Mas a história não começa exatamente nesta temporada. A época passada foi já verdadeiramente impressionante. O SC Covilhã terminou num espetacular sexto lugar do campeonato quando em janeiro ocupada o 16º lugar! A evolução dos serranos está a ser confirmada esta época com a liderança isolada do campeonato, tendo apenas sofrido uma derrota, frente ao Leixões SC, por 3-2.
A maior surpresa começou, porém, em julho. Estávamos no final do mês e num início de competição oficial muito aguardado pelo FC Famalicão, na Allianz Cup onde, a jogar em casa e com um plantel renovado e com muita qualidade (como se comprova pela sensacional liderança isolada no campeonato), se afirmava como favorito a chegar à fase de grupos da competição. E pela frente teve este Covilhã, que se apresentou em Famalicão muito personalizado, com muito critério na saída para o ataque e, acima de tudo, com um equilíbrio emocional e tático muito grandes para a fase tão prematura da época. Foi com um 2-0 que os serranos esfriaram a euforia famalicense, numa vitória justa e que foi fruto da maturidade competitiva que apresentou em campo.
E é precisamente esse o Covilhã que temos visto ao longo destas seis jornadas. Uma equipa que sabe o que quer, que faz do coletivo a sua maior arma tendo um plantel com muita experiência de Segunda liga, o que também contribui para uma forma de jogar assente no equilíbrio e na gestão (de qualidade, porque tem sempre de haver qualidade para levar estas tarefas a cabo) dos vários momentos do jogo. Quando o coletivo funciona, as individualidades também têm mais facilidade em “soltar-se”.
Adriano Castanheira foi mesmo considerado o melhor jogador do mês de agosto (tem já quatro golos apontados) mas também a qualidade de Kukula ou do experiente Gilberto saltam à vista. Porém, é notório que o segredo está mesmo no coletivo. A vitória em Chaves este fim-de-semana, frente a um adversário com o objetivo assumido de subir de divisão e com vários jogadores com passado de Primeira liga, é sinónimo disso mesmo. O golo madrugador dos flavienses, que até poderia indicar uma má tarde para o Covilhã, acabou por se traduzir numa reação forte, pensada e muito bem gerida emocionalmente pelos homens da Serra, que conseguiram virar o jogo e vencer. O significado desta vitória ganha ainda maior expressão se virmos que o Covilhã vinha precisamente da sua primeira derrota na época, o que poderia também levar a algum desânimo, que não se verificou em momento algum. Maturidade é a palavra que mais define este Covilhã.
A pergunta que se impõe é: Até onde pode chegar o Covilhã? Numa Segunda Liga muito competitiva com GD Chaves, CD Feirense, CD Nacional, Estoril SAD ou Académica como alguns dos candidatos mais fortes à subida, a verdade é que é o Covilhã que neste momento lidera e com toda a justiça. A Segunda Liga é uma maratona de jogos e uma autêntica montanha russa de resultados, de momentos de forma, de estados emocionais. Será o Covilhã capaz de manter-se de pé? Uma coisa é certa: não será fácil derrotar os “Leões” da Serra.
Foto de Capa: SC Covilhã
Revisto por: Jorge Neves