiro mês, os resultados são excelentes, pois os gverreiros só sabem ganhar. Ninguém imaginaria um cenário semelhante há um mês, mas a verdade é que começa a surgir mais um técnico promissor da escola de treinadores portugueses.

    Foto de Capa: Liga Portugal

     

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    André da Silva Amado
    André da Silva Amadohttp://www.bolanarede.pt
    O desporto em geral atrai este jovem aveirense mas é o futebol a sua maior paixão. As conversas com amigos e familiares costumam ir dar ao futebol, hábito que preserva desde sempre. Poder escrever sobre esta vertente é o que o satisfaz, com o intuito de poder acrescentar algo de positivo ao ambiente em torno do futebol nacional.                                                                                                                                                 O André escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.