Estamos agora em abril de 2017. O SC Olhanense acabou de ser novamente despromovido, desta vez da II Liga para o Campeonato de Portugal, abandonando os campeonatos profissionais. Está em último lugar, o 22º, com 68% de derrotas, dívidas e uma massa associativa profundamente desiludida com o (mau) trabalho realizado nas últimas épocas. Mas quais foram, afinal, as chaves para a queda do Olhanense?
O ponto fulcral passa, indubitavelmente, pelo domínio italiano imposto no clube nas últimas quatro temporadas: um autêntico desastre que parece, por vezes, um ato de aproveitamento próprio por parte dos investidores italianos. O domínio italiano no clube algarvio já teve muitas caras: primeiro foi o ex-presidente do Cesena Igor Campedelli – foi o primeiro administrador da SAD do clube, investigado em Itália por crimes de fraude fiscal, mas que nem dois anos durou no comando da sociedade.
Depois apareceu Nicola Pecini – pouco se soube sobre este ator, mas assumiu a área técnica da SAD após a saída de Campedelli, tendo como principal ato de gestão a parceria não assumida com a Sampdoria, controlada pelo seu irmão, Riccardo Pecini.
Entretanto, tudo acontece. Tudo, menos coisas positivas: o Olhanense está na II Liga; o Estádio José Arcanjo não é considerado apto para jogos das competições e é hipotecado; há salários em atraso; chegam regimentos de jovens jogadores vindos de Itália, pouco experientes e em regime de empréstimo, o que não dá regularidade à equipa nem consistência competitiva – neste ponto posso mesmo dizer, após pesquisa, que desde a chegada dos investidores italianos ao clube, o Olhanense já recebeu 31 jogadores provenientes de Itália, uma média de 8 jogadores por temporada.
Porquê o súbito interesse dos clubes italianos no clube português? Primeiro pelas óbvias boas relações de amizade entre os administradores do clube. Depois porque a lei fiscal portuguesa se mostra mais vantajosa para o futebol quando comparada com a lei italiana. Por último, porque o futebol português goza da inexistência de leis quanto a integração de jogadores estrangeiros: ou seja, o Olhanense tem sido utilizado como um autêntico reservatório de jovens italianos, um escoador que serve os interesses dos seus administradores e não os do clube.
Entre as falhas de comunicação entre a SAD e a presidência de Isidoro Sousa, considerada nula pelos adeptos pela falta de poder, chega outro administrador italiano à SAD, o atual dirigente máximo, o ex-árbitro Luigi Agnolin. Após outros dois treinadores italianos, os Rubro Negros chegam agora ao Campeonato Nacional de Seniores pela mão de Bruno Saraiva, treinador da casa e adepto.
A pergunta que se faz agora é: será que o futuro passara a ser mais rubro, ou continuará negro?
Foto de Capa: SC Olhanense